A Arquidiocese de Belo Horizonte vivenciou, neste sábado, 5 de junho, Dia Mundial da Ecologia, a 2ª Romaria Arquidiocesana pela Ecologia Integral, no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de Minas Gerais. O primeiro ato do evento foi a celebração da Missa, presidida pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, no alto da Serra, em área onde está sendo construída a Estação da Locomotiva da Piedade.
Dom Walmor ressaltou a importância de se viver a Romaria na Estação da Locomotiva da Piedade, pois, quando inaugurada, será gesto concreto de preservação, ajudando a diminuir o fluxo de veículos que sobem até o alto da montanha. “Realizar aqui na Serra da Piedade esta Romaria demonstra que nós como Igreja não só falamos o que devemos fazer, mas fazemos”, afirmou.
O Arcebispo explicou que é preciso fortalecer o grito profético como Igreja e como sociedade em defesa da Casa Comum e por um novo modo de tratá-la. “Aqui estamos para um grito profético, para um momento de escuta da Palavra de Deus, dos clamores da Casa Comum e dos clamores dos mais pobres, que pagam o preço mais alto deste modo inadequado de se tratar o meio ambiente”, destacou.
Ao criticar a situação atual do Brasil, dom Walmor ressaltou que é preciso nova compreensão para se relacionar com o meio ambiente, com incidência em novas legislações. “Envergonhamo-nos e nos preocupamos quando o Congresso Nacional discute formas de relativizar os licenciamentos ambientais”, afirmou.
Dom Walmor advertiu que se nós não trabalharmos efetiva, politica, legislativa e evangelicamente por uma nova lógica, nós continuaremos a pagar preços altos e vergonhosos. “A pandemia da Covid-19, com tantas famílias enlutadas, com tantos mortos, é um preço altíssimo que estamos pagando”, disse.
Concluindo, o Arcebispo afirmou que a lógica regente dos governantes e dos cidadãos precisa de grandes e profundas reformulações. “Numa sensibilização nova, que nos ajude a fazer um novo caminho. Estamos aqui para comprovar que é possível ter modos alternativos de viver respeitando a Casa Comum, com uma lógica bonita de relacionamento fraterno e de verdade entre nós”, finalizou.
Momento Cultural
Após a Celebração da Eucaristia, os peregrinos participaram de um momento cultural, com reflexões sobre a necessidade de uma profunda mudança de hábitos para preservar o planeta.
Dom Vicente Ferreira
O bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte dom Vicente Ferreira afirmou que o evento é também um momento de memória de todas as vitimas de Brumadinho e de Mariana. “Nós queremos construir um mundo novo. A Igreja quer apontar os caminhos. A proposta é que a gente saia desta Romaria com o compromisso de conhecer os documentos da Igreja que falam sobre preservação e de implantar em cada região da Arquidiocese pequenos gestos e iniciativas que podem se transformar em grandes gestos”, afirmou.
Dom Luiz Fernando Lisboa
O arcebispo da Diocese de Cachoeira de Itapemirim, dom Luiz Fernando Lisboa, partilhou sua experiência como Bispo em Moçambique, país da África. Ele afirmou que o país tem muitas riquezas naturais e está sendo explorado por grandes grupos econômicos. Esses grupos levam todas as riquezas e deixam a população na miséria. Dom Luiz contou que além de sofrer com a devastação ambiental e com a pobreza, o país vive uma guerra terrorista. O Arcebispo relatou que no início do ano foi transferido para a Diocese de Cachoeira de Itapemirim, no Espírito Santo, e tem a percepção de que lá também há uma grande luta em relação à preservação da natureza.
Padre Wagner Calegário de Souza
O reitor do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, padre Wagner Calegário de Souza, afirmou que a Serra da Piedade é responsável por boa parte dos recursos hídricos de todo o estado de Minas Gerais. O padre disse que não é contra o desenvolvimento, mas sim contrário ao desenvolvimento sem a responsabilidade com o futuro. “Que a beleza da natureza da Serra da Piedade possa nos ajudar a olhar para um futuro mais belo e não para o imediato, que pode até nos encantar, mas com certeza será o responsável pela tristeza do futuro”, afirmou.
Professor Miguel Andrade
O Professor Miguel Andrade, coordenador da Associação de Desenvolvimento Regional Integrado (Aderi) lançou, durante o evento, o programa de formação de ecologia integral, que será realizado nas paróquias da Arquidiocese de Belo Horizonte. ”É um compromisso com a educação. É uma força gigante para que juntos possamos transformar o dia a dia das comunidades. O programa tem o compromisso de pensar de forma integrada”, destacou.
Maria Tereza Corujo – Ambientalista
A ambientalista Maria Tereza Corujo disse que o berço de seu ativismo ambiental é a Serra da Piedade. Moradora da cidade de Caeté, ela ressaltou a sua relação de pertencimento à comunidade.
“Não há como a gente defender a Casa Comum se não olharmos para a realidade e os graves retrocessos na legislação. Essa realidade nós temos que mudar e é isso que me move”, destacou.
Dom Walmor
Na conclusão do encontro, arcebispo dom Walmor destacou a singeleza da 2ª Romaria Arquidiocesana pela Ecologia Integral. “Ao mesmo tempo em que nos remete aos limites impostos pela pandemia, também nos dá a oportunidade de entender que a natureza e as pessoas devem ser tratadas com singeleza e simplicidade”, disse.
Dom Walmor reafirmou o compromisso da Igreja: “Dizemos, fazemos e apontamos caminhos, mostrando que é possível um novo tempo”, concluiu.
Fonte e foto:Vatican News
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