Em meio às festividades natalinas, tivemos o desprazer de tomar conhecimento de graves ofensas à fé cristã aqui em nosso país. Para quem não tem fé ou não é cristão, é difícil imaginar o lugar que Jesus Cristo ocupa em nossa vida. Ele é o Filho de Deus, o enviado do Pai, o Salvador. Ele é o nosso Senhor. Nossa vida gira em torno dele. Por ele fazemos opções e renúncias, assumimos compromissos e nos dedicamos a causas a que ele se dedicou. Longe de, com isso, perdermos a consciência de nossas limitações e fraquezas pessoais, com renovada disposição nos voltamos para ele, que antecipou a todos: “Sem mim, nada podeis fazer!” Doeu, pois, em nosso coração as ofensas que lhe foram dirigidas.
Em resposta a tais ofensas, a Igreja Católica se manifestou através de uma Nota da Presidência da CNBB. Percebi que, em meio a tantas resenhas de final de ano, e a notícias do mundo político, tal pronunciamento passou quase que despercebido pela grande Imprensa. Por isso, o reproduzo a seguir.
“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) repudia recentes fatos que, em nome da liberdade de expressão e da criatividade artística, agridem profundamente a fé cristã. Ridicularizar a crença de um grupo, seja ele qual for, além de constituir ilícito previsto na legislação penal, significa desrespeitar todas as pessoas, ferindo a busca por uma sociedade efetivamente democrática, que valoriza todos os seus cidadãos.
A Igreja nunca deixou de promover a arte e a liberdade de expressão. Por isso, a CNBB reitera que toda produção artística respeite “os sentimentos de um povo ou de grupos que vivem valores, muitas vezes, revestidos de uma sacralidade inviolável”. Quando há desrespeito em produções midiáticas, os meios de comunicação tornam-se violentos, verdadeiras armas que contribuem para ridicularizar e matar os valores mais profundos de um povo.
Vivemos em uma sociedade pluralista. Nem todos têm as mesmas crenças. Devemos, no entanto, como exigência ética e democrática, respeitar todas as pessoas. Nada permite a quem quer que seja o direito de vilipendiar crenças, atingindo vidas. O direito à liberdade de expressão não anula o respeito às pessoas e aos seus valores.
Neste tempo de Advento, somos convocados a permanecer firmes na fé, constantes na esperança e assíduos na caridade. Não podemos nos deixar conduzir por atitudes de quem, utilizando a inteligência recebida de Deus, agride esse mesmo Deus. Um dia, haveremos de prestar contas de todos os nossos atos.
Diante, pois, dessas agressões, respeitando a autonomia de cada pessoa a reagir conforme sua consciência, a CNBB clama a todos os cidadãos brasileiros a se unirem por um país com mais justiça, paz, respeito e fraternidade”.
Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia – Primaz do Brasil
Fonte: Fé Católica
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