A intimação poética da delegada ao sacerdote é um daqueles eventos que marcam a vida de um filósofo não só pela imposição formal da autoridade, mas também pelo contexto surreal e pitoresco em que ocorre. Pois bem, não é todo dia que se é intimado a jantar em local indefinido e sem possibilidade de recusa. O que diriam Nietzsche, Sartre e Foucault sobre isso? Talvez apenas concordassem com o poeta Fernando Pessoa, quando este disse: “Tudo o que não sou leva-me a ser”.

O sacerdote, que também é poeta e filósofo, sabe que a vida é feita de escolhas e que cada uma delas nos conduz a um destino. Por isso, ele aceita a intimação com a serenidade de quem sabe que tudo está predestinado. E, quem sabe, um jantar com a delegada possa ser o ponto de partida para uma grande amizade de proporções épicas, por meio da qual o amor conjugue o verbo amar num relacionamento verdadeiramente amigável. Afinal, como disse o poeta romântico, Lord Byron, “O amor é a palavra que resume todos os outros sentimentos”.

Mas, retornando ao assunto em questão, a intimação poética da delegada ao sacerdote é uma mistura de poesia e autoridade, de liberdade e submissão. E, como todo ato autoritário, não está isento de críticas e subversões. Se Sócrates fosse vivo, certamente questionaria a delegada sobre as razões que a levaram a agir daquela forma. Afinal, o filósofo grego acreditava que o conhecimento é a única virtude e que só se pode conhecer algo se se conhece a si mesmo. Portanto, a delegada deveria explicar os motivos que a levaram a intimar o sacerdote, antes de exigir uma resposta definitiva.

Mas quem disse que a vida é justa e coerente? Às vezes a poesia nos leva a lugares inesperados, e a autoridade nos obriga a tomar decisões difíceis. Nesses momentos, só nos resta apelar para a sabedoria dos antigos e dizer, como o filósofo estoico, Epicteto: “Não esperes que os eventos aconteçam como desejas; deseja que eles aconteçam como acontecem, e serás feliz”.

A intimação poética da delegada ao sacerdote é um evento singular que nos leva a refletir sobre a vida e suas contradições: “Delegada, no uso de suas atribuições e competências, vem, pelo presente, INTIMAR o senhor Reverendo Sacerdote a comparecer no dia e na hora informados, em frente à casa Paroquial, a fim de jantar em lugar a ser definido. Qualquer recusa será desconsiderada. Por ser verdade, firmo o presente”. Afinal, como disse o poeta português, Manuel Bandeira, “Viver não é necessário; o que é necessário é criar”. E criar é justamente o que fazemos quando subvertemos as convenções e os padrões estabelecidos, seja aceitando uma intimação poética, seja questionando a autoridade. No final das contas, o que importa mesmo é a liberdade de escolha e o poder da palavra.

Como disse o filósofo francês, Jean-Paul Sartre, “O homem está condenado a ser livre”. E, neste caso, a escolha é simples: aceitar a intimação: “Sacerdote, poeta e Filósofo, sem poder recusar, por força de suas atribuições e competências, expõe a presente decisão, livre de qualquer coação, medo ou temor.

Creio firmemente em tudo o que está contido em suas palavras, por sorte escrita, e é proposto pela sua vontade, de forma solene, para ser aceito como divinamente estabelecido.

De igual modo, aceito firmemente e guardo tudo o que disse, acerca da nossa amizade como é proposto de modo definitivo pela sua vontade.

Adiro ainda, com religioso obséquio da vontade e da inteligência, a intimação que a delegada propõe ao exercer o Magistério autêntico, ainda que pretenda proclamá-la com um ato definitivo e livre de recusa.

Por ser verdade, se não esquecer do compromisso assumido, firmo o compromisso de sair de casa para ir a um destino a definir”, em resumo.

Padre Joacir d’Abadia, Filósofo, autor de 16 livros, Especialista em Docência do Ensino Superior, Bacharel em Filosofia e Teologia, Licenciando em Filosofia, Professor de Filosofia Prática. Acadêmico: ALANEG, ALBPLGO, AlLAP, FEBACLA e da “Casa do Poeta Brasileiro – Seção Formosa-GO”_ Contato: (61) 9 9931-5433 | Segue lá no Instagram: https://www.instagram.com/padrejoacirdabadia/