O encontro discorre sobre as questões mais atuais, focalizando em particular os desafios que a pandemia está colocando aos cristãos chamados a serem cada vez mais unidos no testemunho da esperança enraizada em Jesus. “Se vivermos a nossa fé em Cristo e colocarmos no centro os mais vulneráveis, pobres e marginalizados – aponta Justin Welby – então estaremos vivendo a mensagem de esperança”.
“Fratelli tutti”
O Arcebispo de Cantuária se detém sobre a encíclica Fratelli tutti. Um documento que define como “muito intenso”, que coloca “Cristo no centro” e que “propõe uma visão sistemática, ambiciosa e corajosa para um mundo melhor no futuro”. “A sua percepção – continua – não é apenas para a Igreja Católica, mas para toda a humanidade; essa é uma das razões pelas quais é ambiciosa e convincente” e observa que o Papa “enfrenta com amor todos os aspectos da vida humana, do indivíduo à multinacional, da família ao mundo do comércio e da indústria ou ao mundo da política”. Em seguida o Primaz Anglicano fala sobre a contribuição que o movimento ecumênico pode fazer neste tempo marcado por medos e divisões.
Ecumenismo: derrubar barreiras
“Os seres humanos”, afirma, “têm a tendência a construir barreiras e marcar seu território. Isto acontece na Igreja e também no âmbito político”, “o que o movimento ecumênico tem feito e continua a fazer é derrubar lentamente essas fronteiras”. Às vezes, observa, “é dado um passo mais importante, como vimos com a Declaração Conjunta sobre a doutrina da justificação católico-luterana, à qual aderiram também os anglicanos, metodistas e reformados”. De tempos em tempos a fronteira abre-se e se torna permeável”. Em uma recente carta à nação britânica, o Arcebispo Welby escreveu que há três respostas às perguntas que a pandemia nos faz: “Sejam calmos, tenham coragem, sejam compassivos”. Nos períodos de isolamento, observa, “falava-se muito que as igrejas estavam fechadas”. Talvez os edifícios estivessem fechados, e a vida sacramental da Igreja estivesse alterada, mas a Igreja estava sempre aberta. Cristãos de todas as denominações procuraram e ajudaram os outros: seus vizinhos e as pessoas com necessidades”. Diante da pandemia, o Primaz da comunhão anglicana retoma as palavras do Papa Francisco: “Eu também disse que estamos no mesmo barco ou que, mesmo estando em barcos diferentes, estamos no mesmo mar e enfrentando a mesma tempestade”. Para Justin Welby “devemos tentar cuidar de nós mesmos e de nossas comunidades, tirando força e coragem uns dos outros e caminhando juntos”.
A resposta cristã ao egoísmo é o amor”.
Na encíclica, continua o Primaz, “há um capítulo muito intenso que examina a parábola do Bom Samaritano. O Bom Samaritano venceu o nacionalismo e o preconceito com amor incondicional. Nessa relação de amor e cuidado, não tinha um judeu nem um samaritano, mas dois seres humanos, um em necessidade e outro que providenciava essa necessidade. A resposta cristã ao egoísmo é o amor”.
Sudão do Sul
O arcebispo de Cantuária conclui a entrevista com um pensamento sobre sua amizade com o Papa Francisco. “Para ambos”, disse, “a paz e a reconciliação são essenciais. O retiro no qual o Santo Padre e eu participamos com os vários líderes políticos do Sudão do Sul”, na Casa Santa Marta, em abril de 2019, “é até hoje uma das experiências mais intensas da minha vida. Poder ir juntos para o Sudão do Sul continua sendo uma esperança concreta”. “No final de um dos meus encontros com o Papa”, confidencia Justin Welby, “ele me disse para lembrar de três pontos básicos: oração, paz e pobreza'”. “Espero que na continuação de nossa amizade estes ‘três pontos’ possam continuar nos unindo: oração mútua um pelo outro e pelo mundo e compromisso tanto pela paz e a reconciliação quanto com a tentativa de melhorar a vida dos pobres”.
Por:Alessandro Gisotti/Vatican News
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