O cardeal Joseph Zen, 90 anos, que de 2002 a 2009 foi bispo católico da Diocese de Hong Kong, foi preso esta terça-feira, 10 de maio, pelas autoridades de Hong Kong. O purpurado foi solto sob fiança esta quarta-feira, por volta das 23h locais (12 de Brasília), como relatado por jornalistas de Hong Kong que também postaram fotos de Zen fora da delegacia de polícia de Wan Chai nas redes sociais. Ao sair, o cardeal entrou imediatamente em um carro particular estacionado nas proximidades, sem fazer nenhum comentário. Acompanhavam-no cinco pessoas.
Detenção e acusação
O purpurado tinha sido detido na noite de terça-feira pela seção de polícia criada para supervisionar a segurança nacional chinesa; de acordo com fontes locais, ele estaria agora em uma delegacia de polícia para ser interrogado. A acusação contra o cardeal é “conluio com forças estrangeiras”, em relação com seu papel de administrador do 612 Humanitarian Relief Fund (Fundo de Auxílio Humanitário), um fundo que apoiou os manifestantes pró-democracia no pagamento das despesas legais e médicas que enfrentaram. “A Santa Sé tomou conhecimento com preocupação da notícia da prisão do cardeal Zen e está acompanhando a evolução da situação com extrema atenção”, afirmou na tarde desta quarta-feira, 11 de maio, o diretor da Sala de Imprensa vaticana, Matteo Bruni, em resposta às perguntas dos jornalistas.
Outras três prisões
O cardeal salesiano foi um dos administradores da organização, fundada em 2019 e dissolvida em outubro do ano passado. Além dele, as autoridades também prenderam outros promotores do Fundo, incluindo a conhecida advogada Margaret Ng, ex-deputada da oposição; o acadêmico Hui Po-keung e a cantora e compositora Denise Ho. A detenção deles foi confirmada por fontes legais de Hong Kong. Também eles, segundo fontes locais, teriam sido libertados sob caução.
A investigação
A mídia local noticiou a prisão, dizendo que a investigação das Forças da ordem se concentra no suposto “conluio” do Fundo 612 com forças estrangeiras, em violação à lei de segurança nacional imposta por Pequim em junho de 2020. A acusação que os quatro detidos enfrentam é um dos quatro delitos previstos pela Lei de Segurança Nacional da cidade – e condenada internacionalmente – para arrefecer protestos pró-democracia em Hong Kong. Os outros delitos são subversão, secessão e terrorismo e podem levar a sentenças de prisão perpétua.
Já nos últimos meses, alguns meios de comunicação de Hong Kong acusaram o bispo emérito de incitar os estudantes a se revoltarem em 2019 contra uma série de medidas governamentais. No passado, Zen se expôs em primeira pessoa por ter criticado o Partido Comunista chinês, denunciando pressões e perseguições a comunidades religiosas.
Por:Salvatore Cernuzio – Vatican News
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