Um dos mais importantes santos da história da Igreja Católica, o padroeiro da Itália, São Francisco de Assis, é tema da exposição “São Francisco na Arte de Mestres Italianos”, inaugurada no Museu Nacional de Belas Artes, no centro do Rio, no dia 6 de novembro.
A mostra, que ficará exposta até o dia 27 de janeiro de 2019, apresenta 20 pinturas dos períodos renascentista e barroco, compostas por artistas italianos renomados, como Tiziano Vecellio, Perugino, Orazio Gentileschi, Guido Reni, Guercino, Carracci e Cigoli, e uma peça de Nova Iorque, as quais traduzem as fases da vida de São Francisco de Assis.
As obras fazem parte dos acervos de 15 museus de sete cidades da Itália, e têm curadoria dos italianos Giovanni Morello – especialista em História da Arte – e do professor Stefano Papetti, diretor da Pinacoteca Civica di Ascoli.
A mostra também inclui uma sala de realidade virtual que transportará o visitante, com o uso de óculos de tecnologia 3D, para a Basílica Superior de Assis, cidade natal do santo, na região da Úmbria, no centro da Itália. Será possível caminhar por uma das mais importantes basílicas do país e conhecer obras-primas do pintor italiano Giotto (1267-1337), artista símbolo dos períodos medieval e pré-renascentista.
Renascimento e Barroco
De acordo com Stefano Papetti, a exposição nasceu há quatro anos e, depois de apresentada na Itália, veio ao Brasil, primeiramente para Belo Horizonte, onde recebeu 116 mil visitantes e, agora, chega ao Rio. “Essa exposição levou muito tempo para ser montada, porque São Francisco é um santo muito representado, e foi difícil selecionar as pinturas que distribuímos em três seções”, disse.
Ainda segundo o curador, a mostra conta com três seções distintas. “A primeira seção apresenta a imagem de São Francisco sozinho, para que os visitantes possam entender quais são as características físicas que permitem reconhecê-lo. A segunda é uma seção muito importante, dedicada ao momento em que São Francisco recebeu os estigmas, pois foi a primeira pessoa viva a recebê-los; depois, a terceira parte é dedicada às pinturas em que São Francisco é representado com outros santos da ordem franciscana”, explicou.
Ele também ressaltou que, além da mensagem do santo católico, há também a oportunidade de vivenciar uma experiência com as artes italianas renascentistas e barrocas. “Aqui, os visitantes terão a chance de ver o desenvolvimento da arte italiana, da Renascença ao Barroco, através dos pintores mais representativos. Algumas pinturas exibidas foram restauradas por ocasião da exposição na Itália. É uma oportunidade única, pois será muito difícil os museus permitirem o empréstimo de obras tão importantes novamente por um longo período. Muitas delas pertenciam a prestigiados colecionadores, outras vêm de coleções de cardeais romanos do ano 1600, de grandes famílias de estudiosos”, salientou.
São Francisco: um exemplo de fé e humanidade
Arcebispo do Rio, o Cardeal Orani João Tempesta afirmou que o exemplo de São Francisco ultrapassa os muros da Igreja. “Temos a alegria de inaugurar essa exposição porque acredito que os artistas representam, segundo a sua concepção e proposta, a vida de São Francisco. São peças importantes, algumas famosas, que falam de uma época e de um personagem que marcou, não só a história da Igreja, mas do mundo. Para o momento que vivemos, é muito importante ver como um homem, que procurou ser simples, pobre e humilde, e buscou fazer o bem aos demais, dialogando com todos, pode influenciar não somente a sua época, mas a atualidade também”, frisou.
Ele também destacou que “o Papa Francisco o escolheu como onomástico, e inspirou-se no ‘Cântico às Criaturas’ para dar nome ao documento sobre ecologia e o meio ambiente. É um momento de o Rio propor a sociedade e ao mundo a beleza e o belo, por meio da arte, ajudando as pessoas que aqui passam, para admirar a arte italiana de São Francisco, a voltarem às suas casas mais pacificadas e ainda mais abertas ao bem e ao belo”, acrescentou.
Algumas das telas fazem parte dos acervos de casas da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, na Itália, como as que estão no Museu Francescano dell’Istituto Storico dei Capuccini, em Roma, e no Convento Capuccini, em Ascoli Piceno.
Dessa forma, para o reitor da Basílica Menor e Santuário Arquidiocesano São Sebastião, na Tijuca, frei Arles Dias de Jesus, as obras reiteram a experiência mística daqueles que vivem o carisma franciscano. “Elas fazem parte da história da ordem, que há muito busca seguir os passos de seu fundador, observando sua regra e perscrutando o espírito do ‘Povorello de Assis’. A mostra traz a todos a oportunidade de perceber que, através de séculos, o cuidado e a integração com o meio ambiente, que era parte integrante da vida deste santo, permanecem atuais nos tempos de hoje e devem inspirar ou despertar muitos para essa realidade”, concluiu.
O embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini, ressaltou a importância da cooperação cultural entre os dois países. “Essa é uma mensagem muito moderna para os dias atuais, concentrando a atenção não somente sobre os artistas, mas sobre a mensagem do santo. Há uma contribuição muito grande para a cooperação cultural entre a Itália e o Brasil. Queremos repetir esse sucesso aqui no Rio de Janeiro. Essa é uma mensagem muito forte para o renascimento cultural da cidade carioca, e de compromisso da Itália para fortalecer a cultura brasileira”, enfatizou.
O presidente da Casa Fiat de Cultura, João Batista Ciaco, recordou que a exposição, além de abordar a história do santo, também mostrará a evolução da pintura. “É uma oportunidade de conhecer a arte de São Francisco que, apesar de ter vivido no século XII, ainda é muito atual. Trazer a exposição para o Rio é a chance de podermos falar não somente do exemplo de São Francisco, mas também da evolução da pintura do século XV até o século XVIII, de tudo o que conseguimos do ponto de vista de perspectivas, das cores e uma série de dimensões técnicas”, afirmou.
De acordo com a diretora do museu, Mônica Xexéu, “pela primeira vez essas obras estão reunidas, num conjunto de peças emblemáticas de artistas renomados, do renascimento ao barroco italiano. Esse é um projeto capitaneado, pensado ao longo de dois anos. É uma exposição feita para todos, desde os estudiosos dos períodos aos devotos de São Francisco. Nela, os visitantes terão a oportunidade de conhecer obras as quais só podemos vê-las através de reproduções de livros”, completou.
Para Ricardo Bergoin, diretor da Base 7 Projetos Culturais – empresa responsável pela organização da vinda da exposição da Itália, “essa é uma mostra muito peculiar porque trata de um santo conhecido, mas que por trás aborda também a história da arte. Esse foi um recorte com o interesse de levar o conhecimento e também a questão da beleza da religiosidade. Esse é um projeto complexo, com uma logística intensa, mas já estamos aqui com esse belo material, aguardando a presença de todos”, convidou.
O Museu Nacional de Belas Artes permanece aberto para visitação de terça-feira à sexta-feira, das 10h às 18h, e nos sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h. Os ingressos custam R$ 8 inteira, R$ 4 meia e R$ 8 família (para até quatro membros de uma mesma família). Aos domingos a entrada é gratuita. O museu fica na Avenida Rio Branco, 199, Centro.
Foto:Divulgação
Com informações da Arquidiocese do Rio de Janeiro
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