Quaresma: um tempo de reflexão e penitência

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“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15)

Amados irmãos, é tempo de está com o Senhor, caminhar com Ele seguindo os seus passos. É tempo mais do que nunca para acompanhá-lo nos mistérios de nossa fé: encarnação, paixão, morte e ressurreição. Iniciamos com a Quarta-feira de Cinzas o Sagrado Tempo da Quaresma. Quarenta dias que nos introduzirá nos mistérios de nossa Salvação. Por natureza um tempo de penitência, oração e as práticas de caridade. Tempo de deserto e de subir à montanha. Momento oportuno de voltarmos com todo o nosso coração ao Senhor, e colocar diante de Deus a nossa vontade de conversão, confiando a Ele que seja benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia. É nessa motivação que iniciamos esse período quaresmal.

Vivemos em tempos difíceis, às vezes a nossa fé parece esmorecer. Podemos dizer que já vivemos uma constante quaresma, desde que iniciou o período da Pandemia. Há quase um ano tudo parava e nos trancávamos em nossas residências. Os nossos lares, assim como já deve ser, tornou-se uma extensão de nossas Igrejas. Ainda hoje vivemos essa realidade. Não é o novo normal, isso não faz parte da natureza humana vivermos isolados, distantes, mas sim: próximos, em comunidade, entre irmãos.

Caríssimos, é nesse contexto que iniciamos esse sagrado tempo. Alguns ainda em suas casas, outros já presentes nas nossas assembleias, mas todos nós somos convidados a fazer a experiência de Deus, a criarmos laços de amizade profunda com nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Essa relação não é distante ou fora da cruz. Santo Tomás de Aquino dizia: “a paixão de Cristo é suficiente para informar toda a nossa vida. Quem quiser viver perfeitamente, basta que despreze aquilo que Cristo na Cruz desprezou e deseje aquilo que Ele na Cruz desejou”. A paixão de Cristo deve guiar os nossos passos, é no caminho do Calvário que encontramos os meios de vivermos esse tempo quaresmal. Em Cristo buscarmos o exemplo de sua entrega, humildade e obediência ao Pai; do seu desprendimento das coisas desse mundo que passam e não são essenciais para a vida cristã, mas meramente úteis. Sigamos os passos do Senhor, imitemos suas ações nesse tempo de Pandemia, onde muitas vezes vemos reinar o medo e desesperança. Que o Senhor seja o nosso consolo, não nos afastemos da cruz. Sejamos cristãos corajosos.

Numa sociedade que só deseja glória e foge da cruz, nós cristãos continuaremos a falar da cruz de Jesus, nela esconde a sua sabedoria e não a dos homens, dela falaremos no mundo secularizado, paganizado e distante de Deus. São Paulo diz a comunidade de Coríntio: “julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado” (1Cor 2, 2). É tempo de abraçar a cruz e caminhar com ela.

A nossa vida é um processo de cura interior. Enquanto estivermos com os pés aqui nesta terra, sempre existirá esse processo. Que o tempo quaresmal nos ajude a compreender que a única esperança de salvação para a humanidade é Cristo o Senhor.

Este tempo de graça não pode ser uma ocasião de pecado, mas para nos ajudar a marchar rumo ao Céu. O profeta Ezequiel nos adverte: “Arrependei-vos, convertei-vos de todas as vossas transgressões a fim de não terdes ocasião de cair em pecado. Afastai-vos de todos os pecados que praticais. Criai para vós um coração novo e um espírito novo. Por que haveis de morrer, o casa de Israel? Pois não sinto prazer na morte de ninguém – oráculo do Senhor Deus. convertei-vos e vivereis” (18, 30b-32). É hora de rezarmos mais e fazermos mais penitência. É Quaresma, não mais uma, mas sim oportunidade única, singular que o Senhor nos concede para voltarmos ao seu encontro. Renovados em Cristo, não podemos mais dormir pelo sopro dos vícios e dos pecados, mas continuar lutando para que verdadeiramente, sejamos símbolo da luz que levamos nos nossos corações, Cristo.

Uma feliz e Santa Quaresma. Deus os abençoe.

Foto:Divulgaçao/Internet

Por Diácono Ramon Lima/Diocese de Eunápolis(BA)

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