O Divino Espírito Santo: o vigor da Igreja

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Eis que chegamos às vésperas deste grande dia: o Pentecostes (a Festa do Divino Espírito Santo). Ponto central e de chegada do Tempo Pascal. Foram cinquenta dias de preparação para esse grande momento e, neste ínterim, vivemos nas três primeiras semanas as aparições de Jesus, a quarta semana foi marcada por um ponto forte: o Bom Pastor e nas semanas seguintes vimos o destino de Jesus sua glorificação e exaltação, ligação com sua cruz e com sua morte. Isso tudo, terá sua síntese em Pentecostes.

Nas leituras da Missa da Vigília de Pentecostes encontraremos os textos: Gn 11,1-9, Sl 103, Rm 8,22-27 e Jo 7,37-39. Jesus nos diz que o Espírito Santo só virá quando Ele for glorificado: “Dizia isso, referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que cressem nele, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado” (Jo 7,39).

“Esta ida de Jesus é assinalada também pelo fato de se sublinhar que Jesus deixa o mundo: “de passar deste mundo para o Pai” (13,1); “… vim ao mundo, agora deixo outra vez o mundo…” (16,18). O mundo, que foi objeto da missão de Jesus (3,16-17), não mais o será de agora em diante. Porque, e esta é a última observação a fazer aqui, o Paráclito só virá se Jesus for (16,7) e, a partir de então, o Paráclito prolongará a missão de Jesus com sua vinda aos discípulos”. Deste modo, podemos compreender o Espírito Santo que se manifesta no Evangelho de São João a partir desta reflexão seguinte.

Um dos pontos em que mais se evidencia o “concordismo” com que lemos normalmente a Escritura é o tema do Espírito Santo. Não podemos evitar projetar a imagem do Espirito que nos apresenta sobretudo o Evangelho de Lucas em todos os escritos neotestamentários, incluindo os escritos paulinos. Lembremos que para os escritos lucanos (Evangelho e Atos dos Apóstolos) o Espírito é o verdadeiro protagonista pois é ele que conduz a história tanto no tempo anterior a Jesus, como no tempo de Jesus (Lc 4,18s) e como, posteriormente, no tempo da comunidade crente. O Espírito é verdadeiramente o personagem capital de Lucas e sua atuação coloca os marcos fundamentais da história da salvação que Deus estabeleceu para os homens.

O quarto evangelho, embora faça eco desta apresentação em dados tradicionais incorporados ao evangelho, tem algumas características próprias ao apresentar o Espírito. Vale a pena resumir alguns elementos mais característicos de sua apresentação do Espírito e Jesus.

A primeira parte do evangelho joanino nos fala do Espírito em diversas passagens. A figura do Espírito dos primeiros doze capítulos é caracterizada por sua relação com Jesus. É Jesus quem batiza no Espírito Santo (1,33) e a quem foi dado o Espírito sem parcimônia (3,34). As palavras de Jesus são todas Espírito e vida (6,62-63). Por isso é lembrado no evangelho que “ainda não fora dado o Espírito pois Jesus não tinha ainda sido glorificado” (7,39). Neste último texto se faz referência ao fato, lembrado também nos discursos de despedida, que Jesus deve ser glorificado antes de o Espírito ser concedido aos crentes (cf. 14,26 e 16,7).

Há, portanto, no evangelho, uma verdadeira preparação do tema do Espírito mas a realidade desta figura não foi ainda descrita. Fica difícil saber o que realmente nos quer dizer o autor quando fala do Espírito em termos gerais (cf. 3,3-8; 4,10.23).

Assim, é o Espírito Santo o animador da comunidade Cristã, pois “prolongará a missão de Jesus com sua vinda aos discípulos”, como celebraremos na festa de Pentecostes (cf. Jo 20,19-23). Que o Divino Espírito Santo, sendo o vigor da Santa Mãe Igreja lhe revigore em sua fé a partir das festividades paroquiais! Amém.

@Padre Joacir d’Abadia, Pároco da Paróquia São José Operário em Formosa-GO / Diocese de Formosa-GO, Especialista em Docência do Ensino Superior, Bacharel em Filosofia e Teologia, Filósofo autor de 15 livros, dentre eles, um que fala sobre a superação da depressão: _ @A Incógnita De Cully Woskhin (Palavra & Prece, São Paulo, 2018).

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