A tradição de cobrir os santos durante a Quaresma é muito antiga. Para entendê-la é preciso primeiro entender o que significam as imagens dos santos numa igreja. Quando entramos na Igreja e vemos as imagens, recordamos o mistério da Comunhão dos Santos: nós formamos com Eles, que já estão glorificados com Cristo Ressuscitado, a única Igreja que é Igreja Triunfante (que está nos céus).
As imagens são, pois, uma mensagem de alegria: anunciam para nós essa consoladora e alegre verdade da fé de que estamos unidos à vitória daqueles que viveram antes de nós e – como nós – seguiram a Jesus. Quando cobrimos os santos na quaresma, estamos querendo representar que, antes de eles viverem o mistério da glória com Cristo, passaram pelo mistério da dor, dos sofrimentos e da morte de Jesus.
Os santos não são cobertos como sinal de luto, mas sim como sinal do mistério de “solidariedade” e união profunda ao mistério da Paixão do Senhor. Nós os cobrimos, dando um ar “pensante” ao espaço litúrgico, nada alegre, pois agora é tempo de pensar na paixão do senhor. Isso fica ainda mais claro quando, no canto do Glória na Vigília Pascal vemos cair os panos roxos e volta a alegria pois, no lugar daquela cor pesada e triste, aparecem de novo as imagens coloridas e bonitas, sinais de quem venceu com Cristo, tendo passado pela sua cruz em união à Dele.
Cobrir e descobrir os santos, então, nos remete ao Mistério Pascal, que é mistério de morte e ressurreição, de sofrimento e de alegria, de perca e de vitória. Cobrir os santos é linguagem simbólica muito expressiva. Também conhecido como “Velatio“, este costume de cobrir as imagens das Igrejas com tecido roxo durante a Quaresma, é para que os fiéis não “se distraiam” com os Santos e que a sua devoção deve estar fundamentada no Mistério Pascal de Cristo, ou seja, na Sua paixão, morte e ressurreição. Assim, cobrindo-se todas as imagens dos Santos e os crucifixos, surge com maior evidência o que há de essencial nas igrejas: o altar, onde se opera e atualiza o Mistério Pascal de Cristo, por seu Sacrifício incruento.
É COSTUME MUITO antigo e piedoso na Igreja que, a partir do quinto Domingo da Quaresma, – também chamado de Primeiro Domingo da Paixão (que é o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor), – cobrir com panos roxos as cruzes, quadros e imagens sacras. As cruzes permanecem cobertas até o final da Liturgia da Sexta-feira Santa, os quadros e demais imagens até a celebração do Sábado Santo ou de Aleluia, a noite que antecede o Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor.
A partir do 5º domingo: O foco das leituras também é outro: nas primeiras semanas da Quaresma, os textos litúrgicos chamavam sobretudo à penitência e à conversão pessoais; a partir da 5.ª semana da Quaresma – os fiéis começam a ouvir as narrativas do Evangelho de São João, chamados a manter o olhar fixo em Jesus crucificado, não tanto com os olhos da carne, mas com os da alma.(catedralcaratinga)
Foto:Acervo/Portal Católico
Comments
No comment