No dia 7 de setembro, data que se comemora a independência política do Brasil, será realizado o 24º Grito dos Excluídos que, este ano, tem como tema “Vida em primeiro lugar!” e lema “Desigualdade gera violência: basta de privilégios!”. O ato, que acontece em todo o país, é construído por comitês religiosos, movimentos populares, sindicatos e organizações civis. Neste ano, o Grito dos Excluídos traz como eixos centrais o foco na vida, a violência e os privilégios. A iniciativa tem como objetivo denunciar a estrutura agressiva e excludente da sociedade que gera violência, o massacre e a perda dos direitos dos trabalhadores e o fim de privilégios para poucos, o que se caracteriza por uma grande violência institucional.
Em Salvador, o Grito dos Excluídos está confirmado! As diversas representações sociais e a sociedade civil mantêm o ponto de encontro em frente ao Teatro Castro Alves, no Campo Grande, de onde sairão, às 8h, e seguirão em caminhada até a Praça Castro Alves, protestando contra as diferentes formas de violação de direitos, violência e pela defesa da vida, fazendo ecoar ainda mais forte o tema do Grito dos Excluídos 2018: “Vida em primeiro lugar!” e lema “Desigualdade gera violência: basta de privilégios!”.
Participam deste momento as diversas pastorais sociais, grupos, entidades e movimentos, como: Pastoral do Menor, Pastoral da Saúde, Pastoral Povo de Rua, Pastoral da Juventude, Pastoral da Sobriedade, Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência – FCD, PNSE, Projeto Força Feminina, Rede Um Grito pela Vida, SINDAE, CEBS, CRB, CAPDEVER, ABACI, Comunidade Kolping – Boca do Rio, Cáritas, Direitos Humanos, ISDGFP, Levante Popular da Juventude, SINDIPETRO, Sindicato das Domésticas, SINDIVIGILANTE, SINDAE, SENGE, JUBILEU BRASIL SUL, Movimento de Proteção dos Animais, Movimentos Sociais e o Coral da Igreja do Rosário dos Pretos.
Preparação
A preparação do Grito, construída democraticamente, acolhe as diversas bandeiras. Movimentos, comunidades e organizações são essenciais para o fortalecimento, e, sobretudo, para se mostrar contra um sistema opressor e que promove tanta desigualdade. A Arquidiocese, através da Ação Social Arquidiocesana (ASA), por intermédio da articulação das pastorais sociais apoiam totalmente a causa, assim como o Papa Francisco, que convoca toda a sociedade a refletir e lutar por mudanças reais dentro do sistema capitalista, destacando que uma economia que só visa lucro acima da pessoa humana e do bem comum não está em sintonia com as exigências éticas do Evangelho. “O dinheiro deve servir e não governar! Não se pode permitir que o dinheiro domine tudo, provocando a destruição do tecido social” ( EG 58).
Para garantir a preparação e formação dos articuladores que estão à frente da organização do Grito, a equipe de articulação da ASA, desde o mês de julho, realizou reuniões semanais com os diversos representantes das pastorais sociais, movimentos, entidades e sindicatos. O objetivo é realizar o estudo dos eixos formativos que interagem com o lema, além da organização e preparação do movimento, que acontece no dia 7 de setembro.
Para o padre José Carlos, coordenador da articulação do Grito dos Excluídos, membro do Conselho Estadual da Pessoa Idosa e pároco da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, o grito se torna um momento ideal para fortalecer ainda mais a luta contra as várias formas de violência, por ser esse espaço aberto e plural no comprometimento das causas das pessoas excluídas que vivenciam todas as perdas e violação de direitos dos últimos tempos. “O cenário caótico que vivemos de tantas perdas e retrocessos nos entristece, mas não podemos perder a esperança. São momentos difíceis, e nós enquanto Igreja gritamos a favor dos pobres, pois queremos antes de tudo respeito e plena realização do ser humano, sem nenhuma forma de escravidão ou diminuição da dignidade humana”, afirma.
Jéssica Soares, articuladora da ASA e integrante da organização do grito, reforça que é preciso convocar a todos, sem exceção, a ida às ruas para gritar pelos direitos que estão sendo retirados. “A desigualdade afeta a todos os excluídos e excluídas, principalmente, as mulheres. É muito importante gritar por nós e por tantas outras que têm os seus gritos silenciados”, diz.
