POM: Padre Maurício, como recebeu a notícia da sua recondução como diretor das POM no Brasil para os próximos cinco anos (2021-2026)?
Pe. Maurício: O processo de escolha para o diretor das POM segue algumas etapas. A Congregação para a Evangelização dos Povos e o presidente internacional das POM em Roma solicita à presidência da CNBB, através da nunciatura apostólica, uma terna com nomes e currículos dos possíveis candidatos(as). Depois do envio da lista tríplice, a Congregação envia o Decreto de nomeação à nunciatura, que transmite à presidência da CNBB e à autoridade responsável do candidato. Recebi a comunicação na última sexta-feira, dia 26, através de Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, e do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB, Dom Odelir José Magri.
POM: Quais as suas expectativas para dar continuidade à missão na direção das POM?
Pe. Maurício: Há cinco anos, quando dava o sim para a direção das POM, o sentimento era diferente. Não imaginava a dimensão deste serviço nacional, mas sabia que era necessário mudar de estado e de função. Hoje mais consciente e realista, estou ciente dos desafios para os próximos anos, destaco três:
1. Tornar às POM mais conhecida. Segundo o Papa Francisco, as POM ainda são pouco conhecidas, e por isso precisamos continuar neste caminho de estar à serviço das Igrejas locais, através das Obras: Propagação da Fé, com atividades junto às Famílias Missionárias, Juventude Missionária e Idosos e Enfermos Missionários; Infância e Adolescência Missionária (IAM) e Pontifícia União Missionária que atuam diretamente na formação missionária de todo o povo de Deus, com destaque à formação inicial e permanente do clero e da vida consagrada. Neste sentido das POM de se tornar mais conhecida, como obras missionárias do Papa, alguns passos já foram dados, mas necessitam ser ampliados.
2. A renovação das POM. Estando presente em 130 países, as POM vivem um processo de renovação, tendo como objetivo voltar às fontes do seu carisma fundacional, iniciado com a leiga Pauline Jaricot. Dentro deste caminho de renovação, em 2022 iremos celebrar três importantes aniversários. Quatrocentos anos de criação da “Propaganda Fidei” (1622) hoje Congregação para a Evangelização dos Povos; duzentos anos de nascimento da Obra da Propagação da Fé com Pauline Jaricot (1822) e cem anos que o Papa Pio XI fez a elevação das três primeiras obras ao caráter pontifício (1922). Será um tempo oportuno de aprofundar a natureza e o carisma das POM; rever suas estruturas atuais e ações necessárias de renovação.
3. O caminho sinodal. As POM caminham junto e em comunhão com a Igreja do Brasil, através do Conselho Missionário Nacional (COMINA); dos Conselhos Missionários nos regionais, COMIREs e nas dioceses através dos COMIDIs. Juntos, estamos na fase de implantação do Programa Missionário Nacional (PMN) com suas quatro prioridades: Formação, Animação Missionária, Missão Ad Gentes e Compromisso profético social. O Programa está em sua fase de implementação acolhendo as contribuições dos quatro grupos de trabalho. O PMN, embora aprovado para quatro anos (2019-2023), com suas prioridades, projetos e ações, dará norte no caminho missionário para todas as forças vivas da Igreja do Brasil.
POM: Como as POM pode contribuir para despertar em medida maior a consciência da Missão Ad Gentes?
Pe. Maurício: As POM são uma rede mundial de oração e solidariedade que apoia o Papa no seu compromisso missionário com todas as Igrejas Particulares, esta é a sua identidade. Existem para “promover o espírito missionário universal em todo povo de Deus”, CM,5), este é seu objetivo. Neste sentido, creio que no Brasil crescemos na consciência missionária, sobretudo no âmbito da pastoral ordinária, precisando dar muitos passos no compromisso missionário além-fronteiras, no âmbito da cooperação Ad Gentes. Temos apensas três regionais da CNBB como projeto Ad Gentes que enviam missionários para Moçambique e Guiné Bissau, através dos regionais Sul I, Sul II e Sul III. Outro projeto, assumido pelos bispos desde 1972, é o projeto Igrejas Irmãs, onde cada diocese dá de sua pobreza para cooperar na missão além-fronteiras. Destaco também a importância da Campanha Missionária, que no mês de outubro recorda à Igreja sua natureza missionária, tendo o compromisso concreto de intensificar a oração e a ajuda material às Igrejas mais necessitadas do mundo.
POM: Nestes cinco anos na direção das POM, qual experiência destaca?
Pe. Maurício: Além do serviço administrativo e burocrático da função de diretor, foram muitas surpresas e experiências significativas nos últimos cinco anos. Torna-se difícil destacar um fato. Sempre me marcaram as visitas e formações missionárias aos regionais e arqui (dioceses) do país, como também as visitas em outros países, onde estão as missionárias e os missionários brasileiros. Recordo a visita ao Haiti, Moçambique, Bolívia, México, Filipinas e Índia. Foram ocasiões para experimentar a beleza da missão ad gentes e a proximidade com as pessoas. Os encontros anuais com o Papa Francisco na Assembleia Geral das POM e a participação no sínodo para Amazônia foram também momentos marcantes. Ter a oportunidade da proximidade com o Papa, ouvi-lo, saudá-lo e dialogar com ele foi surpreendente e animador. Estar neste serviço é uma graça que amplia a compreensão do ser Igreja e os horizontes da missão que não se esgota em atividades, mas toca nosso ser em todas as suas dimensões, pois a missão é permanente e não se reduz a uma dimensão ou em atividades. “A Igreja é missionária por sua própria natureza” (AG,2).
Agradeço a oração e apoio de todas as pessoas que encontrei ao longo destes cinco anos e peço que continuem rezando por mim e caminhando junto no próximo quinquênio. Que a força do evento Pascal, donde brota toda vitalidade e paixão missionária nos contagie para sermos “testemunhas até os confins do mundo” (At 1,8).
Fonte: POM/Vatican News
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