Este 12 de março marca uma data inédita. Exatamente 400 anos atrás, ocorria a primeira cerimônia conjunta de canonização de nomes que fizeram a história da Igreja: Teresa de Ávila, Filipe Neri, Isidoro, Francisco Xavier e Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus.
E estes cinco grandes santos foram citados pelo Papa Francisco na homilia da missa concelebrada com os jesuítas na tarde deste sábado na Igreja “del Gesù”, no centro histórico de Roma, para celebrar esta recorrência.
Inspirando-se no Evangelho da Transfiguração, o Pontífice ressaltou quatro ações que Jesus realiza neste episódio, começando pela expressão “tomou consigo”. Aquilo que Jesus fez com Pedro, João e Tiago é o mesmo que Ele faz conosco, explicou o Papa. Não fomos nós os primeiros a tomar uma decisão, mas foi Ele que nos chamou, sem qualquer mérito da nossa parte. Por isso, quando experimentarmos amarguras e decepções, assumamos a nossa vida a partir da graça.
Nesta mesma ação, Jesus não toma consigo um de cada vez, mas em conjunto. Pertencemos a uma comunidade, fomos tomados na Igreja e pela Igreja. “Não nos cansemos de pedir a força de construir e guardar a comunhão, ser fermento de fraternidade para a Igreja e para o mundo”, convida o Papa. Não somos solistas à procura de audiência, mas irmãos organizados em coro.
Da cruz à glória
Outra ação de Jesus é subir o monte. Trata-se de uma subida, de um caminho fadigoso. “Assim, para seguir Jesus, é preciso abandonar as planícies da mediocridade e as descidas ditadas pela comodidade; é preciso deixar as próprias rotinas pacatas para cumprir um movimento de êxodo.”
Este é o caminho, indica Francisco: da cruz à glória. A tentação mundana é buscar a glória sem passar pela cruz. Ao invés, é preciso sair e subir.
Há sempre o perigo duma fé estática, “estacionada”. Mas quem segue Jesus não pode “dormir no ponto”, deixar-se narcotizar a alma, fazer-se anestesiar pelo atual clima consumista e individualista, segundo o qual a vida corre bem se correr bem para mim. Para Francisco, um drama do nosso tempo é fechar os olhos à realidade e voltar a face para o outro lado.
Rezar é transformar a realidade
Ao subir o monte, Jesus reza e a transfiguração nasce da oração. Por isso, para o Papa, vale a pena perguntar-se o que significa hoje rezar. “Rezar é transformar a realidade.” “Não é distância do mundo, mas mudança do mundo.”
A este ponto, o Pontífice cita a guerra na Ucrânia e de que modo ela está em nossas intenções. “Perguntemo-nos como estamos levando na oração a guerra em andamento.” Se a oração é viva, “provoca-nos continuamente para nos deixarmos inquietar pelo grito sofredor do mundo”.
Por fim, a última ação: Jesus ficou só. “O Evangelho termina, fazendo-nos voltar ao essencial”, explicou Francisco, falando da importância de saber discernir aquilo que realmente conta.
“Amados irmãos, que Santo Inácio, nosso pai, nos ajude a conservar o discernimento, nossa herança preciosa, um tesouro sempre atual para oferecer à Igreja e ao mundo. Permite «ver como novas todas as coisas em Cristo». É essencial para nós mesmos e para a Igreja.”(Vatican News)
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