Ao passar pelas ruas, é comum nos depararmos com diferentes cenas do cotidiano que nos fazem refletir sobre a vida. Mas hoje, caros leitores, vou compartilhar com vocês minhas elucubrações interpretativas sobre um cão. Sim, você leu certo: um cão. Mas não se enganem, essa história tem muito a nos ensinar.
A cena começa em uma rotatória, onde o movimento dos carros é intenso e a vida parece se desenrolar de forma repetitiva. Nesse cenário, um cão dorme tranquilamente na calçada, ignorando a correria ao seu redor. Enquanto os transeuntes passam, cada um tem sua própria interpretação sobre a presença do cão ali.
Mas como bem disse o filósofo Friedrich Nietzsche, “cuidado com aquele que busca constantemente respostas, pois ele pode deixar de ver as perguntas”. Cada pessoa que passa pelo cão tem em mente uma resposta pré-concebida sobre sua presença ali, sem se dar conta de que a verdade pode ser muito mais complexa do que sua interpretação simplista.
E é nesse ponto que entra em cena a famosa frase do filósofo René Descartes: “Penso, logo existo”. Mas, e o cão? Será que ele só existe enquanto é observado pelas pessoas que passam por ali? Ou será que sua existência independe da interpretação dos seres humanos?
Talvez o filósofo Jean-Paul Sartre pudesse nos ajudar a entender melhor essa questão com sua frase “o homem está condenado a ser livre”. E o cão estaria condenado a ser livre de interpretações humanas? Ou ele simplesmente existe sem preocupações com as interpretações alheias?
Enfim, amigos leitores, a verdade é que as elucubrações interpretativas sobre o cão são infinitas. Você também pode ter sua interpretação! Cada pessoa que passa por ali pode ter sua própria interpretação sobre a presença do animal, mas o fato é que ele continua lá, dormindo tranquilamente em sua sombra. Ops! Estaria ele, dormindo? E como bem disse o poeta Fernando Pessoa, “tudo é uma questão de despertar”.
Despertemos ao poetizar com as “Elucubrações interpretativas sobre um cão”:
Há quatro minutos meus olhos dormem numa fria volta de rua, onde a esquina dá contorno à rotatória. No esboço do recriar, as falácias em repetidas rodas entregavam mais uma vida desalentada pelo seu viver.
Antes da esquina, dormindo na calçada, jazia soletrado das variadas formas de interpretação, carregadas de zelo sem torpor e misturado com as verdades interpretativas, um cachorro que se esticava ao máximo seu corpo num lugar de sombra e repouso com máxima tranquilidade.
Os carros de verve importância passavam de um lado para o outro. Sempre mais aumentados na sua quantidade, quanto diminuídos na velocidade transeuntes.
De longe avistava-se um homem que passava pela calçada, e de soslaio olhou para o cão e seguiu sua caminhada.
A interpretação de cada um dos viajantes eram meras elucubrações de coração fadado ao engano da verdade do cão. O cachorro continuava lá, dormindo?”.
Quero, por fim, acordar para a crítica satírica do poetizar as coisas da vida! Que essa história do cão nos ajude a despertar para as diferentes interpretações da vida e a respeitar a existência de cada ser, sem pré-julgamentos. Afinal, como disse o filósofo Immanuel Kant, “o homem é a única criatura que deve ser considerada como um fim em si mesma”. E o cão? Talvez ele seja o melhor exemplo de como a vida pode ser vivida sem preocupações com interpretações humanas.
Padre Joacir d’Abadia, Filósofo, autor de 16 livros, Especialista em Docência do Ensino Superior, Bacharel em Filosofia e Teologia, Licenciando em Filosofia, Professor de Filosofia Prática. Acadêmico: ALANEG, ALBPLGO, AlLAP, FEBACLA e da “Casa do Poeta Brasileiro – Seção Formosa-GO”_ Contato: (61) 9 9931-5433 | Segue lá no Instagram: https://www.instagram.com/padrejoacirdabadia/
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