Entrevista com o Arcebispo de Gênova, Cardeal Angelo Bagnasco: para evitar tragédias, precisamos de competência, compromisso e honestidade.
O Papa Francisco rezou ontem, quarta-feira, a oração mariana do Angelus com os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro na Solenidade da Assunção – celebrada na Itália e em vários países -, e cuja festa a Igreja no Brasil celebrará no próximo domingo.
Na conclusão de suas palavras o Papa Francisco, dirigiu um pensamento particular a todas as pessoas atingidas pela tragédia ocorrida terça-feira em Gênova, noroeste da Itália, que provocou vítimas e desconsolo na população.
“Ao tempo em que confio as pessoas que perderam a vida à misericórdia de Deus, expresso minha proximidade espiritual a seus familiares, aos feridos, aos deslocados e a todos aqueles que sofrem por causa deste dramático evento. Convido-os se unirem a mim na oração, pelas vítimas e por seus entes queridos.”
A diocese de Gênova se reuniu ontem em oração no Santuário de Madonnetta, um santuário muito caro à cidade. “Rezamos a Nossa Senhora pela cidade. “Sou muito grato ao Papa, toda a cidade e a diocese agradecem o Santo Padre por esta lembrança cheia de afeto e oração que ele mostrou por Gênova e em particular por aqueles que foram atingidos por esta autêntica tragédia”, disse o Arcebispo de Gênova, Cardeal Angelo Bagnasco.
“Estou convencido – continuou o purpurado – , que Gênova, como outras vezes, com a ajuda de Deus, será capaz de se levantar unindo as melhores energias da cidade, sentindo também o abraço do Papa, da Igreja Católica e de muitos no mundo que se manifestaram em vários modos”.
A cidade ferida
“Nós, sacerdotes, devemos estar disponíveis, como todo pároco na vida cotidiana das paróquias. O cardeal Bagnasco visitou nesta quarta-feira os corpos das vítimas no hospital San Martino, como uma proximidade prática, concreta, pessoal e de acolhida. “Como diocese – disse –, recebemos um primeiro grupo de 30 deslocados de 400 pessoas. Estamos à disposição para receber outros como primeiro alojamento em consequência dessa tragédia “. “Nós padres – continuou o purpurado –, devemos apoiar a esperança; a esperança, a confiança, para que as pessoas não se desmoralizem e, portanto, nós, sacerdotes, temos a tarefa de ajudar as pessoas a olharem para o alto, como nesta quarta-feira, no dia da Assunção, como nos ensina Nossa Senhora. Porque somente olhando para o alto podemos olhar a terra e abraçá-la”.
Tragédia evitável?
“A falta de responsabilidade – afirmou o cardeal Bagnasco – nós vemos em todo o mundo, também em países tecnologicamente mais avançados, infelizmente”. “Mas isso não justifica nada. Ao contrário, – sublinhou – diante dessas tragédias, deve estimular e aumentar o compromisso de competência, profissionalismo, prudência e honestidade em fazer as coisas para o bem de todos “.
A fé
“O Senhor não nos preserva das desventuras, da morte, do sofrimento. Acreditar em Jesus Cristo não é estar protegido de tudo isso, que é parte intrínseca do caminho da vida e da condição humana”. “A resposta que Deus dá a cada um de nós, Ele deu em Jesus Cristo que abraçou a Cruz na vida como nós”. “Então, – finalizou o arcebispo de Gênova – mais do que a pergunta, por que Deus permite essas tragédias, eu diria como Deus responde a essa situação de mal e fragilidade humana. Colocando-se dentro, encarnando-se nela, compartilhando-a conosco para carregar as cruzes conosco”.(Vatican News)
Foto:Cidade de Gênova (ANSA)
Por:Silvonei José , Luca Collodi
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