Há 75 anos, o desejo de se construir um monumento nacional comemorativo pelo encontro da imagem de Nossa Senhora nas águas do Rio Paraíba, e digno da Padroeira do Brasil, tomava força com o lançamento da Pedra Fundamental no Morro das Pitas, em Aparecida (SP). Local selecionado para ser erguido um novo templo mariano.

A principal necessidade de se edificar uma igreja maior se deu pelo fato de a Basílica Histórica, também conhecida como Basílica Velha, já existente na cidade, não comportar mais o número de peregrinos que, movidos pela fé, passavam por Aparecida para pedir e agradecer graças alcançadas por intercessão da Mãe de Deus.

“Os anos 50 e 60 marcam o acentuado crescimento do número de devotos em Aparecida também por causa da melhoria dos meios de transporte, com a construção da Rodovia Presidente Dutra, pela maior divulgação do culto a Nossa Senhora feito na Rádio Aparecida e pelo aumento das caravanas e romarias das cidades onde aconteciam as Santas Missões, momentos especiais de evangelização e propagação da devoção”, explica o especialista em História da Igreja, padre José Inácio de Medeiros.

A colocação da Pedra Fundamental, em 10 de setembro de 1946, ocorreu em uma solenidade oficiada pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom Manuel Gonçalves Cerejeira. O bispo trouxe terra de Fátima, Portugal, e depositou no cofre da pedra angular. Estavam presentes cardeais de todo o país, além de autoridades civis, religiosas e militares.

No dia seguinte, complementando este marco inicial, foi celebrada a primeira missa no local pelo Cardeal de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta.

O processo do início da construção da igreja exigiu alguns anos de elaboração de plantas e análises técnicas, mas “o ato de lançar a pedra fundamental de um edifício significa o marco inicial da construção, o pontapé inicial e ainda um ato de confiança”, segundo padre Inácio.

Para os católicos o ato transmite ainda um significado especial. “A Pedra Fundamental recorda que é Cristo a Pedra Fundamental sobre a qual a Igreja se edifica como um edifício vivo e dinâmico, sempre sob a liderança dos papas e de nossos pastores”, afirma o missionário redentorista.

Em 8 de setembro de 1954, com o início efetivo das obras, foi realizada uma nova cerimônia. O evento contou com o enviado do Papa, Dom Giovane Piaza. Além de uma procissão com a imagem original da Padroeira do Brasil até o local onde hoje é venerada por milhares de brasileiros vindos de todas as partes do país.

De acordo com padre José Inácio, “a renovação em 1954 foi o marco da construção de fato da nova basílica. Desde então, após quase 70 anos de construção temos o formoso edifício que para muitos peregrinos é como que ‘um pedacinho do céu’. A maior parte das obras foram concluídas até 1980 quando a Basílica foi consagrada pelo Papa João Paulo II e depois de 1999 começaram as obras de acabamento interno a partir do altar central”.

O que não se sabia, no início de tudo, é que este templo se tornaria, anos mais tarde, o maior Santuário Mariano do Mundo. “Esta data histórica marcou o início da realização de um projeto que hoje atrai a atenção de todo o mundo, e não apenas das pessoas católicas. O Santuário de Aparecida marcado pelo arrojo de seus idealizadores e construtores é uma obra que atravessará os tempos”, complementa.