O diálogo com o espelho quebrado

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Olá, meu querido espelho! Na oportunidade, faço votos de estima e espero que estejas bem melhor que eu. Ao me enxergar em seu reflexo, pude ver que faltou minha mais nobre justificativa de ausência da juventude que tanto eu celebrava em minhas entranhas.

Por que perdi minha juventude?
Por outro lado, também vi que a ausência de juventude quer me responsabilizar pela saúde frágil que estava sofrendo a minha vida, tentando induzir responsabilidade para minha pessoa pela trágica escolha tomada pelo passar dos anos.

Posso parar de envelhecer?
Que fique claro que todos os embates da vida quem solicitava era sempre a jovialidade do meu viver, que, de forma abrupta, sempre voltava a reconsiderar mais uma tentativa de acerto, viver mais um dia.

Outra feita, lhe encaminho aqui a minha grande preocupação com o caráter institucional que se sucede ao meu reflexo e como vem tratando a minha pessoa que, como se vê, é um desrespeito, uma vez que não fui eu que me inscrevi para fazer parte deste espelho, mas sim meus trabalhos reflexivos e minha produção intelectual que levou cogitar meu nome para somar esforços em prol da cultura por meio desta moldura.

O que eu vou fazer na velhice?
Primeiramente, ser velho; depois, viver os anos como na juventude, com uma leve diferença: em vez de sonhar com um futuro melhor, relembrar o passado cheio de encanto.
Ademais, fica aqui minha admiração pelo seu trabalho e faço votos que à frente, por este tempo, do espelho você consiga dar um pensamento plural a nossa moldura, principalmente observando a imagem refletida. Também espero que se façam os devidos registros da imagem que reflete próximo à moldura deste espelho. Para o momento era o que eu tinha para deixar refletido no espelho: minha imagem destroçada pelas trincas do espelho.

Padre Joacir d’Abadia, Filósofo, autor de 15 livros e Especialista em Ensino Universitário, membro de 5 Academias de Letras e da Casa do Poeta Brasileiro | contato 61 9 9931-5433 | Instagram @padrejoacirdabadia

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