Instituição foi responsável por cuidar das primeiras estruturas de acolhimento em Aparecida
Há mais de 300 anos, a história de devoção à Nossa Senhora Aparecida é repleta de acontecimentos que contribuíram para o fomento do culto à Padroeira do Brasil. Entre eles, está a aprovação canônica da Irmandade de Nossa Senhora Aparecida, no dia 25 de maio de 1756. A associação, composta por clérigos e fiéis, garantiu as primeiras estruturas para a acolhida aos peregrinos, que na época já vinham em romaria à “Capela de Aparecida”.
A data marca a aprovação dos 13 capítulos dos Estatutos da Irmandade. O grupo foi oficialmente reconhecido por meio de um documento, assinado pelo então bispo de São Paulo, Dom Frei Antônio da Madre de Deus Galvão.
A Irmandade surgiu logo após a construção da primeira Capela, erigida em 1745, no Morro dos Coqueiros. As bases de sua fundação foram lançadas um ano após a edificação da igreja. Os primeiros membros eram, exatamente, os fiéis que auxiliaram na construção do primeiro templo dedicado a Nossa Senhora Aparecida.
“Conforme o costume daquele tempo, apenas construída a igreja, constituía-se uma Irmandade para zelar por ela”, explica a historiadora Tereza Pasin.
Para efetivar o cuidado com o templo, a Irmandade contava com um juiz, escrivão, tesoureiro, procurador e o pároco, que atuava como presidente. O cargo de sacristão, na época também chamado de ermitão, também era reservado a um membro da Irmandade, conforme regiam os Estatutos, aprovados há 265 anos.
Durante as celebrações religiosas, os membros utilizavam capas brancas, chamadas de opas. A indumentária equivalia ao “uniforme” do grupo, que deveria ser recebido em uma cerimônia solene que marcava o ingresso do fiel na Irmandade.
Além do fomento ao culto de Nossa Senhora Aparecida, a Irmandade também foi responsável por administrar, durante 56 anos, as estruturas da Capela de Aparecida. Coube a eles, por exemplo, a reforma e ampliação do templo, em 1760.
“A Mesa Administrativa da Irmandade tinha sob sua guarda as terras doadas a Nossa Senhora Aparecida e todos os bens inventariados no Livro do Tombo e no Livro de Instituição da Capela”, conta Tereza.
Isso fez com que, em 1805, o grupo começasse a perder força. Naquele ano, o Governo passou a administrar os bens da Capela, por ordem de Dom João VI. O ato fez com que, em 1809, a Irmandade elegesse, pela última vez, sua Mesa Diretora.
Em 1917, durante as comemorações do Bicentenário do encontro da Imagem, a Irmandade foi recriada, agora com o nome de Confraria de Nossa Senhora Aparecida. Em 1929, ela passou a chamar-se Arquiconfraria, e possuía associados por todo o país. Atualmente, o grupo não possui atividades.
Foto: Santuário Nacional de Aparecida(SP)
Por Victor Hugo Barros
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