O bispo de Valença (RJ) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Nelson Francelino Ferreira, divulgou mensagem aos jovens brasileiros por ocasião da celebração do Dia Nacional da Juventude na Igreja no Brasil, neste domingo, 25 de outubro.
Apesar da data ser fixada neste fim de semana pelo calendário da comissão, cada diocese escolhe o melhor momento para celebrá-la no segundo semestre de cada ano, considerando a realidade local. Inspirado na Campanha da Fraternidade deste ano, o DNJ assumiu como tema: “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”, e o lema “Ouviu e juntos com eles caminhou” (Lc 24,15-17), versículo da passagem dos discípulos de Emaús.
Em sua mensagem, dom Nelson exorta, sobretudo neste contexto de pandemia, os jovens a serem presença na história das comunidades, de seu bairro, cidade e país, a viver em comunhão e sinodalidade com a Igreja e a viver sua missão em saída numa Igreja em saída. Conheça a íntegra da mensagem abaixo:
Presença, comunhão e missão para o Brasil não perder a Esperança!
Gostaria de, a exemplo do Santo padre, o Papa Francisco me dirigir a vocês, jovens de todo o Brasil, por ocasião desse DNJ 2020 (marcado com a obscuridade da Pandemia, incertezas, desempregos e tantas mortes) com três Palavras, essas precedidas com um pequeno silêncio pelas mais de 150 mil vítimas fatais, dentre elas, muitos jovens: (Silêncio).
A primeira palavra é “presença”. Nesses tempos obscuros de Pandemia, Jesus está conosco, ele sempre está e esteve presente na nossa história. Se não nos convencermos disso, não encontraremos iluminações para agirmos e superarmos essa situação tão sofrida de luto, pranto e perdas de vidas, situações de desemprego, tantas corrupções, fakenews e polarizações, que põem em risco as verdades dos fatos. Jesus, que disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, caminha conosco.
Pensemos nos discípulos de Emaús, fundamentação bíblica do tema do DNJ 2020 – “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” com o lema “Ouviu e junto com eles caminhou” (Lc 24 – 15,17), Jesus se fez, ao longo dessa Pandemia, nosso irmão e nos convida a construirmos juntos “a civilização do amor”, e, como seus discípulos e missionários juvenis, aqui e agora em cada canto do Brasil: em casa, com seus amigos, nas situações que vivemos todos os dias. É por isso que é necessário estar com Ele, ir ao encontro d’Ele na oração, na Palavra, nos sacramentos. Dedicar-lhe tempo, fazer silêncio para ouvir a sua voz. Fazer silêncio, não é fácil. Porém, como os discípulos de Emaús O reconheceram ao partir o Pão e ao ouvir sua Palavra, constatando que Esta lhes ardia o coração e partiram alegres e confiantes para anunciar aos irmãos de Jerusalém o belo e grande encontro que os retirou do pessimismo e da tristeza. Aqui, nesse DNJ, você também pode se renovar e pode, com Jesus, renovar e mudar a sua história e a história de outros tantos jovens de sua cidade e de seu bairro, tal como, também, uma menina de dezesseis anos que vivia em Nazaré, que através de seu “sim”, mudou a história da humanidade.
Caríssimos Jovens, Vocês também podem renovar a história de seu bairro e da sua cidade. Os discípulos de Emaús partiram às pressas para Jerusalém, pensando na tristeza dos companheiros que lá, as portas fechadas, ficaram prisioneiros dos seus medos. Queremos nos aproximar dos pobres, dos necessitados. Jesus está conosco nesse caminho, Ele nos encontra, nos cura e nos envia para curar os outros, também. Para seguir nesse caminho de ajuda aos outros a se levantarem, não devemos esquecer, precisamos de encontros pessoais com Jesus, momentos de oração, de adoração e, acima de tudo, escuta da Palavra de Deus.
A segunda palavra é “comunhão”. Nós não construiremos sozinhos essa nova história. Infelizmente, alguns insistem no individualismo e subjetivismo, pensam que sozinhos ou com seus próprios projetos vão construir a história. Nossa juventude não pode esquecer que somos um povo e a história constroem os povos. Somos uma comunidade, somos uma Igreja juvenil, que, embora se expressando na pluralidade das expressões, somos um Povo. E se quisermos construir, devemos fazê-lo no povo de Deus, na Igreja, como povo. Não em um grupinho, separado da vida do povo de Deus. Aprendamos a Caminhar como povo, na sinodalidade apontada pelo nosso querido Papa Francisco.
Nesse tempo, não fiquemos à margem: os celulares precisam ser atualizados para funcionar melhor. Também a nossa pastoral juvenil precisa se atualizar, renovar-se e rever a conexão com Cristo à luz do Evangelho. Digamos por todo o Brasil , portanto, presença e comunhão.
A terceira palavra é “missão”. Somos chamados a ser Igreja jovem em saída, Igreja missionária, Igreja profética. Jamais fechada em nossos confortos e esquemas, mas aberta ao encontro do outro. Uma Igreja juvenil Samaritana, misericordiosa, numa atitude de diálogo e de escuta. Jesus nos chama, nos envia e nos acompanha para nos aproximarmos de todos os jovens sem sonhos e entusiasmos que se proliferam em nossos dias. A juventude têm a força da inquietude, do inconformismo: Dizia o Papa Francisco num dos encontros preparatórios ao Sínodo da juventude: “sejam inconformistas, façam barulho, não deixem que a história seja escrita do lado de fora, enquanto vocês olham da janela, não fiquem na varanda da vida, coloquem os tênis, saiam com a camiseta de Cristo e lutem por seus ideais”.
Ele está no meio de nós: Vamos com ele, curar as feridas de muitos dos nossos irmãos que estão à beira da estrada, vamos com Ele – nesse DNJ – semear a esperança nas (arqui)dioceses do nosso Brasil, vamos com Ele para renovar a história. Muitas vezes, ouvimos que somos o futuro da Igreja, no entanto surge a convicção que somos na verdade, o presente com raizes profundas, que se compromete com a Vida!
Bom DNJ por todo o Brasil! Que o nosso saudável barulho nas redes sociais ajude a despertar em toda a juventude com as suas lutas e perplexidades, a profecia em torno da vida com fé, esperança e caridade.
Dom Nelson Francelino Ferreira
Bispo de Valença (RJ)
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB
Fonte:CNBB
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