Sangue de são Januário se liquefaz pela primeira vez em 2022

Neste fim de semana, antes de iniciar a tradicional procissão de são Januário, em Nápoles, Itália, foi anunciado que o milagre da liquefação do sangue de são Januário se repetiu, como aconteceu em anos anteriores.

No sábado (30), às 17h (hora local), o arcebispo de Nápoles, dom Domenico Battaglia, entrou na Capela do Tesouro da Catedral de Nápoles, abriu a caixa forte que guarda as relíquias de são Januário e encontrou a ampola com seu sangue já liquefeito, algo pouco comum, mas que já aconteceu outras vezes.

“Estou certo de que hoje quer que nossos olhares possam ir além do imediatismo do admirável sinal de seu sangue, evitando interpretá-lo em termos auspiciosos. Compreender, por outro lado, o sentido evangélico”, disse dom Battaglia, no sábado.

“Quer que não prestemos atenção só no pedaço sólido ou liquefeito de sua ampola, mas que seu sangue se torne um filtro para que possamos olhar o caminho de nossa cidade e de toda a humanidade”, acrescentou.

Segundo o arcebispo de Nápoles, o sangue de são Januário convida, “hoje mais do que nunca, a trabalhar com todos para deter o fluxo de sangue inocente, as mãos de irmãos que atacam irmãos, as feridas que rasgam o tecido social”.

Este ano, pela primeira vez desde o início da pandemia de covid-19, a procissão das relíquias de são Januário foi feita ao ar livre. Tanto o busto do santo italiano quanto os frascos com seu sangue saíram da catedral e foram levados em procissão por milhares de pessoas até a basílica de Santa Chiara.

Nesta basílica, dom Battaglia rezou a missa às 18h e foram feitas orações pela prodigiosa liquefação do sangue.

Em sua homilia, o arcebispo de Nápoles disse que se vive uma época “complexa” e “difícil”, mas que o milagre da liquefação do sangue “do nosso mártir Januário” é um “sinal luminoso do sangue do Único que Ele amou oferecendo-se por nós na cruz”, e que “continuamente nos remete ao sangue de tantos pequeninos, inocentes, vítimas do mal, da violência, da má fama, da guerra”.

“O sangue ainda corre! Flui na nossa Europa, neste nosso mundo, habitado pela insensatez da guerra, pelo ódio fratricida, pela loucura do irmão que levanta a mão contra o irmão”, disse dom Battaglia.

No entanto, disse que há também um “sangue benéfico que continua a fluir, um sangue habitado pelo próprio sangue de Cristo, um sangue ao qual nos remete o sangue do bispo Januário”.

“É o sangue de todos aqueles que não desistem, é o sangue de quem não se dá por vencido, é o sangue de quem arregaça as mangas para ser sinal de luz e esperança, mesmo quando tudo parece escuro ao seu redor sombrio”, acrescentou.

Ao longo de toda a semana, na Capela do Tesouro (exceto sábados e domingos) será venerada todos os dias o nicho contendo as ampolas do sangue de são Januário.

A liquefação do sangue deste santo é um fenômeno inexplicável que ocorre três vezes por ano: no sábado anterior ao primeiro domingo de maio, por ocasião da transferência dos restos mortais do santo para Nápoles; o dia de sua festa litúrgica, 19 de setembro; e em 16 de dezembro, aniversário da intercessão de são Januário para evitar os efeitos da erupção do vulcão Vesúvio em 1631.

 O processo nem sempre ocorre da mesma forma: a liquefação às vezes leva várias horas ou até dias para acontecer. Em poucas ocasiões o milagre não aconteceu.(ACI)

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