É sob a vibração das batidas marcantes da percussão que toma as ruas do Pelourinho, em Salvador, que as juventudes do Brasil vão poder compartilhar experiências, além de afirmar os sonhos e as lutas por mais oportunidades e direitos.
O Intercâmbio Nacional das Juventudes traz um tema propositivo e alinhado com os desafios que jovens e adolescentes enfrentam no presente e com os sonhos que alimentam para um futuro próximo. “Construindo o Bem Viver: Escutar os clamores, partilhar a resistência”.
O Intercâmbio que vai reunir mais de 60 jovens de todo o Brasil faz parte da agenda do Programa Infância, Adolescência e Juventudes (PIAJ) e vai se realizar de 13 a 16 de setembro, em Salvador (BA).
Menos violações
Todos os principais indicadores sociais e econômicos revelam a situação de vulnerabilidade e ausência de oportunidades positivas no cotidiano da população de jovens e adolescentes no Brasil.
De acordo com dados do estudo Atlas da Violência 2018, do total de 22.918 casos de estupro registrados pelo sistema de saúde em 2016, 50,9% foram cometidos contra crianças de até 13 anos. As adolescentes de 14 a 17 representam 17% das vítimas.
Ainda no mesmo Atlas, lê-se: “A vitimização por homicídio de jovens (15 a 29 anos) no país é fenômeno denunciado ao longo das últimas décadas, mas que permanece sem a devida resposta em termos de políticas públicas que efetivamente venham a enfrentar o problema. Os jovens, sobretudo os homens, seguem prematuramente perdendo as suas vidas. No país, 33.590 jovens foram assassinados em 2016, sendo 94,6% do sexo masculino. Voltamos a ter crescimento do número de jovens mortos violentamente”.
Os dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) no Atlas da Violência 2018 dizem respeito ao período de 2006 a 2016.
De acordo com o assessor nacional da Cáritas Brasileira, Leon Souza, que coordena o Programa Infância, Adolescência e Juventudes (PIAJ), o momento expressa o olhar atento e confiante da Cáritas a respeito da participação e autonomia das juventudes. “Vamos refletir sobre os clamores juvenis, partilhar experiências de enfrentamento à violação de direitos e a construção de uma cultura de cuidado e respeito com os adolescentes e jovens em diferentes territórios. Queremos, ainda, relacionar os clamores e as resistências com a profunda necessidade que temos de novidades democráticas, políticas e pastorais para nossa atuação. Nesse sentido, assumimos, junto com toda Rede Cáritas, o Bem Viver como possibilidade de imaginar outras formas de ser e estar no mundo”, afirma.
Mais Bem Viver
A promoção e o fortalecimento da construção da sociedade do Bem Viver entre as juventudes é uma das prioridades do PIAJ, toda a dinâmica das vivências do Intercâmbio Nacional está pautada na lógica da valorização da diversidade das experiências culturais, das potencialidades sociais e ação transformadora das juventudes.
O assessor nacional da Cáritas Brasileira destaca o que está sendo preparado para os dias de Intercâmbio: “Nossa programação terá início no dia 13 de setembro com uma linda celebração de acolhida. Logo em seguida vamos conversar sobre os clamores de tantas e tantos, jovens, do campo e da cidade, dos rios e dos mares, das florestas e das serras. E pra fechar esse dia, vamos já aquecendo os talentos com o Sarau do Bem Viver. Na sexta-feira, 14 de setembro, teremos oficinas temáticas, plenárias, cirandas e a comemoração dos 30 anos da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3. Uma festa bem baiana, cheia de amor e axé! No sábado, 15 de setembro, visitaremos o Movimento de Águas Claras, onde a Cáritas desenvolve atividades com crianças e adolescentes. Será um tempo de partilhar as resistências!”, afirma Leon Souza.
Bahia de todas as juventudes
A capital baiana será a casa das juventudes durante o Intercâmbio Nacional. O território marcado por tantas lutas de resistência, de tantos povos, será o lugar da beleza, da pluralidade de sotaques, das cores, dos encontros e da intensidade própria de quem convive com as descobertas e potencialidades da juventude.
O grupo será acolhido pela Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3 (Bahia e Sergipe), no local onde pulsa a história e o testemunho franciscano e das comunidades negras, o Convento São Francisco, no Largo do Cruzeiro de São Francisco, coração do Pelourinho, patrimônio da humanidade.
Por Jucelene Rocha
Rede de comunicadores/as da Cáritas Brasileira
Comments
No comment