O Papa Francisco recebeu na terça-feira (11/09) os bispos venezuelanos por ocasião da visita ad Limina Apostolorum. Ao ilustrar o encontro em uma entrevista coletiva, o presidente da Conferência Episcopal da Venezuela e bispo de Maracaibo, D. Luis Azuaje Ayala, logo explicou: “O Papa não só nos ouviu, mas também falou sobre o significado e o valor da Igreja na Venezuela. O Papa conhece bem a situação venezuelana e a grande comunhão que temos com as dioceses de fronteira, especialmente a de Cúcuta”.
Os prelados ilustraram ao Pontífice a realidade que vive o povo venezuelano, atualmente mergulhado em uma grande crise social, econômica e política.
“Estamos vivendo – disse o bispo de Maracaibo – uma situação sem precedentes, na qual passamos de uma realidade de construção democrática a uma crise na esfera democrática, onde se quis introduzir um sistema político não correspondente ao da atual Constituição”. Essa falta de constitucionalidade, levou a uma série de problemas”, disse o bispo.
Antes de tudo, quando estes sistemas “tornam-se poderosos, servem a si mesmo e não ao povo”. É algo “que leva a um enfraquecimento do sistema democrático”, que leva o povo venezuelano a uma situação desesperadora.
Hiperinflação, drama dos trabalhadores
O presidente da Conferência Episcopal frisou que os bispos falaram ao Santo Padre sobre vários problemas da Venezuela, e que o Papa já tinha conhecimento através da Secretaria de Estado, como a hiperinflação “que hoje deteriora qualquer margem de lucro para o trabalhador e que tem como consequência o desabastecimento e especulações”.
As pessoas procuram comida no lixo
D. Luis Azuaje Ayala denunciou a fome no país: uma fome às vezes “negada a muitos” e até mesmo “mascarada”, por causa da escassez de produtos alimentares e seu preço totalmente inacessível. “Vimos pessoas procurarem comida no lixo. Isso é piedoso e é contra a dignidade humana”.
Falta de serviços de saúde e remédios: uma calamidade
Uma outra grave carência é relativa ao deterioramento do sistema de saúde e a falta de medicamentos: “Todas as vezes que saímos do país recebemos uma longa lista de remédios para comprar, de parentes, amigos, sacerdotes: uma calamidade”.
O fenômeno das migrações que enfraquecem a família
Outro tema falado com o Papa foi o das migrações, e da trágica realidade que está repercutindo na comunidade internacional: a dos venezuelanos que atravessam os países latinos em busca de uma vida melhor. Nós sempre tivemos a cultura de permanecer juntos, agora, temos que partir”, lamentou o Arcebispo, e isso ameaça a unidade familiar.
A crise atingiu também a Igreja
Dom Azuaje, disse que a Igreja também foi atingida pela crise por causa do fenômeno migratório de sacerdotes ou inteiras comunidade religiosas. Estes tiveram que regressar aos seus países de origem, ou por falta de remédios, ou pela própria escassez ou por não conseguirem a renovação do visto para ficar no país.
Enquanto isso, a Conferência Episcopal da Venezuela tuitou as palavras do Papa aos bispos “Eu sei que vocês estão próximos ao seu povo e peço que não se cansem dessa proximidade… E obrigado pela resistência”.(Vatican News)
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