O Perdão de Assis: a “porta aberta” à graça em tempo de pandemia

Na última quarta-feira (29) teve início o Tríduo de preparação ao Perdão. As celebrações foram realizadas com as medidas anti-Covid. Entrevista com o frei Simone Ceccabao, responsável pelo Santuário da Porciúncula: a misericórdia de Deus cuida da preciosa vida dos jovens.
 
Um perdão que continua a “gerar Paraíso”: foi assim que o Papa Francisco, durante sua visita a Assis há quatro anos, falou da graça que o frade de Assis havia pedido “para todos, para um mundo que ainda hoje precisa de misericórdia, e para que possamos ser seus instrumentos” e “sinais de perdão”. Na noite da última quarta-feira  (29/07) teve início em Assis, o Tríduo de preparação para o Perdão com a celebração presidida pelo Bispo de Tortona, Dom Vittorio Viola. A festa do Perdão de Assis está intimamente ligada à Porciúncula, a pequena igrejinha reconstruída por São Francisco e que hoje está no interior da Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis, cidade italiana da região da Úmbria.

O que é Perdão?

Para obter a Indulgência Plenária para si mesmo ou para familiares que faleceram, atravessando o limiar da Porciúncula, é necessário fazer a confissão, participar da Missa e da Eucaristia, renovar a profissão de fé recitando o Credo e Pai Nosso, e por fim a oração segundo as intenções do Papa e pelo Pontífice.  Foi exatamente na Porciúncula, que São Francisco de Assis teve a inspiração divina de pedir indulgência ao Papa Honório III e em 2 de agosto de 1216, diante de uma grande multidão, o frade, na presença dos bispos da Úmbria, promulgou o Grande Perdão, para cada ano.

Perdão, fonte inesgotável

E ainda hoje a Porciúncula é uma “porta sempre aberta” para aqueles que querem se valer da graça de Deus através do Sacramento da Reconciliação. Uma fonte que nunca deixa de gerar água limpa, apesar das restrições impostas pela pandemia. A entrevista com Frei Simone Ceccobao, o responsável pelo Santuário da Porciúncula:

Frei Simone Ceccobao: O perdão é sempre o perdão. No sentido de que em sua essência a pandemia teve pouco efeito, mas de fato, em sua estrutura, a Festa do Perdão deste ano teve que passar por algumas alterações. A Basílica teve que se adaptar corretamente a todas as regulamentações sobre distanciamento social, sobre a higienização dos espaços, não haverá as grandes multidões de outros anos. Uma mudança significativa foi o deslocamento das confissões da Basílica para o convento da Porciúncula. Poderíamos dizer que a casa dos frades se torna a casa da misericórdia. O perdão é sempre o perdão. Gosto de vê-lo assim este ano, porque é verdade que há uma emergência ainda em andamento que nos fez sentir um pouco mais frágeis, um pouco menores, um pouco mais indefesos, mas ao mesmo tempo essa emergência destacou de maneira muito forte a urgência do perdão que torna nossas vidas novas.

Também faltará a Marcha Franciscana, que era um dos momentos mais importantes do Perdão…

Frei Ceccobao: Faltará a marcha que era um dos momentos mais comoventes junto com a abertura da porta da Porciúncula. Para os jovens haverá uma catequese no dia primeiro de agosto e uma pequena representação de jovens, de todas as regiões da Itália, se reunirão aqui na Porciúncula e, portanto, simbolicamente, esses milhares de jovens ainda estarão aqui.

Nesta época de pandemia, o que o perdão pode representar para os jovens?

Frei Ceccobao: Acredito que nesta pandemia os jovens sejam os que se encontraram mais expostos, mais desprovidos de meios, quero dizer espirituais, os que se sentiram mais perdidos, e que tenham sentido mais solidão. O anúncio do perdão é um anúncio forte e lembra-lhes que Deus está próximo de seu medo, que Deus está próximo de suas inseguranças, que Deus vem para tomar conta de suas quedas, Deus é o Pai de misericórdia, ou seja, Ele tem um coração próximo do que é miserável e ferido. Gosto de citar a inscrição que se encontra na soleira da Porciúncula, no chão, hic locus sanctus est, este lugar é sagrado, e paradoxalmente o pisamos toda vez que entramos na Porciúncula.

“Este lugar é santo porque Deus se curva, se abaixa, porque Deus nos dá uma mão quando estamos no chão, quando somos os mais indefesos, quando sentimos que nossa vida está ameaçada e vale pouco”. Afirmo com todo o coração que sinto que a vida destes jovens é preciosa, que a sua vida é a pérola preciosa, que sua vida é o tesouro precioso, e desta pérola e deste tesouro a misericórdia de Deus tem extremo cuidado”

Por Benedetta Capelli – Vatican News

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