A inquietação com o mundo pede de cada pessoa um “mais”. Mais o quê? Ir além de tudo quanto se busca. Um buscar que nunca se esvai. Aprofundar nos grandes mistérios do universo, não; antes, aprofundar no mistério do homem que está inquieto no mundo. Seguir um “mais”, um mais o mesmo. Esta angústia deste homem inquieto sofre alguns descompassos por causa do seu cansaço.
Ele necessita ser novo, porém um novo mais novo hoje do que ontem. Assim querer dar um sentido a esta indecisão requer um reconhecimento irrelevante do que este homem diz ser. Tudo parte de uma falsa acolhida do que realmente o homem se propõe ser. O desejo de ser aquilo que o homem não consegue ser, faz dele um homem inquieto, angustioso e, por fim, um homem cansado da vida.
Seu caminho longo a percorrer na vida, em meio ao universo se torna infinito pela pequenez que seja o homem, o faz ainda mais ínfimo; insignificante na sua vida inteira. Claro, principalmente, quando o “mais” que o homem almeja é o que ele não pode ser. O que deve, portanto, escolher? O silêncio, “o grande ausente de nossa sociedade”, como pode dizer grandes pregadores.
O silêncio deste homem inquieto o reduz ao esquecimento do que ele quer ser, sem poder ser. Calar suas preocupações com o mundo pode levar o homem ao que ele é. Caminhar para o além de seus limites pode culminar com o encontro com aquilo que o homem é, sendo ele mesmo todos os dias. Seu “mais”, aliás, é descobrir que a novidade é o que as coisas são todos os dias, sendo elas mesmas.
Neste mundo de integração do homem, o “mais” que nos deve inquietar é redescobrir que o “mais mesmo” é ser o que realmente somos, todos os dias e não se apegar ao que desejamos ser, sem, contudo, poder ser. Deste modo, ser o que é todos os dias, ajuda o homem silenciar suas inquietações que causa angústia e lhe ajude compartilhar com os outros homens seu “mais” o mesmo.
Texto:Padre Joacir d’Abadia, filósofo especialista em Ensino Universitário, amante das coisas simples
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