Na homilia, o Papa usou o substantivo monte, o verbo subir e o pronome todos, extraídos das leituras do dia, para encorajar o testemunho de milhares de missionários no mundo.
O monte, lugar de grandes encontros
Ao iniciar falando do monte, Francisco indicou aquele da Galileia, mas que poderia o do Sinai, do Tabor ou das Oliveiras, mas sempre “o monte parece ser o lugar onde Deus gosta de marcar encontro com toda a humanidade”.
“A nós, o que nos diz o monte? Que somos chamados a nos aproximar de Deus e dos outros: nos aproximar de Deus, o Altíssimo, no silêncio, na oração, nos afastando das maledicências e boatos que poluem; e nos aproximar também dos outros.”
Francisco então falou da importância de olhar o outro de uma outra perspectiva, do alto do monte, onde descobrimos que “a harmonia da beleza só é dada pelo conjunto”.
“O monte nos lembra que os irmãos e as irmãs não devem ser selecionados, mas abraçados com o olhar e sobretudo com a vida. O monte liga Deus e os irmãos num único abraço, o da oração. O monte nos leva para o alto, longe de tantas coisas materiais que passam; nos convida a redescobrir o essencial, o que permanece: Deus e os irmãos. A missão começa no monte: lá se descobre aquilo que conta. No coração deste mês missionário, vamos nos interrogar: para mim, o que é que conta na vida? Quais são as altitudes para onde vou?”
O subir, um êxodo do próprio eu
O Papa partiu para o verbo que acompanhe o substantivo monte: o subir, já que “nascemos, não para ficar em terra nos contentando com coisas triviais, mas para chegar às alturas encontrando Deus e os irmãos”.
O Papa recordou que a subida muitas vezes não é fácil, pois estamos carregados de coisas e é preciso deixar de lado o que não serve:
“É também o segredo da missão: para partir é preciso deixar, para anunciar é preciso renunciar. O anúncio credível é feito, não de bonitas palavras, mas de vida boa: uma vida de serviço, que sabe renunciar a tantas coisas materiais que empequenecem o coração, tornam as pessoas indiferentes e as fecham em si mesmas; uma vida que se separa das inutilidades que enchem o coração e encontra tempo para Deus e para os outros. Podemos nos interrogar: Como procede a minha subida? Sei renunciar às bagagens pesadas e inúteis do mundanismo para subir ao monte do Senhor?”
O pronome todos, a missão de todos
O que prevalece, porém, nas leituras, é o pronome todos, disse Francisco, repetido várias vezes: todos os povos, todas as nações, todos os homens.
“O Senhor Se obstina a repetir esse «todos». Sabe que somos teimosos a repetir «meu» e «nosso»: as minhas coisas, a nossa nação, a nossa comunidade… e Ele não Se cansa de repetir «todos». Todos, porque ninguém está excluído do seu coração, da sua salvação; todos, para que o nosso coração ultrapasse as alfândegas humanas, os particularismos baseados nos egoísmos que não agradam a Deus. Todos, porque cada qual é um tesouro precioso e o sentido da vida é dar aos outros este tesouro. Eis a missão: subir ao monte para rezar por todos, e descer do monte para se doar a todos.”
“Subir e descer… assim o cristão está sempre em movimento, em saída”, e “ao encontro de todos, não apenas dos seus e do seu grupinho”, enfatizou o Papa, que provocou mais questionamentos a todos: “assumimos o convite de Jesus ou nos ocupamos apenas das nossas coisas?”.
A missão, disse Francisco, é “mostrar, com a vida e mesmo com palavras, que Deus ama a todos e não se cansa jamais de ninguém”. E o Papa finalizou afirmando que “cada um de nós é uma missão nesta terra”.
Andressa Collet – Cidade do Vaticano/Vatican News
Comments
No comment