Rotina de sacerdotes também inclui acompanhamento e formação de voluntários, além de evangelização pelos meios de comunicação
Por Victor Hugo Barros
Considerado padroeiro dos sacerdotes, São João Maria Vianney é celebrado pela Igreja Católica na quarta-feira (04). O santo, conhecido como Cura D’Ars, é exemplo para os presbíteros católicos, que desde 2010 o têm como patrono.
No Convento do Santuário Nacional, 35 religiosos, entre padres e irmãos que pertencem à Congregação do Santíssimo Redentor, atuam diretamente no cuidado à Basílica de Aparecida (SP). Embora a figura dos sacerdotes seja, em um primeiro momento, ligada às celebrações litúrgicas, as atividades desenvolvidas por eles não se limitam às missas.
“Há um extenso trabalho que acontece fora do altar e que é voltado para a assistência aos devotos que visitam o Santuário Nacional. É um ofício que, mesmo que não apareça tanto, acontece”, comenta o missionário redentorista, padre Henrique Maciel. “Além dos sacramentos, das santas missas e das confissões, os Missionários Redentoristas que residem aqui na Basílica colaboram também com a evangelização pelos meios de comunicação, acompanham os ministérios, e formam os voluntários que ajudam o Santuário Nacional”.
O sacerdote é um dos mais jovens presbíteros que atuam no templo. Ordenado em 2017, o padre Henrique Maciel trabalha, desde 2019, na Pastoral da Basílica. Além da celebração das missas, o religioso também possui outras atividades no Santuário.
“Acompanho os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão e também a Comissão de Pastoral Interna do Santuário, que desenvolve suas atividades junto aos funcionários. Antes da pandemia, eu auxiliava os coordenadores de romarias que organizam os grupos que visitam o Santuário Nacional”, detalha.
Além das responsabilidades específicas, o sacerdote também atua no acolhimento aos peregrinos. “Minha vocação é fortalecida ao testemunhar a fé dos devotos que vem pagar suas promessas. Eles chegam sedentos do amor de Deus e nos permitem ser canais da bênção d’Ele por meio das palavras, do acolhimento, das bênçãos que são dadas e dos sacramentos administrados”, afirma.
O grande número de atividades não é atribuído apenas ao presbítero mais jovem. Dos 48 anos de sacerdócio do padre Antônio Agostinho Frasson, 46 deles são dedicados à Nossa Senhora Aparecida e seus devotos. Ele é o religioso que há mais tempo atua diretamente no Santuário Nacional.
“Praticamente na véspera de completar dois anos de padre vim trabalhar na Paróquia de Aparecida. Naquele tempo, a cidade toda era uma Paróquia só”, rememora padre Frasson, que chegou em 1975 ao município e desde então exerce seu ministério da “Terra da Padroeira”.
Para atender cerca de 25 mil pessoas – população da cidade naquela época – a Paróquia contava com apenas três sacerdotes. Para que as 15 comunidades de Aparecida fossem atendidas, os padres tinham que se desdobrar. “Foi um período de grande contato com o povo de Aparecida. Pegava minha bicicleta e ia até diversos bairros para dar catequeses, celebrar missas e atender o povo”, recorda.
Dois anos depois, a bicicleta seria trocada por uma Kombi. Foi neste veículo que o religioso rodou o Brasil levando a Imagem Peregrina de Nossa Senhora Aparecida. “Foram muitas as cidades visitadas e uma programação intensa desde a chegada até a partida da Imagem. Nesta missão, estive em quase todas as regiões brasileiras, sempre pregando o Evangelho”, lembra.
No mesmo período, atuou na Rádio Aparecida, realizando e dirigindo programas da emissora. “Entre eles, me marcou muito a entrevista com os senhores romeiros. Era o momento em que o peregrino podia, pela rádio, mandar um abraço para a família ou contar sua história de fé. Eles gostavam muito e eu também, pois tinha muito contato com os devotos”, confessa o sacerdote.
Ao longo de seu trabalho no Santuário da Padroeira, recebeu três papas. Francisco, em 2013; Bento XVI, em 2007; e João Paulo II – hoje canonizado – em 1980. A visita do pontífice polonês foi a que mais marcou a trajetória do padre Frasson, que pôde ficar lado a lado com o Santo Padre na Basílica vazia.
“O Papa entrou quase sozinho na Basílica para realizar o ritual de sagração do Altar e eu o estava esperando no presbitério. Narrei a cerimônia estando lado a lado com João Paulo II e depois saímos juntos pelo corredor da Nave Sul”, conta emocionado.
O trabalho do padre Frasson não parou por aí. Entre 1981 a 1990, atuou diretamente na Pastoral da Basílica. De 1990 a 1996 auxiliava na rotina do Santuário enquanto também atuava na Rádio Aparecida. Logo depois, retornou para o maior templo dedicado à Virgem Maria no mundo.
No principal templo católico do país, assumiu diversas funções, chegando a ser reitor em 2002. Atualmente, trabalha na Pastoral do Santuário, presidindo celebrações e administrando sacramentos. “É um trabalho de envolvimento com os romeiros que chegam, realizando o acolhimento”, define.
Para dar suporte a tantas atividades, a equipe de Missionários Redentoristas que atua no Santuário Nacional conta também, de forma rotativa, com o auxílio de cerca de outros 25 religiosos, entre padres e irmãos. Em períodos de grande movimentação, o número é ainda maior, já que religiosos de diversas cidades da Província Redentorista de São Paulo ajudam no atendimento aos peregrinos e na celebração de cerimônias religiosas.
Foto: Gustavo Cabral
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