O Arcebispo de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom João Justino de Medeiros e outros dois arcebispos metropolitanos brasileiros, dom Dario Campos, da Arquidiocese de Vitória (ES) e dom João Inácio Muller, da Arquidiocese de Campinas (SP) receberam das mãos do papa Francisco, o pálio – derivado do latim pallium, manto de lã – que é um símbolo de união dos pastores com o Pontífice.
Em mensagem à Igreja de Montes Claros, dom João Justino agradeceu a comunidade pela comunhão na fé, na Eucaristia e na caridade-serviço e disse que “estou muito feliz de estar em Roma em razão do serviço que a Igreja me pediu: servir o Povo de Deus da Arquidiocese de Montes Claros. Deus seja louvado”.
A cerimônia ocorreu no Vaticano, no último dia 29 de junho, na Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo. Dom João Justino disse ao Portal da CNBB que concelebrar a Eucaristia com Francisco e receber o pálio das mãos dele foi um marco em sua vocação.
“Revivi o chamado de Deus desde os primeiros tempos de minha vida eclesial. Veio-me o pensamento: poderia eu imaginar que um dia estaria na Basílica de São Pedro, trazendo no coração a Igreja de Montes Claros para a qual fui enviado como pastor em nome do Senhor? Tudo é pura graça de Deus. Tudo por causa de um grande amor”, destaca.
A cerimônia do Rito de Imposição do Pálio está marcada para o dia 3 de agosto, às 9h, na Catedral de Montes Claros e será presidida pelo Núncio Apostólico do Brasil, Giovanni d’Aniello.
O pálio – derivado do latim pallium, manto de lã – é uma vestimenta litúrgica usada na Igreja Católica, consistindo de uma faixa de pano de lã branca que é colocada sobre ombros dos Arcebispos.
Este pano representa a ovelha que o pastor carrega nos ombros, assim como fez Cristo com a ovelha perdida. Desta forma podemos dizer que o palio é o símbolo da missão pastoral do bispo. O pálio é também a prerrogativa dos arcebispos metropolitanos, como símbolo de jurisdição em comunhão com a Santa Sé.
História
Originalmente o pálio era o manto usado pelos filósofos e na arte paleocristã, eram pintados neste “manto” Jesus e os apóstolos. Esta prática foi posteriormente adotada também pela Igreja Cristã, com um uso semelhante ao do omoforion (uma tira de pano), muito mais larga que o pálio, atualmente usada pelos bispos ortodoxos e pelos bispos católicos orientais de rito bizantino.
O pálio era originalmente uma única tira de pano enrolada nos ombros e caída no peito na altura do ombro esquerdo; nos primeiros séculos do cristianismo foi trazido por todos os bispos.
Podemos ver nas iconografias que representam os primeiros bispos e santos, como Santo Ambrósio, Santo Atanásio, São João Crisóstomo, Santo Inácio de Antioquia, São Hilário e outros.
O primeiro caso conhecido de imposição do pálio a um bispo remonta a 513, quando o Papa Simmaco concedeu o pálio a São Cesário, bispo de Arles.
A partir do século IX reduziu-se ao formato atual de “Y”, com as duas extremidades descendo abaixo do pescoço até o meio do peito e nas costas e se tornando a marca registrada dos arcebispos metropolitanos que o obtiveram pelo papa. O Papa João Paulo II, por ocasião da noite de Natal de 1999, abertura do Jubileu de 2000, usava um omoforion com cruzes vermelhas.
Confecção do pálio
Dois cordeiros cuja lã é destinada, no ano anterior, são criados pelos monges trapistas da Abadia de Tre Fontane, em Roma. E desde 1644, são abençoados pelo Abade Geral dos Cônegos Lateranenses em Basílica, na Via Nomentana Complexo Monumental de Santa Inês, fora dos muros, no dia em que se faz memória da Santa, em 21 de janeiro.
Depois são levados ao Papa no Palácio Apostólico. O pálio é tecido e costurado pelas freiras de clausura do convento romano de Santa Cecília em Trastevere. Os pálios são armazenados na Basílica de San Pietro, em Roma, aos pés do altar de confissão (altar central), muito próximo ao túmulo do Apóstolo Pedro.
Como é pálio
O pálio, em sua forma atual, é uma faixa estreita de tecido, com cerca de cinco centímetros de largura, tecida em lã branca, curvada no meio para poder repousar sobre os ombros acima da casula e com duas abas pretas penduradas na frente e atrás, de modo que – visto tanto na frente quanto atrás – a vestimenta lembra a letra “Y”.
É decorado com seis cruzes negras de seda (que lembram as feridas de Cristo), uma em cada cauda e quatro na curvatura, e é cortado na frente e atrás, com três alfinetes de gema aciculada em forma de alfinete. Essas duas últimas características parecem ser uma lembrança dos momentos em que o pálio era um simples lenço duplo dobrado e pregado com um alfinete no ombro esquerdo.
Piero Marini para o Papa Bento XVI restaurou o uso do longo e cruzado pálio no ombro esquerdo usado até o século IX, deixando inalterada a forma do pálio concedido aos arcebispos, com as duas abas penduradas no alto centro do peito e no meio das costas.
Por ocasião da Missa de 29 de junho de 2008 (Solenidade dos Santos Pedro e Paulo), o Papa voltou a usar um pálio em formato de “Y”, similar ao usado comumente pelos metropolitas, mas com forma mais ampla e com a cor vermelha das cruzes: essas diferenças hoje põe em evidencia a diversidade da jurisdição, reservado para o Bispo de Roma, enquanto que em épocas anteriores em períodos remotos, não havia este significado particular, dado que eram comuns a todos os bispos, sem distinção.
O mesmo pálio foi usado pelo Papa Francisco após a cerimônia solene de imposição do pálio das mãos do proto-diácono cardeal Jean-Louis Tauran, durante a Missa de inauguração do seu ministério petrino.
Informações Vatican News, com Portal CNBB
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