Significativa parcela da sociedade brasileira reagiu fortemente contra a exposição “Queermuseu”, realizada pelo Santander Cultural, em Porto Alegre. A exposição se contrapõe à própria história do Santander – uma instituição que se originou a partir do empreendedorismo de cristãos católicos. Essa incoerência estremece relações e cria instabilidades na credibilidade da instituição. Certamente, faltou senso crítico indispensável. O resultado foi uma ofensa à comunidade cristã e às verdades da fé. A mostra “Queermuseu” é abominável insanidade na arte.
Os desrespeitos aos símbolos e referências fundamentais da fé cristã merecem reações e atitudes firmes. Isso inclui medidas jurídicas, administrativas e até operacionais – pensar a condição de cliente de quem se coloca, com essa exposição, no lado oposto ao dos cristãos. Essas insanidades cometidas no campo da arte são abomináveis, pois constituem exemplo da total desconsideração de um sentido ético e moral. E qualquer argumento que busque justificar a exposição é inadmissível quando se constata que o acervo ali reunido promove, aberta e desavergonhadamente, a pedofilia, a prostituição infantil, a zoofilia.
A apologia de uma liberdade que permite o desrespeito à identidade do outro é abominável. Muito grave também é a legitimação de uma antropologia vazia que escarnece da rica antropologia cristã, consolidada por mais de dois milênios, por sua força que tem propriedades para promover a paz, alimentar o sentido de solidariedade, reverenciar a dignidade de toda pessoa, defender e promover a vida em todas as suas etapas, da fecundação ao declínio com a morte natural. Essa exposição é, ainda, uma agressão aos princípios basilares constitucionais ao desrespeitar o culto religioso, zombando da fé. Tudo em nome da “arte”.
Não se incentiva a cultura com investimentos nesse tipo de insanidade. Na verdade, trata-se de um desperdício de recursos e um desserviço, quando se considera que tantos outros projetos, merecedores de consideração e apoio, não avançam, exatamente, pela falta de apoio. Iniciativas dos mais diferentes campos – cultura, educação, arte e tantos outros – que, diante das urgências contemporâneas, poderiam contribuir para a promoção da vida e a proteção das famílias.
Essa exposição desconsidera características que são próprias da arte – a exemplo da ampla conexão com muitas outras disciplinas, como religião, teologia, história, psicologia, estética, psicanálise, política, tecnologia, sociologia e economia. A suposta produção artística não tem performatividade para retratar o mundo próprio do homem – seu aprender, desejar, agir e representar. Sua força de indução está na produção da confusão e da inversão de valores. Está completamente fora do horizonte ético que é próprio da arte, em nome de uma liberdade que se hospeda na permissividade e no laxismo, no relativismo irresponsável. Uma exposição de mau gosto, pelo desrespeito zombeteiro e por não ter força para contribuir com seu público. Parece desconsiderar que a arte tenha capacidade de promover o reencontro do sentido autêntico da vida.
Com indignação, diante dessas insanidades, os cristãos devem se manifestar quando se sentirem desrespeitados, exigindo que todas as instituições assumam o dever de apoiar projetos sérios, em vez de incendiar ainda mais os cenários com iniciativas equivocadas. Em questão está a primazia do bem, da ética e da moral, contra insanidades na arte.
Autor:Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
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