Papa: trabalho aos jovens para evitar “fuga de cérebros”

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (01/12), na Sala Clementina, no Vaticano, cento e cinquenta participantes do IV Congresso mundial de pastoral para os estudantes internacionais, promovido pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes.

 “O tema desse congresso é muito interessante: Fala sobre os desafios morais no mundo dos estudantes internacionais, em vista de uma sociedade mais saudável. Este é o objectivo que deve estar sempre presente: Construir uma sociedade mais saudável. É importante que as novas gerações caminhem nesta direcção, se sintam responsáveis pela realidade em que vivem e artífices do futuro. As palavras de São Paulo recordam e inspiram também as novas gerações de hoje, quando ele recomenda ao jovem discípulo Timóteo de ser exemplo aos fiéis nas palavras, na conduta, no amor, na fé e na pureza, sem medo de que alguém o desprezasse por ser jovem.”

Desafios morais

Segundo Francisco, “no nosso tempo os desafios morais a serem enfrentados são muitos e não é sempre fácil lutar pela afirmação da verdade e dos valores, sobretudo quando se é jovem. Mas com a ajuda de Deus e com o desejo sincero de fazer o bem, todo obstáculo pode ser superado. Estou feliz porque, se vocês estão aqui é para mostrar que os desafios não causam medo a vocês, mas vos impulsionam a trabalhar para construir um mundo mais humano. Não parem e nunca percam a coragem, porque o Espírito de Cristo vos guiará, se vocês ouvirem a sua voz”.

Solidariedade

Sobre a concepção moderna do intelectual, o Papa frisou que é necessário propor um modelo mais solidário que promova o bem comum e a paz. “Somente assim, o mundo intelectual se torna capaz de construir uma sociedade saudável. Quem tem o dom de estudar tem também a responsabilidade de servir ao bem da humanidade. O saber é um caminho privilegiado para o desenvolvimento integral da sociedade. Ser estudantes num país diferente do próprio, em outro horizonte cultural, ajuda a aprender novas línguas, novos usos e costumes. Ajuda a olhar o mundo de outra perspectiva e se abrir sem medo ao outro e ao diferente. Isso leva os estudantes e quem os acolhe, a se tornarem mais tolerantes e hospitaleiros. Aumentando as capacidades de relação, aumenta a confiança em si mesmos e nos outros, os horizontes se alargam, a visão do futuro se amplia e nasce o desejo de construir juntos o bem comum.”

Consciência

Segundo o Papa, “escolas e universidades são um âmbito privilegiado para a consolidação de consciências sensíveis em prol de um desenvolvimento mais solidário e para desenvolver um compromisso de evangelização de forma interdisciplinar e inclusiva”.

Francisco exortou os professores e agentes pastorais a infundirem nos jovens o amor pelo Evangelho, o desejo de vivê-lo concretamente e anunciá-lo aos outros. “É importante que o período transcorrido no exterior se torne uma ocasião de crescimento humano e cultural para os estudantes e seja para eles um ponto de partida para voltar ao seu país de origem e dar a sua contribuição qualificada, e um impulso interior para transmitir a alegria da Boa Nova. É necessária uma educação que ensine a pensar criticamente e que ofereça um percurso de amadurecimento nos valores. Deste modo, formam-se jovens sedentos de verdade e não de poder, prontos a defender os valores e a viver a misericórdia e a caridade, pilares fundamentais para uma sociedade mais saudável”.

Fuga de cérebros

“Que o enriquecimento pessoal e cultural ajude os jovens a se inserir mais facilmente no mundo do trabalho, garantindo-lhes um lugar na comunidade. A sociedade é chamada a oferecer às novas gerações oportunidades de trabalho válidas para evitar a fuga de cérebros”, ou seja, que deixem seus países.

“Se a pessoa escolhe livremente se especializar e trabalhar no exterior, isso é algo bom e fecundo; mas é doloroso que os jovens preparados sejam levados a abandonar o próprio país porque faltam possibilidades adequadas de inserção”, disse ainda Francisco.

Globalização

O Papa sublinhou que “o fenómeno dos estudantes internacionais não é algo novo, mas se intensificou por causa da globalização que abateu os confins de espaço e tempo, favorecendo o encontro e a troca de experiência entre as culturas. Também aqui vemos aspectos negativos, com o insurgir de certos fechamentos, mecanismos de defesa diante da diversidade, muros interiores que não permitem olhar o irmão ou a irmã nos olhos e perceber suas necessidades reais. Entre os jovens, e isso é muito triste, pode insinuar-se a ‘globalização da indiferença’ que nos torna ‘incapazes de sentir compaixão diante do grito de dor dos outros’. Acontece que esses efeitos negativos se repercutem sobre as pessoas e comunidades. Ao invés disso, queridos amigos, queremos apostar que a sua maneira de viver a globalização pode produzir êxitos positivos e motivar potencialidades”.

Passando um tempo distante dos vossos países, em famílias e contextos diferentes, vós “podeis desenvolver uma capacidade grande de adaptação, aprendendo a ser custódios dos outros como irmãos e da criação como casa comum. Isso é decisivo para tornar o mundo mais humano. Os percursos de formação podem acompanhar e orientar a vós jovens estudantes nesta direcção, com o frescor da atualidade e audácia do Evangelho, para formar novos evangelizadores prontos a contagiar o mundo com a alegria de Cristo, até os confins da terra”.

Com informações e foto da Rádio Vaticano

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