O franciscano é professor de ciências na zona rural do Quênia e doa 80% da sua renda mensal para ajudar os alunos mais pobres a comprar uniformes e material escolar
Papa Francisco recebeu na Casa Santa Marta, nesta quarta-feira, o frei Peter Tabichi, religioso franciscano e professor de Ciências que foi eleito “o melhor professor do mundo” graças ao seu trabalho educativo em uma região de pobreza extrema do Quênia. O frade foi premiado com o Global Teacher Prize 2019, considerado o “Prêmio Nobel de Educação”. Trata-se de um reconhecimento oferecido pela Fundação Varkey, entidade que se dedica à melhoria da educação para crianças carentes.
Em sua conta no Twitter, o frade se declarou “inspirado pela grande humildade do Papa” e contou que, quando Francisco lhe fez o seu costumeiro pedido de orações, ele devolveu o pedido:
“Reze por nós e por todos os professores”.
Missionário e professor entre os mais pobres
O franciscano é professor de ciências na Escola Secundária Keriko Mixed Day, localizada em uma zona rural do Quênia, e doa 80% de sua renda mensal para ajudar aos alunos mais pobres a comprar uniformes e materiais escolares.
Muitos desses estudantes percorrem mais de 6 quilômetros diariamente para chegar até a escola. Além disso, 95% dos alunos são provenientes de famílias pobres, quase um terço são órfãos ou têm apenas um dos pais e muitos não têm comida em casa.
As classes, que deveriam ter entre 35 e 40 alunos, chegam a ter o dobro de estudantes. Além disso, por lecionar em uma escola onde há apenas um computador e uma conexão precária de internet, o irmão Peter Tabichi é obrigado a ir até um café para baixar os materiais necessários para suas aulas.
Segundo dados oficiais, o trabalho do professor Tabichi fez, em três anos, a quantidade de matrículas dobrar e os casos de indisciplina caírem de 30 por semana para apenas três. Em 2017, apenas 16 dos 59 alunos ingressaram na faculdade, enquanto em 2018, 26 alunos foram para a universidade.
A premiação e o discurso
A cerimônia de premiação aconteceu em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Durante o evento, o frade fez questão de usar o hábito da ordem franciscana, cujo cordão de três nós simboliza a pobreza, a castidade e a obediência.
O religioso franciscano concorreu com outros dez mil indicados de 179 países e, além do troféu, recebeu 1 milhão de dólares que resolveu destinar a atividades educacionais. Em seu discurso, o frei Peter afirmou:
“Todos os dias, na África, viramos uma página e começamos um novo capítulo. Hoje é outro dia. Este prêmio não é um reconhecimento a mim, mas aos jovens deste grande continente. Estou aqui somente por causa do que os meus alunos alcançaram. Este prêmio dá a eles uma oportunidade, diz ao mundo que tudo é possível. A África produzirá cientistas, engenheiros, empresários cujos nomes serão, um dia, conhecidos em todos os cantos do mundo”.(Aleteia)
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