O PODER DO SILÊNCIO Nossas casas e nossas cidades são agitadas pelo barulho e o silêncio transformador é morto pela parafernália eletrônica que nos enche os ouvidos, os olhos e embota o coração. Fazemos de tudo para fugir do silêncio. Mas o contrário do que a maioria pensa, o silêncio não é perda de tempo, não é fuga da ação.
AS PESSOAS que revolucionaram o mundo vieram do deserto, onde tiveram a experiência fértil do silêncio: foi no deserto que Moisés tomou a decisão de ir libertar seu povo do Egito. Foi no deserto que Jesus se preparou para sua missão de redentor do mundo. Foi no deserto do Saara que Charles de Foucauld, deu a largada de um grande movimento de espiritualidade cristã e humanística.
O DESERTO é silêncio. O silêncio produz o encontro com o Deus da Vida. Quem não passa pela experiência do silêncio, não sentirá a passagem de Deus por sua vida. Vai perder as melhores oportunidades de crescimento pessoal, pois estará sempre mergulhado na agitação do mundo. Nossa vida precisa de silêncio a fim de que possamos refletir e avaliar nossas atitudes.
SOMOS tão cercados pelo barulho do som e da imagem que perdemos a sensibilidade pelas pessoas. Não calando, não ouvimos. Quanto mais o ruído nos dominar os sentidos, menos teremos paciência para escutar alguém. Nossas casas tornam-se ninhos de solidão e insensibilidade. Perdemos a disposição para a conversa e para o diálogo, porque a televisão, o computador e celular ocupam todo nosso tempo.
SOMOS os grandes prejudicados pela ausência do silêncio porque acabamos não nos escutando mais. Pior ainda, teremos medo do silêncio que nos coloca frente a frente com a nossa consciência e não conseguimos refletir sobre nossa própria vida e nossas atitudes. Por isso, vem a depressão, o sentimento destrutivo de estarmos sozinhos no mundo, de não termos quem se preocupe conosco. E o barulho será o remédio para fugirmos de nós mesmos.
A PESSOA que gosta do silêncio está em paz consigo mesmo e com a vida. Seu silêncio será contemplação feliz da própria existência. Deus age sempre no silêncio de nosso coração. Sem silêncio, sua presença passará despercebida e o sentiremos sempre mais distante de nós. “Quem vigia a sua boca, guarda sua vida, quem muito abre seus lábios se perde” (Prov. 13,3).
Por Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Feira de Santana(BA)
Fonte e foto:fecatólica
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