O Cardeal Giovanni Angelo Becciu, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, presidiu na manhã deste sábado (10/11), na Basílica da Sagrada Família, em Barcelona, à Santa Missa de Beatificação do Padre Teodoro Illera del Olmo e 15 Companheiros.
Os 16 mártires, catalães, membros da Congregação de São Pedro “in Vincoli”, foram assassinados por ódio à fé durante a perseguição religiosa na Espanha, entre 1936 e 1937, um dos períodos mais cruéis da história das perseguições anticristãs na Europa moderna.
As violências se intensificaram entre julho 1936 e abril de 1939, três anos durante os quais foram incendiadas 70% das igrejas do país, assassinados três bispos, 4.200 sacerdotes e seminaristas, mais de 2.000 religiosos e quase trezentas freiras, assim como milhares de leigos acusados de serem “complacentes” com a Igreja Católica.
“Estes novos Beatos, enquanto mártires – explicou em sua homilia, o cardeal Angelo Becciu – anunciaram o Evangelho, dando a vida por amor: com a força de seu sofrimento são o sinal daquele amor maior que abrange todos os outros valores”.
Atualmente, parece impossível afirmar com certeza o número dessas vítimas de ódio profundo à fé, que é no entanto o maior dom que o Senhor nos dá, juntamente com o dom da vida. As últimas – mas apenas em ordem cronológica – foram beatificadas há um ano em Madri.
“Esses mártires também nos convidam a pensar na multidão de crentes que são perseguidos no mundo de hoje secretamente – acrescentou o purpurado – porque comporta a falta de liberdade religiosa, a impossibilidade de defender-se, o internamento, a morte civil”.
O martírio como vitória da fé sobre a perseguição
“Quem nos separará do amor de Cristo”, pergunta o prefeito em sua homilia citando São Paulo, que assim responde: “Nada, nem mesmo a morte, nem as forças misteriosas do mundo, nem o futuro, nem qualquer criatura”.
Esta, portanto, é a vitória que os novos Beatos mártires têm a dizer sobre as perseguições da época contra a Igreja Católica, de acordo com o Cardeal. Eles “semeavam o bem nas paróquias, nos colégios onde ensinavam e nas outras atividades relacionadas com o seu estado de vida”.
“No momento supremo de sua existência – destaca o cardeal Becciu – quando tiveram que confessar sua fé, não tiveram medo: aceitaram a morte porque não negaram sua identidade como religiosos, religiosas ou leigos comprometidos”.
“Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna”, diz Jesus, que nos ensina assim – recordou o cardeal – a viver a nossa existência não “na preservação e na apego a nós mesmos, mas no dom e no amor aos outros”.
Precisamente o que os mártires fizeram. E o verdadeiro caminho do discipulado está no serviço: somente aqueles que são capazes de servir podem dizer que estão caminhando na estrada que Jesus está percorrendo, e podem dizer serem seus discípulos.
Mártires da fé
Os mártires por causa da fé são: o sacerdote Teodoro, oito irmãos e Irmãs da Congregação de São Pedro “in Vincoli”, três Irmãs da Congregação das Capuchinhas da Mãe do Divino Pastor, uma Irmã Franciscana dos Sagrados Corações e três leigos: um viúvo, com sua irmã, e outro jovem. Estes representam apenas uma pequena parte dos mais de novecentos fiéis assassinados durante a perseguição espanhola de 1936.
A partir de 1931, e sobretudo em 1934, várias Congregações religiosas encontraram sérias dificuldades para exercer suas atividades pastorais e educacionais por causa da política antirreligiosa do governo republicano espanhol. Neste contexto, alguns desses religiosos decidiram oferecer sua vida em sacrifício a Deus.
Em Barcelona, de modo particular, havia uma forte tensão social e perseguição cristã violenta, que causaram destruição e incêndios de igrejas, conventos e escolas, e o assassinato de sacerdotes e religiosos.
Padre Teodoro, superior da comunidade de São Félix, celebrou sua última Missa, em uma comunidade de religiosas, no domingo, 26 de julho. Ele sabia que, qualquer dia, poderia ser o último da sua vida. Por isso, preparava-se espiritualmente.
Naquela época, Teodoro foi a Barcelona, para saber notícias de outros religiosos, e voltou para Sant Félix, mesmo sabendo que as milícias tinham ocupado o convento e expulso os alunos. Naquela noite, foram assassinados o Padre Teodoro e mais três jovens religiosos, por militantes de um país vizinho.
Os outros irmãos da comunidade de Barcelona, Ángel María e Acácio, acompanhados por Eliseu, foram acolhidos por Gregório, operário viúvo, e Camila, sua irmã, que vivia com ele. Todos foram assassinados depois de 15 de fevereiro.
As três Capuchinhas da Mãe do Divino Pastor, foram obrigadas a deixar sua casa e o colégio, em Barcelona, para buscar refúgio em casas de amigos. A seguir, o colégio foi saqueado e quase totalmente destruído. Também os dois capelães foram mortos.
A mesma sorte coube a outros religiosos, forçados a entregar objetos religiosos, destruídos publicamente e saqueadas as casas, onde as Irmãs se refugiavam na aldeia, além de outros lugares, igrejas, arquivos eclesiásticos e objetos religiosos.
Assim, muitos sacerdotes católicos, religiosos, religiosas e leigos foram perseguidos e assassinados por “ódio à fé”.
Por Manoel Tavares e Roberta Barbi/Vatican News
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