O mundanismo espiritual foi assinalado pelo Papa Francisco em sua encíclica Evangelium Gaudium, onde o Santo Padre convoca a Igreja para uma evangélica opção pelo despojamento, deixando de lado uma exacerbada corrida pelo materialismo em detrimento a vida austera proposta por Jesus Cristo nos Evangelhos. O Santo Padre insiste que: “mas será que não podemos fazer um cristianismo um pouco mais humano – dizem – sem a cruz, sem Jesus, sem despojamento? Desta forma, nos tornamos cristãos de pastelaria, como as belas tortas, como os belos doces! Belíssimo, mas não realmente cristãos!”
O Papa advertiu que “o cristão não pode conviver com o espírito do mundo. O mundanismo que leva à vaidade, arrogância, ao orgulho. E este é um ídolo, não é Deus, é um ídolo! E a idolatria é o pecado mais grave!”.
O Santo Padre indicou que “é ridículo que um cristão – um verdadeiro cristão – um padre, uma freira, um bispo, um cardeal, um papa, queira ir pela via deste mundanismo, que é uma atitude assassina. Mundanismo espiritual mata! Ele mata a alma! Mata a pessoa! Mata a Igreja!”.
O mundanismo espiritual, que se esconde por detrás de aparências de religiosidade e até mesmo de amor à Igreja, busca, em vez da glória do Senhor, a glória humana e o bem-estar pessoal. É aquilo que o Senhor censurava aos fariseus: “Como vos é possível acreditar, se andais à procura da glória uns dos outros, e não procurais a glória que vem do Deus único?” (Jo 5,44). É uma maneira sutil de procurar “os próprios interesses, não os interesses de Jesus Cristo” (Fl 2,21). Reveste-se de muitas formas, de acordo com o tipo de pessoas e situações em que penetra. Por cultivar o cuidado da aparência, nem sempre suscita pecados de domínio público, pelo que externamente tudo parece correto. Mas, se invadisse a Igreja, “seria infinitamente mais desastroso do que qualquer outro mundanismo meramente moral”. EG(93-97).
De que deve despir-se a Igreja?
Despir-se de todo mundanismo espiritual, que é uma tentação para todos; livrar-se de toda ação que não seja para Deus, de Deus, o medo de abrir a porta e ir ao encontro de todos, especialmente dos mais pobres, dos necessitados, distantes, sem esperar, certamente, se perderem no naufrágio do mundo, mas levar com coragem a luz de Cristo, a luz do Evangelho, mesmo no escuro, onde não se vê e isso pode levar ao tropeço, despojar da aparente tranquilidade que dão as estruturas, certamente necessárias e importantes, mas que não devem nunca ofuscar a única força real que carrega em si: a de Deus, Ele é a nossa força! Despir-se daquilo que não é essencial, porque a referência é Cristo, a Igreja é de Cristo! Muitos passos, especialmente nessa década, têm sido dados. Continuamos nesta estrada que é a de Cristo, a dos Santos.
Pedimos que São Sebastião nos ajude a vencer o mundanismo espiritual. Amém!
Autor:Cláudio dos Santos
O Cônego Cláudio dos Santos é Coordenador Arquidiocesano de Pastoral e Pároco da Catedral Metropolitana de São Sebastião.
Fonte:Arquidiocese do Rio de Janeiro
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