Parceria entre o Santuário Nacional e a Fundação SOS Mata Atlântica já restaurou área equivalente a 300 campos de futebol. Impactos na natureza já podem ser observados.
Por Victor Hugo Barros
O encerramento do Ano Laudato Si, vivido pela Igreja até o último dia 24, foi de comemoração para o Santuário Nacional. No dia em que a Encíclica “sobre o cuidado da Casa Comum” completou seu sexto aniversário, a Basílica da Padroeira do Brasil registrou o número de 524 mil mudas plantadas sob a inspiração do documento assinado pelo Papa Francisco em 2015.
Desde 2016, o Santuário Nacional, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, realiza a restauração de áreas degradadas nos municípios de Aparecida (SP) e Taubaté (SP). O projeto está devolvendo a vida para um território de 272 hectares, o equivalente a 300 campos de futebol.
“A gente vem trabalhando um processo que chamamos de restauração florestal de áreas degradadas. É uma área bem grande onde havia uma pastagem bem degradada e agora está sendo convertida em uma área de Mata Atlântica, como era originalmente”, explica o gerente de Restauração Florestal da SOS Mata Atlântica, Rafael Bitante Fernandes.
A cooperação entre as instituições nasceu a partir de uma resposta concreta do Santuário Nacional à Encíclica Laudato Si. No texto, o Papa Francisco convida os fiéis a protegerem a “Casa Comum” por meio do “desenvolvimento sustentável e integral”, assinala o Santo Padre.
Como no Evangelho, a semente caiu em terra boa e deu fruto. Do número total de mudas, cerca de 100 mil delas foram plantadas em Taubaté (SP). Outras 430 mil na Fazenda Santana, localizada próximo à Rodovia Presidente Dutra, em Aparecida.
“Sozinho, o Santuário levaria décadas para restaurar os hectares que temos. Com a cooperação da SOS Mata Atlântica, hoje já estamos com 85% dos plantios efetivados”, comemora o gestor de Áreas Verdes do Santuário Nacional, Washington Agueda.
Os números já caracterizam o programa como o maior plantio de mudas nativas na cidade de Aparecida. A meta é que os números cheguem a 620 mil.
O sucesso da empreitada ficou ainda mais evidente com o retorno de animais da fauna local ao espaço. Os técnicos que cuidam da área já atestaram a presença de animais ameaçados de extinção, como a rara águia-cinzenta, e o famoso Lobo-guará.
“Isso é um reflexo muito interessante. É a natureza dando resposta positiva a este trabalho que estamos fazendo”, afirma Bitante.
O resultado impulsiona os próximos passos do projeto. As áreas continuarão sendo preservadas e darão origem a uma unidade de conservação. Um plano de manejo para o espaço está sendo desenvolvido.
“O objetivo é garantir a biodiversidade para as futuras gerações. Tudo isso dentro da concepção do cuidado com a Casa Comum, pedida pelo Papa Francisco”, conta Washington.
Além do reflorestamento, a parceria também contempla outras ações. Entre elas, projetos de educação ambiental com jovens, ações de sensibilização e engajamento da sociedade pela conservação da Mata Atlântica.
Foto: Thiago Leon
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