Na Arquidiocese de Salvador, Campanha da Fraternidade 2018 foi lançada durante coletiva de imprensa

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A Arquidiocese de Salvador lançou, na tarde desta quarta-feira, dia 14 de fevereiro, a Campanha da Fraternidade 2018. O lançamento aconteceu durante coletiva de imprensa, realizada na Cúria Metropolitana de Salvador, e foi conduzida pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, pelo bispo auxiliar Dom Hélio Pereira dos Santos, pelo presidente da Ação Social Arquidiocesana (ASA), diácono Itamar Mendes, e pela articuladora da ASA, Hildete Emanuele Souza.

De acordo com Dom Murilo, a CF 2018 foi uma resposta ao clamor do povo. “A CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil] pegou este tema mais amplo que abrange a causa da violência. O lema que irá nos ajudar é tirado do livro de Mateus 23, 8, ‘Vós sóis todos irmãos’. Isso já deixa claro o que a campanha de 2018 pretende: promover a cultura da paz e também buscar a reconciliação, bem como promover a justiça à luz da Palavra de Deus”, afirmou.

Conforme o Texto-base utilizado para auxiliar nas atividades da Campanha da Fraternidade, a Igreja buscará “identificar, acompanhar e reivindicar políticas públicas para superação da desigualdade social e da violência, além de apoiar os centros de direitos humanos, comissões de justiça e paz, conselhos paritários de direitos e organizações da sociedade civil que trabalham para a superação da violência”.

A CF 2018 propõe algumas ações, como valorizar a família e a escola como espaços de convivência fraterna, de testemunho e do perdão; identificar, acompanhar e reivindicar políticas públicas de superação da desigualdade social e da violência; e apoiar os centros de direitos humanos, comissões de justiça e de paz, bem como organizações da sociedade civil que trabalham para a superação da violência. “A violência assusta a todos nós. A violência hoje é experimentada por todos, infelizmente é algo que ataca toda a sociedade. Basta dizer que o número de pessoas que sofre por causa da violência no Brasil supera o número de muitos países em guerra. Uma constatação geral: falta ética, faltam princípios para nortear o comportamento das pessoas. E eu completo: falta amor, falta de Deus. E a pergunta que se faz: seremos capazes de viver numa sociedade de respeito e de amor?”, diz Dom Murilo.

A articuladora da ASA, Hildete Emanuele, apresentou os dados do Mapa da Violência, publicado em 2015. “Dos 30 municípios mais violentos apontados pela pesquisa, nove são da Bahia, inclusive Lauro de Freitas. Dos 30 mais pacíficos, nenhum é da Bahia. Esta realidade da violência é gritante e é um tema de relevância para toda a sociedade, e a Igreja, mais uma vez, com a força que tem, com a sua palavra profética vem chamando, conclamando toda a sociedade para refletir um pouco sobre essa questão da violência”, afirmou.

Como em anos anteriores, a Campanha da Fraternidade está dividida nos métodos “Ver”, “Julgar” e “Agir”. A partir do método “Ver”, os cristãos são convidados a analisar as diversas atitudes de violência no país. Esta primeira parte está subdividida em três: 1. As múltiplas formas de violência; 2. A violência como sistema no Brasil; e 3. As vítimas da violência no Brasil. O Texto-base apresenta uma lista grande na qual cita os tipos de violência, como: racial, doméstica, religiosa, no trânsito, contra jovens e mulheres, sexual e tráfico humano, violência e narcotráfico, violência policial, contra os trabalhadores rurais e contra os povos tradicionais.

No método “Julgar” a CF 2018 apresenta a fundamentação bíblica para evitar a violência. Além dos textos bíblicos, vários documentos Pontifícios são citados. E no método “Agir” são indicadas ações para a superação da violência e apontadas pistas e áreas concretas que precisam ser analisadas: a) O Estatuto da Criança e do Adolescente; b) A violência doméstica e a Lei Maria da Penha; c) Os Direitos Humanos; d) A superação da violência gerada pela exploração sexual pelo tráfico humano; e) Violência e juventude; f) O racismo e a superação da violência; g) A superação da violência no campo; h) A superação da violência fruto do narcotráfico; i) O Estatuto do Desarmamento; j) A violência religiosa; k) A violência política; l) A violência no trânsito; e m) A Defensoria pública.

“Hoje o medo impera nas pessoas: medo de sair de casa, medo quando a criança não chegou. O medo está fazendo com que amigos se afastem, colocando muros, cercas, deixando de sair à noite. Há a violência visível: os assassinatos, o estupro. Mas há também, e isso é o mais grave, a violência estrutural, que está na estrutura da sociedade. Isso é terrível, porque é ela quem gera uma situação e uma sociedade violenta. Enquanto continuarem as desigualdades sociais, não é de se estranhar que a violência predomine e que nasçam sempre novas formas de violência”, disse Dom Murilo.

O presidente da ASA, diácono Itamar Mendes, lembrou algumas iniciativas realizadas para a divulgação da CF 2018, como o Seminário sobre a Campanha da Fraternidade realizada no último dia 4 de fevereiro e que contou com a participação de 524 pessoas. “Fizemos, neste dia, 14 oficinas com temas diferentes, mostrando as diferentes formas de violência. Refletimos e a partir disso cada grupo fez um documento e nós vamos colocar diante de toda a população baiana, como uma carta aberta”, afirmou.

Campanha da Fraternidade

Realizada pela primeira vez em 1961, pela Cáritas Brasileira, a Campanha da Fraternidade foi crescendo ano a ano sempre com os objetivos que visam “despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho; e renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na nova evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária (todos devem evangelizar e todos devem sustentar a ação evangelizadora e libertadora da Igreja)”.

A Campanha da Fraternidade é lançada sempre na Quarta-feira de Cinzas – dia em que tem início a Quaresma – e as atividades como, por exemplo, formações, palestras, encontros e mobilizações acontecem ao longo de todo o ano.

Texto: Sara Gomes

Foto: Daniela Andrade / Sara Gomes

Informações:Arquidiocese de Salvador

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