Um caminho de gratuidade e graça

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Nesse sétimo Domingo do Tempo Comum, Jesus continua explicitando o sentido da sua “nova justiça”. No evangelho passado, Ele nos convidou a superar a justiça dos escribas e fariseus, afirmando, desse modo, que o seu seguidor trilha um caminho que vai além do estabelecido como obrigatório e mínimo.
A nova justiça proposta por Jesus vai além da expectativa de reciprocidade que trazemos dentro de nós. Queremos sempre que o outro nos corresponda, aja em base e na proporção do que fazemos. Nesse sentido, a lei do talião já se constituiu num grande avanço e é ainda atual no sentido de afirmar que o dano feito deve ser corrigido de modo proporcional.
Contudo, Jesus nos aponta um novo caminho, diferente daquele que se realiza na base do cálculo ou das nossas expectativas. Trata-se do caminho da gratuidade em que se busca praticar as ações não na medida que os outros nos correspondam, mas procurando fazer valer um dinamismo que move o nosso ser: o amor.
Este é o dinamismo de Deus. Em Deus só existe amor e tudo que Ele realiza é movido pelo amor. Ele nos ama e nos oferece todos os seus dons, não como recompensa ao que possamos Lhe ter feito, mas porque é puro amor. O Senhor não nos ama porque somos bonzinhos e cumprimos tudo à risca. Como diz a música, Deus não é capaz de deixar de nos amar, mesmo quando praticamos o mal.
Como criaturas criadas à sua imagem e semelhança, somos chamados a fazer valer esse dinamismo em nós. O amor é uma realidade que nos constitui. Agir movido pelo amor é o que convite que o Senhor nos faz nesse domingo. O amor se torna o critério base que deve regular todas as nossas ações, mesmo aquelas que aparentemente podem se configurar como duras ou radicais.
Todavia experimentamos, na carne, a dificuldade em viver regidos por essa dinâmica. Guardamos rancores, excluímos pessoas, ficamos aborrecidos e chateados quando não nos correspondem e são ingratos conosco. Como então ir além?
É na força da graça que superamos as medidas da reciprocidade e nos movemos pelo caminho da gratuidade. O amor de que nos fala Jesus é o amor ágape. O amor que é presente em Deus e que é puro dom. É o Senhor que nos capacita para amar. Necessário se faz, assim, relacionarmo-nos com Ele, cultivando a atitude orante para podermos, dessa forma, receber e viver a sua nova justiça.
A nova justiça proposta por Jesus é um caminho que se percorre pela sua graça, que alimenta a caridade em nosso ser. É desse modo que as exigências feitas por Jesus não parecerão surreais, mas possíveis de serem atuadas, porque contamos com o seu auxílio que nos faz ir além.
Nesse sentido, não só favorecemos para estancar a espiral de violência em nossa sociedade, marcada por uma intolerância que chega à brutalidade contra o outro, mas contribuímos para fomentar e fazer valer a cultura e a sociedade do amor que é o projeto de Deus para nós.(fecatolica)

Autor: Pe. Pedro Moraes Brito Júnior

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