13 de agosto: a Igreja celebra a Santa baiana, Dulce dos Pobres

, Destaques

Hoje, 13 de agosto, a Igreja celebra Santa Dulce dos Pobres. Sua festa litúrgica remete ao fato de que nesta data, em 1933, Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes fez sua profissão de fé e votos perpétuos, tomando o hábito de freira na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, e recebendo o nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe.

Irmã Dulce, conhecida como “Anjo Bom da Bahia”, foi canonizada pelo Papa Francisco no dia 13 de outubro de 2019 e passou a se chamar Santa Dulce dos Pobres. Ela é a primeira santa nascida no Brasil.
Um episódio, em especial, se destaca na vida de Irmã Dulce: em 1949, sem ter onde abrigar cerca de 70 pessoas doentes que recolhia das ruas, a futura santa transformou o galinheiro do convento de Santo Antônio em um abrigo. O lugar, em 1960, se transformou no Hospital Santo Antônio, um dos maiores do Nordeste brasileiro. O Anjo Bom da Bahia viveu até os 77 anos, morrendo em 13 de março de 1992, em Salvador (BA).
O Vaticano considera Santa Dulce a primeira santa brasileira. Apesar de outras brasileiras e uma religiosa que atuou no país terem sido canonizadas anteriormente, Dulce foi a primeira mulher nascida no Brasil que teve milagres reconhecidos pela Igreja Católica.

MILAGRE E A BEATIFICAÇÃO
“O primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce foi a sobrevivência de uma parturiente desenganada pelos médicos após religiosos e fiéis orarem para que a religiosa baiana intercedesse pela vida da paciente. Segundo os registros usados no processo de beatificação, a mulher foi identificada como a sergipana Cláudia Cristiane dos Santos, que deu à
luz ao segundo filho em 11 de janeiro de 2001.
 
O parto ocorreu no Hospital Maternidade São José, em Itabaiana (SE). O local era dirigido por freiras da mesma congregação de Irmã Dulce e não tinha UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Segundo o relatório de dois médicos que participaram do procedimento , logo após o parto,  Cláudia apresentou um quadro gravíssimo de hemorragia. Nos relatórios, os médicos afirmam que as possibilidades de tratamento se esgotaram ao longo das 28 horas em que a paciente foi submetida a três cirurgias. Cláudia, contudo, sobreviveu.
 
Pela versão apresentada, a mudança no quadro ocorreu porque o padre José Almir, devoto da Irmã Dulce, rogou à mesma pela vida de Cláudia clamando por sua recuperação. Essa versão sustentou a beatificação da Irmã Dulce pelo Vaticano. Ele pediu que uma imagem da religiosa fosse levada à maternidade. Durante as orações, a hemorragia parou – esse fato na associação feita pelos religiosos – se constituiu como o milagre reconhecido pelo Vaticano. No processo de investigação, o caso foi analisado por dez médicos brasileiros e seis italianos, e nenhum deles encontrou uma explicação científica para a sobrevivência e a recuperação tão rápida da paciente sergipana.
 
Amor de servir aos pobres
Segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes, professor da Faculdade de Odontologia, e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, ao nascer em 26 de maio de 1914, em Salvador, Irmã Dulce recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. O bebê veio ao mundo na Rua São José de Baixo, 36, no bairro do Barbalho, na freguesia de Santo Antônio Além do Carmo. A menina Maria Rita foi uma criança cheia de alegria, adorava brincar de boneca, empinar arraia e tinha especial predileção pelo futebol – era torcedora do Esporte Clube Ypiranga, time formado pela classe trabalhadora e os excluídos sociais.
 
Aos sete anos, em 1921, perde sua mãe Dulce, que tinha apenas 26 anos.
 
No ano seguinte, junto com seus irmãos Augusto e Dulce (a querida Dulcinha), faz a primeira comunhão na Igreja de Santo Antônio Além do Carmo.
A vocação para trabalhar em benefício da população carente teve a influência direta da família, uma herança do pai que ela levou adiante, com o apoio decisivo da irmã, Dulcinha. Aos 13 anos, graças a seu destemor e senso de justiça, traços marcantes revelados quando ainda era muito novinha, Irmã Dulce passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando a residência da família – na Rua da Independência, 61, no bairro de Nazaré, num centro de atendimento. A casa ficou conhecida como ‘A Portaria de São Francisco’, tal o número de carentes que se aglomeravam a sua porta. Também é nessa época que ela manifesta pela primeira vez, após visitar com uma tia áreas onde habitavam pessoas pobres, o desejo de se dedicar à vida religiosa.
 
Em 08 de fevereiro de 1933, logo após a sua formatura como professora, Maria Rita entra então para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Em 13 de agosto de 1933, recebe o hábito de freira das Irmãs Missionárias e adota, em homenagem a sua mãe, o nome de Irmã Dulce.A primeira missão de Irmã Dulce como freira foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, no bairro da Massaranduba, na Cidade Baixa, em Salvador. Mas, o seu pensamento estava voltado mesmo para o trabalho com os pobres. Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe.
Nessa mesma época, começa a atender também os operários que eram numerosos naquele bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do estado, que depois deu origem ao Círculo Operário da Bahia. Em 1937, funda, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup, o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas que ambos haviam construído através de doações – o Cine Roma, o Cine Plataforma e o Cine São Caetano. Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugura o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos de
operários, no bairro da Massaranduba.

Deixe uma resposta