Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice falou sobre o Evangelho deste domingo que nos apresenta a cura de um leproso.
“Ao doente, que lhe implora, Jesus responde: “Eu quero: fica curado!”. Pronuncia uma frase muito simples, que coloca imediatamente em prática. De fato, “no mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado.” “Este é o estilo de Jesus com quem sofre: poucas palavras e fatos concretos”, sublinhou o Papa.
A seguir, Francisco disse que muitas vezes no Evangelho, Jesus se comporta assim com aqueles que sofrem: surdos-mudos, paralíticos e muitos outros necessitados. “Ele sempre faz assim: fala pouco e as palavras são acompanhadas imediatamente por ações: nesse caso, se inclina, pega pela mão, cura. Não se detém em discursos ou interrogatórios, muito menos em pietismo e sentimentalismos. Demonstra, pelo contrário, o pudor delicado de quem escuta atentamente e age com solicitude, de preferência sem chamar a atenção”, ressaltou o Pontífice.
É uma maneira maravilhosa de amar, e como nos faz bem imaginá-la e assimilá-la! Pensemos também em quando nos acontece de encontrar pessoas que se comportam assim: sóbrias nas palavras, mas generosas no agir; relutantes em aparecer, mas prontas em se tornarem úteis; eficazes em socorrer, porque dispostas a ouvir. Amigas e amigos a quem se pode dizer: “Você pode me ouvir? Quer me ajudar?”, com a confiança de ouvir a resposta, quase com as palavras de Jesus: “Sim, eu quero, estou aqui para você, para ajudá-lo!” Esta concretude é ainda mais importante num mundo como o nosso, em que uma virtualidade efêmera das relações parece ganhar cada vez mais terreno.
A “Palavra de Deus nos provoca”, disse o Papa, citando um trecho da Carta de São Tiago que diz: «Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos”, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará?».
O amor precisa de concretude. O amor que não é concreto não é forte, precisa de presença, de encontro, precisa de tempo e de espaço dados: não pode limitar-se a belas palavras, a imagens em uma tela, a selfies de um momento ou a mensagens precipitadas. São instrumentos úteis, que podem ajudar, mas não bastam para o amor, não podem substituir-se à presença concreta.
Francisco convidou cada um a se perguntar: “Sei ouvir as pessoas? Estou disponível para os seus bons pedidos? Ou dou desculpas, adio, me escondo atrás de palavras abstratas e inúteis? Concretamente, quando foi a última vez que fui visitar uma pessoa solitária ou doente, ou que mudei os meus planos para atender às necessidades de quem me pedia ajuda?”
“Que Maria, solícita no cuidar, ajude-nos a ser prontos e concretos no amor”, concluiu o Papa.
Mariangela Jaguraba/Jackson Erpen – Vatican News
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