Pré-Grito
O pré- grito são atividades que antecedem ao grito sendo mais um momento de fortalecimento e preparação para a manifestação do 7 de setembro. Na programação acontecem rodas de conversas, cursos, seminários, caminhadas, atos públicos, procissão, etc.
Esse ano, de uma forma muito especial, a Pastoral do Menor Arquidiocesana em parceria com entidades e com os centros comunitários que acompanha no território do Subúrbio de Salvador, realizou no último dia 3 de setembro, o “1° Grito Mirim”. O ato aconteceu em forma de caminhada na Praça da Revolução, em Periperi, com a participação de mais de 200 pessoas, em sua maioria jovens e crianças. Como parte da programação, as crianças e adolescentes produziram cartazes com os seus gritos a favor da garantia da educação, biblioteca, respeito, dignidade, não ao preconceito, abuso sexual infantil, entre outros.
Helga Abreu, educadora social do Projeto Criança Feliz, não esconde a alegria de ter participado do “1º Grito Mirim” e ter acompanhado essa experiência com as crianças e adolescentes. Para ela foi de fundamental importância a oportunidade desses jovens tão cedo mostrarem que são sujeitos de direitos e deveres, diante da atual situação de desigualdade social que vivemos. “É preciso lutar, mostrar o nosso grito em defesa da vida e dos nossos direitos. Tomo como minhas as palavras do mestre Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância “. Esse é sem dúvida o nosso maior anseio”, conclui a educadora.
História do Grito dos Excluídos
A proposta do Grito surgiu no Brasil no ano de 1994 e o 1º Grito dos Excluídos foi realizado em setembro de 1995, com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano, que tinha como lema “Eras tu, Senhor”, e responder aos desafios levantados na 2ª Semana Social Brasileira, cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas”. Em 1999 o Grito rompeu fronteiras e estendeu-se para as Américas.
O Grito e a sua configuração
O Grito dos Excluídos nasceu da necessidade de dar voz ao povo, às minorias e à população historicamente excluída pelo Estado, que opta por uma engrenagem de negociações financeiras que somente obedecem aos interesses dos que já têm: dos ricos, das empresas, dos bancos. Assim, os direitos à saúde, moradia, transporte, trabalho, informação e vida digna ficam comprometidos e aumenta a desigualdade social no país. Sendo assim, o Grito é um processo que não começa e nem termina no dia 7 de setembro. Ele é um espaço de articulação permanente para que movimentos sociais organizados se manifestem e cobrem direitos já assegurados em nossa Constituição Federal.
Os lemas debatidos no Grito
1995 – “A Vida em primeiro lugar”
1996 – “Trabalho e Terra para viver”
1997 – “Queremos justiça e dignidade”
1998 – “Aqui é o meu país”
1999 – “Brasil: um filho teu não foge à luta”
2000 – “Progresso e Vida Pátria sem Dívida$”
2001 – “Por amor a essa Pátria Brasil”
2002 – “Soberania não se negocia”
2003 – “Tirem as mãos… o Brasil é nosso chão”
2004 – “BRASIL: Mudança pra valer, o povo faz acontecer”
2005 – “Brasil em nossas mãos a mudança”
2006 – “Brasil: na força da indignação, sementes de transformação”
2007 – “Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação”
2008 – “Vida em primeiro lugar Direitos e Participação Popular”
2009 – “Vida em primeiro lugar: A força da transformação está na organização popular”
2010 – “Vida em primeiro lugar: “Onde estão nossos Direitos? Vamos às ruas para construir o projeto popular”
2011 – “Pela vida grita a TERRA… Por direitos, todos nós!”
2012 – “Queremos um Estado a Serviço da Nação, que garanta direitos a toda população”
2013 – “Juventude que ousa lutar constrói projeto popular”
2014 – “Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos”
2015 – “Que País é este, que mata gente, que a mídia mente e nos consome”
2016 – “Este Sistema é insuportável: Exclui, degrada, mata!”
2017 – “Por direitos e Democracia, a luta é todo dia”
Texto com informações da Coordenação Nacional do Grito dos Excluídos.
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