Solenidade é comemorada pela Congregação do Santíssimo Redentor, que adotou devoção nascida durante a Peste Negra como Titular
Por Victor Hugo Barros
A Congregação Redentorista comemora, no próximo domingo (18), a solenidade do Santíssimo Redentor. No Santuário Nacional de Aparecida (SP), cuidado por padres e irmãos que compõem esta família religiosa, a solenidade será marcada por uma missa, celebrada no Altar Central da Basílica às 18h.
A Eucaristia será presidida pelo superior provincial da Unidade Redentorista de São Paulo, padre Marlos Aurélio. Entre as intenções da celebração, está o fim da pandemia do novo coronavírus.
“Na Bíblia, vemos que Jesus, que é o Santíssimo Redentor, curava e libertava o povo de seus dores. Por isso, pedimos a Ele que hoje nos liberte. Que nos alcance com sua graça e misericórdia, pois temos vivido tempos de muitos sofrimentos”, afirma o missionário redentorista e prefeito de igreja do Santuário Nacional, padre Helder José.
A devoção e a epidemia – A devoção ao Santíssimo Redentor é mais antiga do que a própria Congregação Redentorista e se originou durante uma epidemia. Em 1575, o nordeste da Itália foi afligido pela Peste Negra, que dizimou a Ásia e a Europa.
Uma das localidades mais atingidas foi Veneza, que na época, era um importante centro marítimo e comercial. Mais de 50 mil mortes foram contabilizadas somente na cidade dos canais. Em números populacionais da época, a cifra é o equivalente a um a cada três venezianos.
“As pessoas, aflitas, recorriam a Jesus, invocando-o como Redentor, Aquele que salva, liberta, e redime, suplicando que Ele os libertasse daquela peste”, explica o mestre em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma e também missionário redentorista, padre Inácio de Medeiros.
Se durante a urgência sanitária a devoção já havia caído no gosto dos fiéis, o fim da peste motivou ainda mais a veneração dos fiéis venezianos. “Com o fim da epidemia, num gesto de gratidão pela redenção ou salvação alcançada sobre o mal da peste, foi construída uma igreja dedicada ao Santíssimo Redentor”, detalha.
A pedra fundamental do novo templo foi assentada em maio de 1577. Dois meses depois, no terceiro domingo de julho, o Doge Sebastiano Venier – então governante local – declarou que a epidemia havia sido eliminada da cidade. “Para celebrarem tal memória, as pessoas promoveram com muita devoção e popularidade uma festa em sua honra, no terceiro domingo de julho, para recordarem tal fato, que perdura até os nossos dias”, conta o sacerdote.
Titular da Congregação – Quase dois séculos após a origem da festa, Santo Afonso Maria de Ligório fundou, em Scala, na Itália , uma nova família religiosa. “O primeiro nome da Congregação teria sido Santíssimo Salvador, mas naquele tempo já havia uma ordem com esse mesmo título. Por isso, a Santa Sé pediu que o nome fosse alterado para Congregação do Santíssimo Redentor”, recorda o doutor em Ciências da Religião com concentração em Bíblia, padre Domingos Sávio da Silva, que também é redentorista.
Com o novo nome, a Congregação passou a celebrar seu Titular junto da festividade nascida em Veneza. “A expansão da Congregação pelos cinco continentes e sua pregação missionária ajudou a tornar essa dimensão da obra de Cristo ainda mais conhecida, mais amada, e as pessoas buscam com mais intensidade o seu socorro e a sua proteção”, relembra padre Inácio.
A Redenção no mundo – Atualmente, a Congregação do Santíssimo Redentor está presente em diversos lugares do mundo. Ao todo, quase 5 mil religiosos, entre padres e irmãos, estão espalhados em 82 países do mundo, divididos em 79 Províncias e Vice-Províncias.
A América Latina e o Caribe abrigam o maior número de Missionários, com quase 1500 deles. Nesta região, a Província de São Paulo, no Brasil, é a segunda maior em número de membros. Apenas a Província de Bogotá, na Colômbia, supera o número de confrades e de comunidades.
A Província Paulista ainda é responsável por diversas frentes de evangelização. Entre elas, o cuidado pastoral e administrativo do Santuário Nacional de Aparecida, que abriga a Imagem original da Padroeira do Brasil.
Foto: Thiago Leon/A12
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