Missionária da Misericórdia

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Maribel Perez León tinha 14 anos quando viu Madre Teresa de Calcutá pela televisão segurando uma criança desnutrida. Era 5 de setembro de 1997, data da morte de Madre Teresa, que em 4 de setembro deste ano viria a ser canonizada. Naquele dia nascia mais uma vocação. Maribel guardou aquela imagem na cabeça como exemplo a ser seguido.

Passou alguns anos mais no interior do Uruguai, na cidade de San José, onde nasceu, com a família. Não pensava ser capaz de chegar um dia a ser freira. Também não queria sair do campo, pois gostava muito da vida que tinha lá, fazendo queijos e cuidando dos animais que a família criava. Mas acabou saindo, se consagrando à Associação Mãe de Misericórdia, francesa, e vindo para o Brasil, onde hoje representa a Fraternidade Talítha Kum. “Isso é uma coisa que não se explica. É entre o ser humano e Deus”, afirmou.

Mudança de rota

Aos 16 anos, um sacerdote mudou a história de Maribel quando disse que ela poderia sim ser uma freira. Ela, que ainda não tinha terminado o ensino médio, foi para outra cidade estudar. Isso não era comum para o lugar e a época. Ficou hospedada em conventos enquanto estudava e aos 18 anos conheceu o carisma que hoje guia seus passos, o da Mãe de Misericórdia. Ali se consagrou.

“A Associação Mãe de Misericórdia tinha uma casa de acolhida de órfãos lá no Uruguai. Quando entrei naquela casa, pensei: ‘aqui é o meu lugar’. Eu morei ali por um tempo. Depois tive que viajar para a França para fazer a formação religiosa”, contou ela, que nunca tinha pensado em sair do campo. Depois da França, foi em missão para a África, voltou para o Uruguai e chegou ao Brasil em 2005.

Brasil

O primeiro lugar do Brasil que conheceu foi São Paulo. “Sofri muito para falar português porque nunca estudei o idioma”, confessou.

Para o Rio, veio em março de 2006, aos 23 anos. Tinha sido enviada para uma missão com os jovens. “Até hoje esse projeto não se realizou”, brincou. Começou a trabalhar na missão com mulheres em situação de prostituição assim que chegou, mesmo não sendo a responsável por ela. Irmã Bénédicte Rivoire era a pessoa incumbida pela missão na Vila Mimosa.

Hoje, dez anos e muitos desafios transpostos depois, irmã Maribel contou que já viu muitas coisas tristes acontecerem, mas vivenciou muitas coisas boas também.

Ela não desistiu de sua missão e hoje comemora o belo trabalho realizado pela Fraternidade Talítha Kum, a qual fundou dois anos atrás, tendo como base a missão na Vila Mimosa.

Com o carisma de “defender o valor e a dignidade de toda pessoa humana desde seu início até o seu fim natural através do caminho da misericórdia”, a missão comemorou, em setembro, dez anos de existência.

Mas o que irmã Maribel destacou mesmo de 2016 foi o trabalho da Oficina de Talentos, uma das atividades da fraternidade, através da qual oito mulheres deixaram a vida de prostituição.

“É impressionante ver o que pode ser feito através da misericórdia de Deus. Eu, humanamente, não consigo fazer nada, nem pretendo. Só Ele pode”, disse ela, com os olhos cheios d’água.(Arqrio)

Por: Nathalia Cardoso

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