Papa canoniza beato José Allamano por milagre em missão junto ao povo Yanomami

O fundador dos Institutos dos Missionários da Consolata e das Irmãs Missionárias da Consolata, o Beato José Allamano, foi canonizado junto a outros 14 novos santos neste domingo, 20 de outubro, no Vaticano, no Dia Mundial das Missões, na programação do Sínodo que tem a missão como foco da Segunda Sessão de sua Assembleia Sinodal, e após o reconhecimento de um milagre ocorrido em uma missão que mostra o valor da interculturalidade na proclamação do Evangelho, a Missão Catrimani.

Foram canonizados: o Irmão Manuel Ruiz Lopez e sete companheiros, Francisco, Mooti y Rafael Massabki, José Allamano, Irmã Paradis Marie Leonie e a Irmã Elena Guerra, que, segundo o Santo Padre, “viveram o estilo de Jesus: o serviço”. Na homilia, Francisco se referiu aos 14 novos santos como “discípulos do Evangelho”, destacando que “ao longo da história conturbada da humanidade, foram servos fiéis, homens e mulheres que serviram no martírio e na alegria.

“Necessária atenção aos mais pobres”

O Papa Francisco disse, ao final da celebração Eucarísticaa canonização do Beato José Allamano  “recorda-nos a necessária atenção às populações mais frágeis e vulneráveis”, acrescentando:

“Penso em particular no povo Yanomami, da floresta amazônica brasileira, entre cujos membros ocorreu o milagre ligado à canonização de hoje. Apelo às autoridades políticas e civis para que garantam a proteção destes povos e dos seus direitos fundamentais e contra qualquer forma de exploração da sua dignidade e dos seus territórios”.

Uma missão para cuidar da vida

Nesse lugar, no meio da selva amazônica, perto da fronteira entre o Brasil e a Venezuela, a Consolata chegou em 1965, para realizar uma missão diferente, que tinha como objetivo fundamental cuidar da vida de um dos povos mais numerosos e sofridos da Amazônia brasileira, o povo Yanomami, eternamente ameaçado e hoje morrendo lentamente em consequência dos ultrajes realizados pela mineração ilegal, que polui seus rios e os explora de várias maneiras.

Se alguém defendeu e cuidou dos Yanomami da região de Catrimani, foram os missionários e missionárias da Consolata. Eles o fizeram por meio de um modelo de missão baseado no respeito e no diálogo, que se traduz em ações concretas em defesa da vida, da cultura, do território e da floresta, da Casa Comum. Uma missão fundada no silêncio e no diálogo que gera laços de amizade e alianças na perspectiva do bem viver.

 

Um bem e um privilégio para a Igreja de Roraima

Uma referência não apenas para aqueles que seguem a espiritualidade de Allamano, mas também para a Igreja de Roraima, representada na canonização por seu atual bispo, dom Evaristo Spengler, por um de seus antecessores, dom Roque Paloschi, e por dom Raimundo Vanthuy Neto, bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira, a diocese mais indígena do Brasil, que até o início de 2024 era padre da diocese de Roraima e participou da fase diocesana do processo de canonização. Junto com eles, religiosos e religiosas, leigos e leigas, entre eles indígenas Yanomami, que com a presença dos Missionários e Missionárias da Consolata descobriram a riqueza da espiritualidade fundada pelo novo santo.

A Missão Catrimani “tem sido um caminho extraordinário, um bem e um privilégio para a Igreja de Roraima”, como disse dom Roque Paloschi quando era bispo de Roraima, que também insistia na necessidade de respeitar e compreender as diferenças das culturas indígenas. O Cardeal Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Conselho Indigenista Missionário, e o atual bispo de Roraima, Dom Evaristo Spengler, insistiram nisso na coletiva de imprensa que antecedeu a canonização. Uma atitude de cuidado que é motivo de gratidão para os povos indígenas da Terra Yanomami, como reconheceu um de seus líderes, Julio Ye’kwana, na Sala Stampa do Vaticano.

De fato, o milagre pelo qual José Allamano será canonizado pode ser visto como uma expressão do trabalho realizado pela diocese de Roraima. Em 7 de fevereiro de 1996, o Beato Allamano intercedeu em favor do indígena Yanomami Sorino, que vivia na Missão Catrimani. A cura milagrosa do indígena, em uma época em que a medicina tradicional e a ciência médica só podiam esperar sua morte, depois de ter sido atacado por uma onça, que abriu seu crânio, foi fruto da oração fervorosa das Irmãs Missionárias da Consolata, pedindo a intercessão de seu fundador, o Beato José Allamano, no primeiro dia da novena dedicada a ele.

Com informações padre Luiz Modino e VaticanNews

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