Papa: formação, discernimento e fugir do carreirismo eclesiástico

O Papa Francisco recebeu neste sábado (01/04) em audiência, no Vaticano, a Comunidade do Colégio Espanhol de S. José, em Roma, por ocasião dos 125 anos da sua fundação, por Beato Manuel Domingo y Sol, Fundador da Fraternidade dos Sacerdotes Operários Diocesanos do Sagrado Coração de Jesus.

No seu discurso Francisco recordou a instituição como tendo nascido nasceu com a vocação de ser ponto de referência para a formação do clero. Para se formar – ressaltou o Papa – é necessário aproximar-nos do Senhor co humildade e perguntar-lhe qual é a sua vontade sobre nós. Como resposta a esta pergunta,  Francisco propôs as três palavras do Shemá com que Jesus respondeu ao Levita: “amarás o Senhor com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças”.

Amar de todo o coração significa fazê-lo sem reservas e nem duplicidade, sem interesses espúrios e sem procurar a si próprio no sucesso pessoal – explicou Francisco, reiterando que a caridade pastoral supõe sai ao encontro do outro, compreendê-lo, aceitá-lo e perdoar-lhe de coração. Mas para tal precisamos da ajuda do Espírito Santo, advertiu o Papa:

“É um desafio permanente para superar o individualismo e viver a diversidade como um dom, buscando  a unidade do presbitério, que é sinal da presença de Deus na vida da comunidade. Deste modo, reunidos no Senhor, manifestam que ele é o amor do vosso coração”.

Quanto à segunda resposta, “amar com toda a alma” é estar disposto a oferecer a vida, uma atitude que deve persistir ao longo do tempo, e abarcar todo o nosso ser, como propunha o Fundador, e isso se deve manifestar também na formação, explicou o Papa:

“Portanto, a formação de um sacerdote não pode ser meramente académica, embora esta seja muito importante e necessária, mas deve ser um processo integral que engloba todas as facetas da vida. A formação deverá servir-lhes para crescer e, ao mesmo tempo, se  aproximarem de Deus e dos irmãos”.

Não se podem, portanto, contentar com a obtenção de um título, mas ser discípulos a tempo pleno para “proclamar a mensagem do Evangelho de modo crível e compreensível ao homem de hoje, reiterou o Papa, indicando também a importância de crescer no hábito do discernimento, graça que só se recebe na oração e que nos permite dar uma resposta consciente e generosa a Deus e aos irmãos.

E por fim, a terceira resposta de Jesus, “amar com todas as forças, nos recorda que onde está o nosso tesouro lá está o nosso coração – sublinhou Francisco, recordando que é nas nossas pequenas coisas, seguranças e afectos, que nos jogamos a nossa capacidade de dizer sim ao Senhor ou de lhe virar as costas, como fez o jovem rico:

“Não se podem contentar com o ter uma vida ordenada e cómoda, que lhes permita viver sem preocupações, sem sentir a exigência de cultivar um espírito de pobreza radicado em Cristo que, sendo rico, se fez pobre por nós. Somos convidados a adquirir a autêntica liberdade dos filhos de Deus, numa adequada relação com o mundo e os bens terrenos”.

A terminar o Papa exortou-os a confiarem na Providência, como os apóstolos, e também a aprenderem a dar graças por aquilo que se tem, renunciando generosa e voluntariamente ao supérfluo, para estar mais próximos dos pobres e dos fracos e, sobretudo, pedindo-lhes, por favor, para fugirem do carreirismo eclesiástico, que é uma peste – disse o Papa.

E Francisco concluiu exortando os presentes a confiarem ao Beato Domingos y Sol as suas preocupações e projectos para que ele os acompanhe, juntamente com a Virgem Maria, Mãe Clementíssima, e possam crescer em sabedoria e graça e ser discípulos amados do Bom Pastor.

Informações e foto:Rádio Vaticano

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