Dom Orani: por todos e com todos

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Algumas pessoas são expoentes da boa vontade humana, e uma dessas pessoas nós temos a alegria de chamar de nosso arcebispo, há 10 anos. Dom Orani João Tempesta, que desde 2014 é cardeal, foi nomeado para assumir a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro como arcebispo metropolitano no dia 27 de fevereiro de 2009. Também comemoramos, no dia 26 de fevereiro, 22 anos de eleição como sucessor dos apóstolos.

Ao ser eleito, Dom Orani escolheu como lema de seu ministério episcopal “Ut Omnes Unum Sint” (“Para que todos sejam um”). Mas não é por isso que o chamamos de pastor da unidade. Muito antes de uma frase formada pela composição de cinco palavras, vem o exemplo do nosso cardeal. Ele forma um só conosco, que somos seu povo, e defende nossos interesses, como pastor que é. O cardeal entendeu, em algum momento, durante as andanças que fez pelo país, que para defender os interesses do povo, precisaria ser “político”. Mas essa palavra, infelizmente, tem tomado uma conotação tão errada nos últimos tempos… E é uma pena.

Segundo o dicionário, política é a “arte ou ciência de governar”, é “cerimônia, cortesia, urbanidade”, e é, ainda, a “habilidade no relacionar-se com os outros, tendo em vista a obtenção de resultados desejados”. É importante não confundir com politicagem, que é a “busca de interesses pessoais”.

Dom Orani é um pastor extremamente político, que conversa com todas as instâncias da população, desde os mais pobres até os mais poderosos, mas entende e busca defender, sempre, e de forma mais intensa, desde o início de seu ministério episcopal, os interesses dos pobres, dos mais fracos, de quem mais precisa. O Papa Francisco faz a mesma coisa. Não foi à toa que o pontífice concedeu a ele o cardinalato.

Quando foi pastor de Belém, no Pará, de 2004 a 2009, ele conseguiu, por meio de parcerias com instituições de ensino ou de pesquisa, beneficiar inúmeras pessoas. Mas o que mais chama a atenção nesse caso, não é saber dos números. É saber que ele, em pessoa, foi conhecer com profundidade a Amazônia: aqueles lugares onde os seres humanos não são vistos ou lembrados. E ele estava lá. Ele se aproximou do povo, entendeu os anseios, os sofrimentos e as angústias. Através de projetos sociais e parcerias com instituições privadas ou públicas, conseguiu devolver um pouco da dignidade que havia sido roubada dessas pessoas. E o faz até o dia de hoje em nossa arquidiocese.

Apesar de exercer um ofício espiritual, o cardeal não deixa de se preocupar com as necessidades do povo. Ele atua em todas as frentes nos mais variados segmentos, em uma ação pastoral que beneficie o homem em sua integralidade, começando, é claro, pela dimensão espiritual. Por isso, a Igreja Católica investe tanta energia na animação vocacional, para que muitos vocacionados cheguem ao sacerdócio e possam, também, serem pastores que sentem o cheiro das ovelhas, que caminham com o povo, a exemplo do nosso pastor, Dom Orani.

Ele se preocupa com o próximo. Sua política é manter um esforço constante para que existam, cada vez mais, espaços que atendam às necessidades espirituais e físicas do povo. Por isso, busca a construção de espaços voltados para a boa vivência da vida cristã, através dos sacramentos e para quem quer se alimentar da força que vem do mistério da ressurreição.

Ele se preocupa, ainda, em buscar meios para que as pessoas tenham: educação de qualidade, com valores cristãos; socorro nas emergências de enchentes; cidadania; saúde. É sempre um dos primeiros a se manifestar quando ocorrem acidentes como o de Brumadinho, ocorrido em janeiro, que deixou muitas famílias complemente sem rumo e sem chão. Ele não demorou a se manifestar e enviar, através da Cáritas Arquidiocesana, apoio financeiro, e, principalmente, apoio espiritual, com o envio de sacerdotes ao local.

Por meio da Pastoral do Menor, por exemplo, firma acordos como o que temos com a Marinha do Brasil, que através do Projeto Forças no Esporte (Profesp) provê formação à juventude que se encontra em situação de vulnerabilidade social. Dessa forma, traz apoio espiritual, psicológico e educacional para que essas crianças não sejam outras a se perderem nas durezas do mundo.

Através de uma articulação com o estado, a Igreja Católica consegue ir até os presídios e unidades do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) para prestar assistência religiosa aos adolescentes privados de liberdade, realizar missões como a “Amor que cura no cárcere”, em que médicos voluntários vão até esses locais para prestar serviços de saúde às pessoas privadas de liberdade.

Dom Orani costuma agir politicamente, realizando parcerias saudáveis em benefício do povo de Deus. Em Belém, realizou com a Embrapa; com o Sesc, que garantiu que a “Mesa Brasil”, programa de segurança alimentar e nutricional sustentável, pudesse distribuir, somente em um ano, mais de 45 mil quilos de alimentos excedentes próprios para o consumo e sem valor comercial nas unidades paroquiais. Com o Serviço de Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Senac e outros órgãos, foi possível a realização de cursos profissionalizantes e de promoção social.

Foi o precursor do projeto “Água em casa, limpa e saudável”. Por fazer visitas missionárias frequentes às comunidades ribeirinhas da Amazônia na região de Belém, Dom Orani pôde constatar que as pessoas, apesar da abundância de água doce no local (nos rios do entorno e na grande quantidade de chuvas), não tinham água potável em casa para atividades básicas, como preparar comida, tomar banho ou escovar os dentes.

Foi assim que teve a iniciativa de articular esse projeto no local, nos moldes do que a Cáritas Brasileira implantou no nordeste brasileiro, mas com adaptações. Dessa forma, a água da chuva passou a ser captada e tratada por centenas de ribeirinhos, que passaram a ter água potável em suas casas. Também nas ilhas em torno da cidade, incentivou a implantação de banheiros ecológicos, que transformam dejetos em adubo orgânico.

Esses são só alguns – uma parte bem pequena – dos exemplos do cuidado paternal e do carinho que o nosso pastor tem por suas ovelhas, que somos nós. Na figura dele, temos alguém que pensa, se preocupa, “briga” e que luta pelos nossos direitos como seres humanos de ter vida e vida em abundância, digna, com paz e esperança em dias melhores. Graças a ele, conseguimos pensar em um Rio de Janeiro com mais paz, em ter uma cidade cada vez mais maravilhosa em que tenhamos prazer e orgulho de morar.

Foto:Divulgação

Com informações:Arquidiocese de Rio de Janeiro

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