Sínodo, o Terço pela paz: aqueles que sofrem estão no coração da Igreja

Parem com as guerras, violências, exploração e discriminação, para além das diferenças é possível dialogar como irmãos: essa é a mensagem que saiu da Basílica de São Pedro, onde na noite desta quarta-feira (25) os participantes do Sínodo rezaram à Virgem Maria, confiando a Ela a humanidade e a criação. A celebração foi presidida pelo cardeal Mauro Gambetti.
 
Os nomes das muitas vítimas, pobres e oprimidas pelas tragédias que estão acontecendo, muitas vezes na indiferença do mundo, têm um nome e um rosto e estão no coração da Igreja. Esses nomes estiveram no centro do diálogo e das orações compartilhadas nas últimas semanas no Sínodo sobre a Sinodalidade e, de modo especial, no Terço pela Paz que os participantes da assembleia que está ocorrendo no Vaticano há quase um mês recitaram em procissão do átrio da Basílica de São Pedro até o Altar da Cátedra.

Basta de guerra

Durante a contemplação dos cinco mistérios gloriosos e a oração a Maria, presidida pelo cardeal arcipreste Mauro Gambetti, ressoou o “basta!” à violência, à exploração e à discriminação repetidamente pronunciado por Francisco. “Juntemos nossa voz à do Papa”, disseram os membros da assembleia sinodal dos mais diversos contextos do mundo: “Basta de guerra, de violência atroz e sem sentido! Basta de ódio que só alimenta o ódio e nos impede de ver outros caminhos! Basta da lógica da vingança a qualquer custo pelos males sofridos! Basta da desumanidade crescente que faz ouvidos surdos à dor e às lágrimas das crianças, dos idosos, dos deficientes e daqueles que não podem se defender”.

A vida vence a morte

A oração mariana abraçou particularmente as mulheres, mães, irmãs, filhas, vítimas de violência. “Queremos nos tornar cada vez mais portadores de vida, esperança e paz, especialmente para aqueles que sofrem e estão sujeitos ao horror da violência que devasta tantos povos hoje”, “seguir os passos do Senhor ressuscitado, implorar sua luz para testemunhar que a vida é mais forte do que a morte e rezar pela paz para todos”, disseram os participantes do Sínodo, pedindo à Virgem Maria em oração o dom de se tornar “uma fonte de encorajamento e esperança para todos aqueles que se sentem desfavorecidos, marginalizados e excluídos”.

Para além das diferenças

Embora partindo de culturas, histórias e países diferentes, “alguns dos quais pegaram em armas uns contra os outros”, o Terço pela Paz da noite desta quarta-feira pretendia ser um sinal visível do dom de Deus da comunhão para além das diferenças de cada um, experimentado nas últimas semanas no Vaticano: “é de fato possível buscar caminhos para o futuro juntos, partindo de culturas e histórias diferentes”. “Por meio dessa oração mariana, juntos”, disse um dos participantes, “queremos mostrar que é possível respeitar uns aos outros, encontrar-se e dialogar. Aprender a ouvir o outro escutando o Espírito, sem querer que prevaleça o próprio ponto de vista”.

Testemunhas de fraternidade

O Terço foi também uma oportunidade para agradecer ao Senhor pelo Sínodo sobre a Sinodalidade, definido como um “novo Pentecostes”: “um processo para buscar a verdade e discernir juntos maneiras de servir ao bem comum à luz do Evangelho”. Uma oração no sinal também da alegria que ressoou na Basílica Vaticana: “a alegria da fraternidade dos batizados em Cristo”, experimentada no Sínodo, a alegria que nos faz exclamar juntos que Jesus ressuscitou. Uma intenção especial foi dirigida à unidade dos cristãos, para que “seu testemunho de fraternidade possa se converter em fermento de paz”.

Com Francisco, uma Igreja sinodal para todos

Não poderia faltar uma meditação sobre o cuidado com a criação. “Maria, que cuidou de Jesus, agora cuida do mundo ferido”: os participantes do Sínodo assumem o compromisso de cuidar da Casa comum, proteger a natureza, criar relações mais justas, estar perto dos pobres e dos que sofrem, fazer crescer o amor à imagem do amor trinitário e, em plena sintonia com os desejos de Francisco expressos também durante a JMJ de Lisboa, desenvolver uma Igreja sinodal para “todos, todos, todos”.

Por: Paolo Ondarza – Vatican News

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