Santidade de vida exige de nós uma real tomada de consciência sobre o nosso modo de ser e agir nos ambientes onde Deus nos permite viver.
Como temos dito nas reflexões anteriores, o Papa Francisco nos dá de presente esta Exortação Apostólica no seu quinto ano de pontificado. Trata-se de uma saudável provocação à santidade. Ao mesmo tempo, ele nos deixa claro que a Exortação não é um tratado sobre a santidade. Como podemos constatar, são reflexões úteis, importantes e necessárias que nos ajudarão a ver a proposta de santidade num horizonte bem mais amplo.
Num primeiro momento, não podemos deixar de compreender que o convite à santidade parte da própria fonte de santidade, que é Jesus, quando nos diz: “Sede santos, assim como vosso Pai celeste é santo”. (Mt 5,48).
Santidade: ser sal e luz em todos os lugares
Como em todos os tempos e momentos, aderir a esta ordem de Jesus, não é tarefa fácil. Santidade de vida exige de nós uma real tomada de consciência sobre o nosso modo de ser e agir nos ambientes onde Deus nos permite viver. Podemos ser sal e luz em todos os lugares: na família, no trabalho, nas pastorais, no clube, na sociedade… Santidade não é projeto pronto. Deus nos desafia a sermos santos, diariamente.
Todavia, os vários cenários: Político, educacional, econômico, sociocultural, tecnológico, religioso, juvenil, etc, onde somos convidados a viver na radicalidade do seguimento, não favorecem o convite à santidade proposta por Jesus. Nem sempre, nestes cenários, os valores do Reino são os valores essenciais… A cultura atual, chamada de Pós-Moderna, faz questão de apresentar tudo de forma fragmentária onde o relativismo, o indiferentismo e o inconsistente influenciam diretamente nas nossas relações interpessoais e, com Deus. Diante desses elementos, a proposta de Jesus acaba por perder o elo com a vida real. Santidade não é fragmentação, é unidade em Deus. Santidade não é relativismo, é Absoluto. Santidade não é indiferentismo, é entusiasmo diante da vida. Santidade não é inconsistência, é solidez.
Com Deus não se corta o cordão umbilical
Esta fragmentação, este relativismo, este indiferentismo e esta inconsistência no seguimento radical da proposta do Reino nos enfraquecem e nos fazem perder o vínculo com o sagrado, com este mesmo Deus que nos convida a sermos santos. Para crescer na santidade jamais poderemos cortar o cordão umbilical com Deus. Como afirma o próprio Jesus: “Sem mim nada podeis fazer”! (Jo 15,5) Nem santidade pode acontecer sem Jesus. Afirma o Papa: “No fundo, a santidade é viver em união com Ele os mistérios da sua vida; consiste em associar-se duma maneira única e pessoal à morte e ressurreição do Senhor, em morrer e ressuscitar continuamente com Ele”. (GE 20)
Santidade: Uma grande oportunidade.
E, não obstante a aridez dos cenários nos quais estamos inseridos, a santidade se torna uma grande oportunidade. Podemos, livre e, alegremente, dar testemunho do nosso ato de crer através das nossas atitudes, sobretudo. Seguimento radical de Jesus não são teorias, mas, fatos concretos. A vida se faz partilha… Não devemos esquecer, jamais, que todo dia é dia para sermos “bons samaritanos”. Portanto, santidade é atitude. Diz-nos o Papa que “Para viver o Evangelho, não podemos esperar que tudo à nossa volta seja favorável, porque muitas vezes as ambições de poder e os interesses mundanos jogam contra nós. (GE 91)
Testemunhar diariamente a fé em Jesus Cristo ressuscitado, onde quer que nos encontremos, será o nosso maior desafio. Nesta perspectiva é que podemos acolher com alegria o conteúdo desta Exortação: “…fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós «para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor» (cf. Ef 1, 4).(GE 2)
O projeto de santidade que Jesus nos propõe, jamais cairá na vala comum das propostas líquidas e efêmeras da cultura pós-moderna, onde nada deve ser duradouro… E, Jesus Cristo, continuará sendo o mesmo “ontem, hoje e, sempre”.(Hb 13,8)
Para refletir:
1. Tenho sido ‘bom samaritano’ diante das dificuldades das pessoas?
2. Os valores do Reino são para mim valores essenciais?
Na próxima semana continuaremos a reflexão sobre a Exortação Apostólica Gaudete et Exultate.
Por:Padre Renato dos Santos – SDB – Cidade do Vaticano
Fonte:Vatican News
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