Dom Guido escreve sobre o lema de Dom Mário: “Pelo testemunho de Dom Mário também eu Creio na Caridade”

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CREMOS NA CARIDADE

Aproximando-se o dia do vigésimo aniversário do encontro definitivo de Dom Mario Zanetta com o Bom Pastor e meditando o Evangelho que nos apresenta a Parábola do Bom Samaritano, quis parar um pouco para deixar que a graça de Deus desperte umas reflexões para melhor viver esta circunstância.

Em primeiro lugar, sempre achei interessante e cheio de provocação o lema que Dom Mário escolheu para definir como gostaria viver o seu ser Bispo: “Cremos na Caridade”.

Aqui encontramos as três virtudes teologais, também se numa visão superficial aparecem só duas.
Cremos: a virtude da Fé que é o dom que Deus gratuitamente nos dá para podermos reconhecer a existência e a Presença dele em Jesus Cristo através da Sua Igreja.

A fé católica não é restrita unicamente ao afirmar a existência de Deus, mas é reconhecer que Ele se revelou em Jesus Cristo: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9) e que a Presença de Jesus continua na Igreja: “Quem vos escuta é a mim que escuta e quem vos despreza é a mim que despreza; ora, quem me despreza, despreza Aquele que me enviou.” (lc 10,16)

A partir da profissão de fé nasce a Esperança, pois o bem da vida não depende unicamente de nós ou dos outros limitados como nós, mas da misericórdia e compaixão de Deus Pai.

Como consequência da Fé e da Esperança nasce a Caridade, o Amor, pois Deus é Amor infinito que derramado sobre nós através do nosso testemunho abraça o irmão e a Irma que mais precisam da ternura de Jesus.

Toda a vida de Dom Mário é o testemunho claro de que as três virtudes não são peças de museu incapazes de incidir e mudar a vida, mas que se transformam em ação vivente com a força do Espírito Santo.

Tornando-se ação vivente ajudam as pessoas que as praticam e quem é alcançado pela ação e pelo testemunho a aderirem à Verdade vivente, isto é, a viverem um relacionamento mais familiar com Jesus e com os irmãos.

Santa Teresa de Calcutá dizia que o que ela e as suas irmãs faziam nascia do fato de que elas pertenciam a Jesus e pertencendo a Ele era inevitável reconhecê-Lo nos mais pobres.

A vida e a ação pastoral de Dom Mário traduziram a fé, a esperança e a caridade numa experiência cotidiana, ajudando as pessoas a saírem do próprio individualismo ou espiritualismo para entrarem na concretude da vida e serem realmente sal da terra e luz do mundo.

A partir do Batismo cada um de nós se torna responsável não só de si mesmo, mas também dos outros a fim de que cada um possa reconhecer quanto é amado por Deus e assim descobrir os dons que cada um tem também se não são reconhecidos pela sociedade e pela mentalidade mundana.

Ser responsável do outro é a verdadeira amizade e para vivê-la profundamente precisa de sacrifício, pois significa lidar com a liberdade do outro que não sempre aceita ser ajudado.

No livro ‘O Pequeno Príncipe’ encontramos uma belíssima definição de amizade: “O que quer dizer cativar? É uma coisa muito esquecida… Significa criar laços.”

Celebrar o vigésimo aniversário da morte de Dom Mario é exatamente renovar os laços de amizade que a sua presença despertou em muitas pessoas e nos tornar responsáveis das Obras que ele iniciou e deixou a fim de que cada um de nós possa afirmar: “Pelo testemunho de Dom Mário também eu Creio na Caridade.”

Por Dom Guido Zendron e foto de capa TV Caatinga.

Com informações da Diocese de Paulo Afonso(BA)

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