Em sua mensagem, dirigida ao presidente da Conferência Episcopal Francesa (CEF), dom Éric de Moulins-Beaufort, o Pontífice diz estar “convencido de que juntos, e sob a orientação do Espírito Santo, eles encontrarão os meios para prestar homenagem às vítimas e consolá-las, para exortar todos os fiéis à penitência e à conversão do coração, para tomar todas as medidas necessárias para que a Igreja seja uma casas segura para todos, para cuidar do povo santo de Deus ferido e profundamente perturbado, e para retomar a missão com alegria, resolutamente voltada para o futuro”.
“Nas provações e contradições que vocês são obrigados a viver”, continuou o Papa, que recentemente recebeu alguns bispos franceses em visita ad limina, “estejam certos do apoio e da comunhão da Sé Apostólica. Não duvidem que o povo francês está esperando a Boa Nova de Cristo, ele precisa dela mais do que nunca. Por esta razão, confio com particular ternura à sua paternal solicitude a imensa maioria de seus sacerdotes que exercem seu ministério com generosidade e devoção, e cuja bela vocação, infelizmente, está manchada. Eles precisam ser fortalecidos e apoiados neste momento difícil”.
No primeiro dia da assembleia plenária, a fim de demonstrar a grande importância que pretendem dar à escuta da palavra das vítimas, os bispos convidaram cinco delas a ocuparem os lugares normalmente reservados à presidência do episcopado na grande sala do santuário, para testemunhar sua terrível experiência.
Diante do episcopado, as vítimas expressaram irritação, tristeza, desilusão, mas também suas expectativas e esperanças. Palavras “fortes, difíceis, mas necessárias”, admitiu dom Luc Crépy, bispo de Versalhes e presidente do Grupo Permanente de luta contra a pedofilia na CEF. “As mudanças devem ser implementadas e isto é assunto de todos”, disse o prelado à imprensa. Recordando as expectativas das vítimas, François Touvet, bispo de Châlons, disse que era urgente passar das palavras aos atos, não mais “contentar-se a produzir discursos e textos”, mas “agir com força”. “Devemos estar à altura desta expectativa”, insistiu o prelado, “e não temos o direito ou a possibilidade de perder este chamado”.
Na sala, onde estavam presentes as vítimas que participaram da elaboração do relatório sobre os abusos, muitos bispos leram alguns trechos do relatório. A questão da indenização das vítimas também foi discutida durante a reunião: “A Igreja deve reconhecer essas pessoas mesmo quando os fatos já caducaram”, insistiu Crépy. A tarde de hoje e de amanhã também será dedicada à questão dos abusos, enquanto um momento penitencial está previsto para sábado, no adro da Basílica de Nossa Senhora do Rosário. As decisões finais serão votadas no último dia da sessão plenária.
A proteção da Criação é o outro tema principal desta assembleia de outono, que se realiza exatamente quando os líderes mundiais estão reunidos, em Glasgow, na Escócia, na Conferência Climática da ONU. Uma escolha parabenizada pelo Papa Francisco em sua carta. A metade de cada dia durante três dias será dedicada à leitura da Encíclica “Laudato si’ e sua implementação nas dioceses francesas. O tema escolhido pela Conferência Episcopal, “Clamor da terra, clamor dos pobres”, extraído do documento papal, foi escolhido pelos bispos para dar a palavra às pessoas que vivem em condições precárias. Esta iniciativa faz lembrar aquela organizada há dois anos pela CEF durante sua assembleia plenária de outono, quando duzentos leigos foram convidados a apresentar suas reflexões sobre a encíclica do Papa Francisco.
por Charles de Pechpeyrou/Vatican News
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