A vivacidade da Igreja timorense e as expressões de grande afeto demonstradas ao Sucessor de Pedro nesta terra que tanto sofreu, são extraordinárias. O testemunho cristão impregnado da história de Timor-Leste saiu em diferentes estilos nas palavras de Irmã Rosa Sarmento, da Congregação das Filhas da Caridade Canossianas, do padre diocesano Sancho Amaral e do catequista Florentino de Jesus Martins, de quase noventa anos, que relatou a sua experiência eclesial antes que o Papa tomasse a palavra.
Irmã Rosa: o futuro é brilhante e promissor
Irmã Rosa destacou o florescimento de vocações sacerdotais e religiosas de que providencialmente goza Timor-Leste, um país onde o anúncio de Jesus foi levado nas pegadas de São Francisco Xavier, “um missionário de excelência do Oriente”, mas que agora envia missionários para o mundo. A religiosa está convencida de que essa abertura fará crescer a dimensão sinodal da Igreja timorense e consolidará a fraternidade humana que já está sendo praticada ali. Ela manifesta gratidão ao Papa ter ido até esta Igreja em saída. “Nós somos um país jovem que alvoreceu no limiar do século XXI, mas, não deixamos de ser também um território abençoado com a maioria da sua população com crianças, adolescentes e jovens. Assim, o futuro da Igreja e da Nação é risonho e prometedor”, disse ela em seu testemunho.
Pe. Sancho e a resistência durante a guerra
E há ainda a audácia com que o padre Sancho enfrentou, durante o processo de independência de Timor-Leste, a transferência de Díli para Ossu do comandante-chefe Kay Rala Xanana Gusmão, acompanhando-o e enfrentando sérios perigos para a sua segurança e a de outros. A sua história nos leva de volta aos tempos sombrios da ocupação indonésia. Foi em 1991, em Díli, que lhe pediram para ir ao Leste; a oração e o discernimento fizeram com que ele decidisse ir apesar do medo e da resistência inicial. Num posto de controle, pensaram que não conseguiriam: o respeito por sua batina salvou ele e o líder da resistência. Isto permitiu que Xanana e os seus colaboradores trabalhassem com os seus companheiros na floresta. Foi uma lição aprendida na guerra: “Deus sabe cuidar daqueles que chamou para a missão”.
O catequista Florentino, a dedicação em levar o Evangelho
Por fim, a coragem de Florentino. Vestindo uma jaqueta multicolorida que o faz parecer um homem de trinta anos, ele fala diante de Francisco, contando sua longa experiência como catequista. Durante cinquenta anos foi primeiro catequista voluntário e depois permanente. Com zelo e sentido de responsabilidade percorreu vários quilômetros a pé, mesmo debaixo de chuva, para não faltar a Comunhão e a Palavra nas áreas mais internas do país. Hoje, ele tem 89 anos, sofre de Parkinson, mas resiste e quis dar o seu testemunho, continuando, como disse, a dar conselhos e apoio moral a outros catequistas que necessitam. O Papa, de improviso, ao cumprimentá-lo, comparou-o brincando a São Paulo Apóstolo: “Os lábios não se paralisaram para anunciar o Evangelho e para batizar”. Como muitos outros, centenas e centenas, ele deu uma contribuição fundamental para história da Igreja timorense, assim como muitos de seus companheiros o fizeram e continuam fazendo nas terras visitadas nesta viagem apostólica do Papa que os elogiou muito e em diversas ocasiões.
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