ARQUIDIOCESE DE POA E CÁRITAS CRIAM KITS SOLIDÁRIOS PARA VÍTIMAS DAS ENCHENTES

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O arcebispo de Porto Alegre e também presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, tem atualizado a situação na capital gaúcha após a tragédia das enchentes que já completou um mês. Na madrugada desta segunda-feira, 3 de de junho, voltou a chover forte e “alguns lugares foram sendo tomados novamente pelas águas, não tanto pelo volume de chuva, mas pelo vento sul que represa a Lagoa dos Patos e consequentemente o Guaíba”:

“Então, os bueiros começam a verter água para fora e vão invadindo ruas que já estavam secas. Uma situação bem delicada. Outra coisa que eu destacaria é o processo de limpeza que estava sendo feito ou que está sendo feito… é uma tragédia! Estive hoje visitando e passando por algumas regiões, e as montanhas de lixo, de móveis, de tudo que nós podemos imaginar, é uma coisa impressionante. Por outro lado, o cheiro forte, o odor de podre de água parada, de esgoto, é uma coisa impressionante, chega a fazer mal.”

A preocupação maior agora, comentou ainda dom Jaime, além da segurança dos abrigos e das ruas, e os pontos de acúmulo de lixo, é com o surgimento de doenças, entre elas, aquelas provenientes “da contaminação que vem do contato com a água das enchentes”:

“Alguém me dizia que isso deve permanecer no tempo, porque depois a própria poeira que fica, conserva vírus, bactérias e etc. Tiveram ilhas aqui da região do Guaíba onde os bancos de areia chegaram a um metro e meio, quase 2 metros de altura.”

A solidariedade em doações e voluntariado

Segundo dados divulgados nesta terça-feira, 4 de junho, pela Rede Hidrometeorológica Nacional, o nível da água do Guaíba, na capital gaúcha, apresentou recuo de 10 centímetros na madrugada, ficando a 3m48cm, abaixo da cota de inundação na estação Usina do Gasômetro.

Já foram confirmadas 172 mortes em razão das enchentes no Rio Grande do Sul. O boletim atualizado da Defesa Civil desta segunda-feira, 3 de junho, ainda contabiliza 806 feridos, 42 desaparecidos, 37.154 pessoas em abrigos, 579.457 desalojados, com mais de 2 milhões de afetados em 475 dos 497 municípios gaúchos.

O arcebispo de Porto Alegre comentou que, em meio à tragédia climática, a solidariedade em termos de doações que chegam do Brasil e de fora do país tem se destacado “talvez como uma experiência ainda não vista na nossa história recente, tamanha a solidariedade de todos”. Além disso, dom Jaime enaltece a atuação massiva de voluntários:

“Depois o voluntariado também, embora agora, depois de um mês, os voluntários estão cansando. Então isso também está se tornando um desafio para nós, nas nossas comunidades, igrejas e espaços onde flagelados estão sendo acolhidos, onde muitos estavam sendo atendidos por voluntários.”

A distribuição de kits às famílias necessitadas

As doações que têm chegado à Arquidiocese de Porto Alegre, vindas de dioceses, paróquias e entidades, estão sendo encaminhadas para a Cáritas que dá o destino final. Eles trabalham com 90 funcionários que direcionam um trabalho também de promoção humana e social:

“Eles recolhem habitualmente doações da cidade, como eletrodomésticos que as pessoas se desfazem e móveis. Ali eles possuem oficinas que tentam recuperar o que pode ser recuperado e depois é revendido por um preço módico, a quem busca esses eletrodomésticos e esses móveis. E as pessoas que trabalham nessas oficinas são aprendizes, liderados por um técnico.”

A próxima iniciativa será a criação de kits que serão distribuídos conforme a necessidade das famílias e comunidades afetadas. Um dos kits, por exemplo, será composto por lava-jato, botas, luvas, rodos, água sanitária. Outro será pensado para a cozinha e formado por panelas, talheres e itens do gênero. Um terceiro kit poderá conter um pequeno guarda-roupa, colchão e talvez cama.

“E estamos tentando buscar fundos para subsidiar isso em favor da população. É um trabalho meticuloso, muito bem conduzido e que realmente merece todo nosso reconhecimento. É um trabalho sério e não faltam desafios. A situação vai perdurar no tempo, sem dúvida nenhuma, nós teremos ainda não só semanas, mas meses difíceis pela frente.”(CNBB)

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