Após a acolhida realizada pelas autoridades civis da Hungria, o Papa, em seu primeiro dia de Viagem Apostólica ao país, e em seguida de uma breve pausa na Nunciatura Apostólica para o almoço, seguiu para a Basílica de Santo Estêvão. A Basílica, dedicada ao primeiro Rei da Hungria está localizada no centro da capital, Budpeste, e o início de sua construção data de 1851. Durante a Segunda Guerra Mundial sofreu vários danos, devendo ser completamente reestruturada, em um trabalho que durou até o ano de 2003.
Neste cenário Francisco foi acolhido pelo cardeal arcebispo de Esztergom-Budapeste Péter Erdo, pelo presidente da Conferência Episcopal, Dom András Veres e pelo pároco, que lhe entregaram a cruz para que beijasse e a água-benta para aspersão do povo, como sinal de acolhida. Também neste sentido, algumas crianças lhe entregaram flores.
Em seguida, houve a saudação de acolhida proferida pelo presidente da Conferência Episcopal, Dom András Veres, e alguns testemunhos de vida cristã e pastoral locais: de um sacerdote católico romano, de outro greco-católico, de uma religiosa e de uma catequista.
As duas tentações
Ao grupo reunido na Basílica, o Papa iniciou seu discurso em tom pascal, aproveitando o momento litúrgico vivido pela Igreja e o tema da Viagem Apostólica: “Cristo ressuscitado, centro da história, é o futuro. Apesar de permeada pela fragilidade, a nossa vida está firmemente colocada nas mãos d’Ele. Se nos esquecermos disto, iremos também nós, pastores e leigos, à procura de meios e instrumentos humanos para nos defendermos do mundo, fechando-nos em nossos cômodos e tranquilos oásis religiosos; acabaremos por nos adequar aos ventos instáveis da mundanidade e, então, o nosso cristianismo perderá vigor e deixaremos de ser sal da terra.”
Seguiu seu discurso ressaltando as duas tentações de que devemos nos defender: uma leitura catastrófica da história atual e a comodidade do conformismo. “Pois bem! Contra o derrotismo catastrófico e o conformismo mundano, o Evangelho dá-nos olhos novos, dá-nos a graça do discernimento para nos embrenharmos no nosso tempo com uma atitude acolhedora, mas também com um espírito de profecia, ou seja, com acolhimento aberto à profecia“, destacou.
Por isso, contra as tentações, Francisco destacou o chamado ao acolhimento com profecia e o perigo da mundanização: “trata-se de aprender a reconhecer os sinais da presença de Deus na realidade, mesmo onde esta não nos apareça marcada explicitamente pelo espírito cristão e venha ao nosso encontro sob a forma de desafio ou de interpelação. E simultaneamente trata-se de interpretar tudo à luz do Evangelho sem se mundanizar, estejam atentos! Sem se mundanizar mas como arautos e testemunhas da profecia cristã. Estejam atentos ao processo de mundanização. Cair na mundanização talvez é o que de pior pode acontecer a uma comunidade cristã.”
Ainda em seu discurso de pastor, Francisco se preocupou com os sacerdotes de modo particular pelas numerosas as exigências da vida paroquial e pastoral, e diminuição das vocações. “Esta é uma condição comum a muitas realidades europeias, relativamente à qual é importante que todos – pastores e leigos – se sintam corresponsáveis: antes de mais nada na oração, porque as respostas vêm do Senhor e não do mundo, do sacrário e não do computador. E depois na paixão pela pastoral vocacional, procurando formas de oferecer, com entusiasmo, aos jovens o fascínio de seguir Jesus inclusive pelo caminho de especial consagração.”
Superar as divisões humanas
Encaminhando-se para o final de seu discurso, o Papa exortou à atualização da vida pastoral através de uma colaboração ativa entre padres, catequistas, agentes pastorais, catequistas, destacando especialmente o aspecto da unidade como dom do Espírito: “É triste quando nos dividimos, porque, em vez de jogar em equipe, faz-se o jogo do inimigo: os bispos desunidos entre si, os padres em tensão com o bispo, os padres idosos em conflito com os mais jovens, os diocesanos com os religiosos, os presbíteros com os leigos, os latinos com os gregos; há polarização em questões que dizem respeito à vida da Igreja, mas também em aspetos políticos e sociais, refugiando-se em posições ideológicas. Isso não, por favor! O primeiro trabalho pastoral é o testemunho da comunhão, porque Deus é comunhão e está presente onde há caridade fraterna. Superemos as divisões humanas, para trabalhar juntos na vinha do Senhor!”, enfatizou o Pontífice aos presentes.
“Esta é a Igreja que devemos sonhar: capaz de mútua escuta, de diálogo, de atenção aos mais frágeis; acolhedora de todos e corajosa em levar a cada um a profecia do Evangelho”, sublinhou o Papa ao final, mais uma vez relembrando o exemplo dos testemunhos de santidade em terras húngaras, e exortou: “sede acolhedores, sede testemunhas da profecia do Evangelho, mas sobretudo sede mulheres e homens de oração, porque a história e o futuro dependem disto.”
Após este momento de encontro o Papa retornou à sede da Nunciatura Apostólica.
Por: Irmã Grazielle Rigotti, ascj –
Fonte e foto: Vatican News
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