O Chile que o Papa Francisco encontrará é bem diferente daquele visitado pelo Papa João Paulo II em abril de 1987. Agora o país está vivendo uma democracia mas com uma diminuição no número de católicos.
Às 8h55 min desta segunda-feira, 15 de janeiro, o Papa Francisco partiu rumo ao Chile em mais uma Viagem Apostólica internacional, a 22ª de seu Pontificado e a 6ª à América Latina.
O Papa chegou ao Aeroporto Fiumicino às 8h12min a bordo de um Ford Fiesta do Vaticano escoltado por um carro da segurança e subiu sorridente a escada até o Boeing 777-200 ER da Alitalia, carregando a sua pasta preta. Antes de entrar no avião, saudou as duas hostess e o comandante do voo e após acenou para autoridades civis e religiosas presentes na pista.
A primeira etapa é no Chile, onde além da capital Santiago, visitará Temuco e Iquique. E a realidade que encontrará é bem diferente daquela de 1987, ano da visita do Papa João Paulo II ao país.
Há 30 anos, o Chile vivia sob a ditadura de Pinochet, enquanto agora respira ares de democracia. A Presidente Michelle Bachelet entregará o cargo em março a Sebastián Piñera, vencedor do segundo turno das eleições em 17 de dezembro, e que já havia governado o país de 2010 a 2014.
“O Papa Francisco chegará a um país com pleno estado de direito, que recuperou sua democracia em 1990, e que é muito mais diversificado nos diversos âmbitos, com um crescente número de imigrantes”, havia declarado Bachelet em um comunicado, após a confirmação da visita do Pontífice ao país.
Pertença religiosa
Em 1987, os chilenos eram 12,4 milhões, enquanto agora a população é de 18,3 milhões.
Mas a mudança nestes 30 anos não foi apenas demográfica ou no campo político. Mudou também o perfil da sociedade chilena.
Há três décadas, 70% dos chilenos se declaravam católicos, percentual que caiu para 59%, segundo revelou a Pesquisa do Bicentenário, realizada em 2014.
Diminuiu o número de quem se diz católico e aumentou o número de ateus e evangélicos.
Em 2006, 12% da população se dizia ateia, enquanto em 2014 este percentual subiu para 22%. Já os evangélicos constituíam 14% da população há dez anos, enquanto hoje representam 16% dos chilenos.
As cifras de pertença religiosa variam entre as diferentes pesquisas realizadas, mas todas revelam esta tendência a uma diminuição entre aqueles que se declaram católicos.
“Conflito mapuche”
Nos ataques contra igrejas na madrugada da última sexta-feira, foram deixados panfletos fazendo menção à questão dos mapuches, povo autóctone que vive nas proximidades de Temuco, cidade que será visitada pelo Papa.
O fato de os agressores terem mencionado o “confito mapuche” – como é conhecido – não significa necessariamente que os ataques tenham alguma relação com a causa, mas acena para esta questão que gera tensões e conflitos no sul do país.
De fato, nos últimos anos, a região de Araucanía tem sido foco de ataques violentos contra as pessoas e também contra igrejas. De 2014 a 2016, 15 igrejas – 12 católicas e 3 evangélicas – foram incendiadas, 11 delas somente em 2016. Em 2017, foram sete. Todos os ataques atribuídos ao grupo indígena Weichan Auka Mapu .
Por valorizar as populações indígenas ao redor do planeta e defender a sua proteção, é de se esperar que o Papa Francisco leve alguma esperança de solução para este conflito.
Os serviços de segurança do Chile e do Vaticano levaram em consideração os conflitos existentes na região ao elaborar o esquema de segurança do Pontífice e da população.
Dados da Igreja Católica no Chile
Segundo dados de dezembro de 2015, existem no Chile 27 Circunscrições Eclesiásticas, 960 paróquias, 3.779 Centros Pastorais.
Os bispos são 50, 1.175 os sacerdotes diocesanos, 1.108 os sacerdotes religiosos, 1.138 os diáconos permanentes, 546 os religiosos não sacerdotes, 4.006 as religiosas professas, 472 membros leigos de Institutos Seculares, 1.473 missionários leigos, 43.547 catequistas. Os seminaristas menores são 39, os maiores 568.
Centros de educação de propriedade e/ou dirigidos por eclesiásticos ou religiosos
957 escolas maternas e primárias, atendendo 258.366 estudantes; 597 escolas médias e secundárias, com 392.582 estudantes e 27 escolas superiores e universidades, com 321.105 estudantes.
A Igreja Católica também administra no país 18 hospitais, 39 ambulatórios, 1 leprosário, 318 casas para idosos e pessoas com invalidez; 205 orfanatrófios e jardins de infância; 30 consultórios familiares; 43 centros especiais de educação ou reeducação sociais, além de 447 outras instituições.(Vaticannews)
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